Choro e vela

Eu já tinha imaginado tudo. Todo o cenário: as velas, as lápides, o chororô. Imaginei até mesmo os cânticos gregorianos e a mortalha deslizando pelo meu rosto inerte, frio e sem vida. Comecei, então, a me perguntar quem estaria no nosso enterro. Molly certamente estaria lá; Harriet... talvez; já a Senhora Hudson, creio que não aguentaria de tristeza e iria para o reino da morte conosco.

Tudo bem. Esse é um pensamento muito mórbido para um otimista como eu. Mas preciso admitir que havia um frio na espinha em considerar a possibilidade de uma morte súbita. Principalmente por estarmos falando de quatro oponentes armados contra dois de nós. Entretanto, no último segundo que nos restava, Sherlock desferiu um chute certeiro no quadril de um dos homens, e eu havia entendido que era minha deixa.

Pow!

Pow pow pow!

Ao longe, Moriarty tentava se levantar, e então notei que eu não era mais o manco da turma. Na verdade, eu até consegui desviar bem das investidas dos outros adversários. O problema era apenas um: eu não fazia a menor ideia do que estávamos fazendo; e temo dizer que Sherlock também não. Pelo menos, até ele ser arremessado de volta ao mar.