A piece of cake

Tiro de misericórdia


O tiro foi a 221 graus e eu fui capaz de enxergar toda a sua trajetória: do meu revólver até a proa, dando a volta em Moriarty, rebatendo num vaso de alabastro (que não sei que diabos fazia ali), e então voltando para nosso arqui-inimigo, numa mira certeira embaixo de seu pescoço; na área descoberta.

Um sorriso me escapou dos lábios, embora eu me condenasse por tal ato. Mas foi inevitável. Principalmente levando em consideração a improbabilidade de que eu saísse vitorioso num combate daqueles.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Moriarty tropeçou para trás diante do susto e do reflexo inevitavelmente decorrente do tiro. Então ele bateu na estrutura do navio e caiu no chão. O rosto de Sherlock virou-se, olhando da bala à Moriarty e então de Moriarty para mim. E talvez tenha sido só alucinação; um delírio pós-adrenalina. Mas ainda sou capaz de jurar ter visto Sherlock compartilhar o sorriso comigo. Curto, é claro. O suficiente para eu me anunciar e Moriarty conseguir se sentar com dificuldade.

— O jogo acabou, marujo — Sherlock pegou o próprio revólver, ameaçando um segundo tiro — E pelo visto, suas previsões erraram o dono do velório.

— Ah, Sherlock...

Então, Moriarty soltou uma gargalhada alucinada.

— Obrigado por fazer hora comigo!