Nós

Rebotalhos


Impensável...

Impossível...

Inimaginável.

Essa era a única forma de descrever o monstro. Como se ele fosse feito de rebotalhos das coisas vis do mundo, anátema de nossos medos, com o objetivo de excruciar nossa existência.

Fechei a porta, minha forma de sarpar o que aconteceu ao conspícuo e sisudo Dois. Virei, e o local parecia sem fim, coberto pela escuridão consentânea a nossa prisão.

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Procurei meus companheiros: os irmãos estavam no canto, em estado de catáfora; Quatro — com sua idiossincrasia —, no chão, rosto enfiado nas mãos, tão abatido, que não cheguei a perguntar como nos encontrou. Já Um observava ao redor, enleada pelo ambiente.

Senti-me desquietar quando ela começou a vagar, sumindo nas sombras. Angustiada, tomei a sêmita atrás dela, mas acabei perdendo-a de vista.

Parei e funguei, o porão tinha um cheiro puxativo que incomodava. Aliado a isso, parecia que um sucateiro tinha decorado o lugar com estranhezas: um jeque, um besante, espelhos, um livro, que peguei.

Era de poemas, uma sextilha rabiscada na contracapa, dedicada a uma mulher: Greda.

Recordei a sala em que acordamos, com as paredes cobertas de nomes femininos; de ler serendipidade junto a porta e não gostar. Ao pensar nisso, acabei tendo uma ilação, quando lembrei-me do rosto do monstro e percebi que tinha o olhar plúmbeo.