Para outro dia

— Um segundo, querida — pediu a mãe, apanhando o celular.

Sakura se sentou no banco em frente à floricultura e colocou as sacolas de compra no chão. Todo o peso daquele dia puxativo pareceu assentar-se sobre seus ombros, e ela desejou que voltassem logo para casa – embora a casa nova ainda não fosse bem sua casa. A primeira coisa a fazer seria se livrar dos sapatos e, depois, na quietude de seu quarto, despencar o corpo sobre a cama.

— Nós acabamos de comprar o uniforme dela. — A mãe sorriu empolgada. — Foi caro, mas é muito bonito.

A porta da floricultura abriu e uma moça saiu abraçada com um belo vaso de begônias. Curiosa, Sakura virou-se no banco para espiar a loja pela vitrine. Havia uma vastidão de flores e plantas lá dentro, e a fragrância que escapava pela porta ainda aberta era tentadora.

Num canto, uma garota de longos cabelos louros regava vasos de tulipa. Usava um avental rosa-chá e tinha um sorriso suave nos lábios. Sakura teve ganas de entrar e comprar alguma coisa apenas para ter a chance de falar com ela.

— Vamos? — chamou a mãe, apanhando uma das sacolas.

A visita à floricultura ficaria para outro dia.