Ela, com a no final

"Unha e carne"


— Você... – sua irmã quebra o silêncio – Você parece diferente.

Lavínia olha incrédula para ela. Sim, ela “parece diferente”.

Não apenas por causa do cabelo grande ou da silhueta feminina, tão diferente da última vez que ambas se viram, quando ninguém via Lavínia como algo além de um “menino de saia”.

Mais que isso, por causa da sua nova postura.

Braços cruzados e testa franzida.

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Para ela, é como se aquela antiga Lavínia tivesse queimado em uma mortalha até renascer nesta nova Lavínia. Uma Lavínia mais forte, ela quer acreditar.

— Você não deveria estar aqui – Lavínia responde.

Sua irmã não responde.

— Você deveria ir embora – insiste.

— Eu quero conversar.

— Eu não quero.

— Tudo o que a mamãe fez...

— Tudo o que vocês duas fizeram – ela corrige.

— Sim... Tudo o que nós duas fizemos, eu não queria que tivesse sido daquele jeito.

— Não dá para mudar isso, dá?

Afetada, sua irmã demora a responder. Lavínia aperta os dedos com mais força na própria pele. Sentir pena da irmã nesse instante é quase como um crime contra si mesma. E ela não quer cometê-lo.

— Nós... Nós duas éramos como unha e carne, Lavínia... Você não sente falta disso?

Ela aprendeu a não sentir.