Kelly está agitada. Agitada e nervosa.

— Eu vou conseguir, eu vou conseguir, eu vou conseguir – ela repete incansavelmente.

Lavínia assente.

— E ninguém mais vai poder dizer que a gente não é nada – ela continua dizendo – Eles vão me ver ali, com o meu diploma, e não vão poder dizer isso!

— Não vão, Kelly.

— E eu vou dar aula pros filhos deles. E eles vão ver que eu sou muito, muito boa nisso. E vão lembrar de mim não como “a professora travesti”, mas como “a professora que educou os meus filhos”, está bem?

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Lavínia assente novamente. Não precisa dizer muita coisa.

— Porque nós não somos só rebotalhos, Lavínia – ela continua – E eu vou provar isso. Que a gente não está aqui só querendo as migalhas e as sobras que eles não querem. Que a gente não quer mais se esconder. Que a gente vai fazer o que a gente quiser, sim. E ninguém vai poder me dizer o contrário.

Lavínia sorri.

— Os seus alunos vão te adorar, Kelly.

Kelly meio que devolve o sorriso.

— Vão, não vão?

Poucos minutos depois, Kelly começa a dar a sua primeira aula.

Ela sempre diz que aquele foi o melhor dia da sua vida.