Ela, com a no final

"O ar desconcertado em seu rosto"


Lavínia não devia ter dito nada.

Deveria ter deixado que Rael continuasse falando. Sobre super-heróis ou fosse lá o que fosse, mesmo aquelas coisas que ela não entende muito bem. Era melhor aquele meio sorriso que o ar desconcertado em seu rosto, afinal.

Não, não apenas desconcertado, Lavínia sabe.

A mandíbula, os ombros, os dedos inquietos.

Ele não sabe como reagir a isso.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

“E alguém sabe?”, ela se pergunta.

Sua mãe virou contra ela. Sua irmã a olhou como se ela fosse uma aberração. Mesmo Maíra, que a conhecia desde pequena e se ofereceu para dividir um apartamento, demorou um tempo para entender que Lavínia não estava apenas “se fantasiando”.

Talvez devesse falar sobre como a amiga dele tinha recitado bem o poema. Talvez devesse sugerir procurarem um puxativo. Talvez devesse se esconder no banheiro e não sair de lá nunca mais.

Porém nada disso o faria esquecer do que ela disse, faria?

— Isso... Isso não deveria importar, não é? – Rael diz, enfim.

— Eu...

— Olha... Hum... Lavínia...

— Rael...

Por que ela falou aquilo?

Ela sente que estragou tudo.

— Eu não quero que importe, Lavínia.

Ele se esforça para mostra um sorriso.

Mas Lavínia percebe que seus ombros continuam tensos.