Havia dormido tarde novamente, tinha baixado o livro Orgulho e Preconceito no meu notebook e ficado até altas horas lendo ele. Havia me esquecido de como era bom ler algo que não fosse às postagens do Facebook ou do tumblr.

Depois do meu café respirei o ar frio da manhã e segui meu caminho até a estação, o ar frio fazia doer meus ouvidos e a pequena cicatriz quase invisível que havia perto do meu olho esquerdo, a qual eu cobria com maquiagem.

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Dessa vez meu assento estava ocupado por uma senhora que carregava uma criança de colo, fiquei ali apoiada em um dos ferros de sustentação e vasculhei com os olhos todo o vagão, mas ele não estava em lugar algum. Será que havia acontecido algo a ele?

Quando o trem começou a andar um senhor me empurrou ao perder o equilíbrio e se não fosse por uma mão forte que me segurou e me ajudou a ficar de pé novamente eu teria caio sobre a senhora e a criança.

— Você está bem? – perguntou uma voz masculina atrás de mim, eu nunca tinha ouvido tal voz antes, mas ela me inspirava uma tranquilidade assustadora. Era uma forte sensação de reconhecimento.

— Sim, obrigado. – falei me virando a tempo de ficar cara a cara com ele, senti como se meus joelhos fossem ceder novamente e pela primeira vez notei que seus olhos eram verdes e me senti presa a eles de uma forma que nunca me senti por ninguém... Era como se eu já tivesse visto aqueles olhos me encararem com tal preocupação muitas vezes.

— Disponha. – disse com um sorriso enquanto se afastava um pouco de mim.

Desviei o olhar e comecei a rezar em silêncio para que meu ponto chegasse logo, pois eu sabia que estava corando e isso era constrangedor.

Ele não falou mais nada, mas eu podia sentir seus olhos me observando durante toda a viagem...

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Como prometido levei novamente minha irmã até a biblioteca, hoje o lugar parecia bem mais cheio que no dia anterior.

— Vou dar uma volta por ai. – falei me levantando depois de meia hora de tédio enquanto os observava.

— Depois te achamos. – disse Sabrina distraída com um de seus amigos, Carla eu acho que esse era o nome da menina. Ta bom minha irmã levava as amigas em casa, mas eu não era obrigada a lembrar o nome de todas.

Andei por alguns corredores e olhei as mesas que havia por perto, mas ele não estava em parte alguma, então aquilo afinal havia sido uma coincidência?

Depois que desisti da procura entrei em outro corredor e achei um livro bem interessante “Querido John”, foi um dos livros que mais gostei na minha adolescência e ai estava ele em minha mão novamente, folheei o exemplar batido e abri em uma das partes que mais gostava.

“E antes que tudo ficasse escuro, quer saber a última coisa em que pensei? Em você!” - disse em voz alta.

Senti certa nostalgia, uma saudade da época em que os livros faziam parte da minha vida.

— “Havia algo ali, real e reconhecível e eu não conseguia desviar o olhar.” – disse uma voz atrás de mim, a qual fez meu coração acelerar, agora eu sabia a quem pertencia tal voz – Querido John?

Virei-me, era ele com aqueles olhos verdes me fitando, parado na minha frente com aquele sorriso estampado no rosto.

- Sim é Querido John. – falei tentando disfarçar a minha surpresa em encontra-lo novamente e rezando em silencio para que minha face não estivesse tão corada quanto imaginava que estaria.

- É um bom livro. – falou.

Ficamos ambos em silêncio nos olhando por alguns segundos, ele passou a mão pelo cabelo desconfortavelmente e eu apertei o livro contra o meu peito, ficar ali parada sem dizer nada era estranho e vergonhoso.

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— Bom eu acho que vou indo ali ler meu livro. – falou mostrando um livro meio gasto de capa amarela e letras pretas, mas não consegui ler o titulo porque ele o guardou de baixo do braço – Ah... E eu sou Gabriel. – terminou estendendo a mão para mim.

Encarei sua mão por alguns segundos, incrédula que tal coisa estivesse realmente acontecendo comigo. Tudo parecia tão... Tão irreal.

— Eu sou Sthefany. – falei apertando sua mão em reposta.

— Foi bom falar com você Sthefany. – disse com um sorriso simpático – Nos vemos outra hora.

— Sim, claro. – respondi ouvindo a batidas do meu próprio coração.

Fiquei observando enquanto ele deixava o corredor em direção às mesas de leitura, assim que o vi desaparecer da vista me encostei-me à prateleira.

Ai estava umas das coisas mais estranhas da vida, eu nunca vi nada ter tal efeito sobre mim como as poucas palavras dele tiveram... Não conseguia entender o motivo por trás de tal sentimento...

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.