Os Segredos da Rua Baker 3

Nas Garras do Diabo


Na casa do Sigerson, Irene jogou a mochila no chão e sentou-se no sofá com as pernas na mesa de centro. Ela pediu um uísque para o mordomo que trouxe prontamente.

—Pode deixar a garrafa e voltar para os seus afazeres. – Ela lhe mostrou um falso sorriso.

O homem se arrastou pra longe daquele recinto.

Sigerson conversava com uma aliada sua. Ela cuidava da maioria dos seus negócios e sempre tinha de entregar-lhe relatórios pelo menos uma vez por semana. O mordomo já havia avisado sobre a chegada da Irene, com isso ele se apressou em terminar essa pequena reunião de negócios.

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—Não precisava trazer suas roupas. Eu prefiro que não se vista como uma mendiga. – Irene finge estar ofendida levando, teatralmente, a mão ao coração, depois sorri tomando outro gole do uísque. – Planejo que seja minha substituta... Minha herdeira. Então, deve aprender sobre meus negócios e se vestir apropriadamente.

—Posso até fazer isso, mas quando estiver no meu lazer, eu irei me vestir como achar melhor. Essa é a razão de ter trazido minhas roupas.

—Infelizmente minha assistente não pôde vir conhecê-la.

—Isso é uma pena. Fico no mesmo quarto de antes? O seu cãozinho preferiu que eu falasse com você primeiro.

—Sim, é o mesmo.

Ela levantou já pegando a mochila.

—Ah, Sigerson, não me venha com chantagens bobas ou isso estará acabado.

—Do que está falando?

—De mandar a Alicia com a mãe na minha casa. – Ele a encara sem parecer saber a respeito. – Oh pelo amor de Deus! Aqui está o bilhete. -Irene para assim que o abre. – Esqueça.

Sigerson a observou subir as escadas com uma expressão estranha rosto.

Passaram o resto do dia com o Sigerson colocando a sobrinha a par de toda a sua situação financeira. Empresas, associações, aparentes negócios de caridades em outros países, sociedades secretas além da Cúpula dos Nobres, apesar desta ser a mais importante, e é claro a parte ligada ao governo britânico.

Ele teve a agradável surpresa de assistir sua sobrinha favorita; sobrinha pela qual sempre foi obcecado, conseguir aprender tudo de forma quase extraordinária.

No fim do dia, ele queria mais uma reunião, mas ela declinou da oferta. Obviamente, Sigerson não ficou nada feliz.

—Eu me vesti, me expressei e agi da forma como você queria. Agora tenho um compromisso pessoal.

—Só sairá dessa casa com minha permissão, Irene.

—Mesmo? Observe. -Sigerson a segurou pelo pulso e tentou, mais uma vez, a atingir com a bengala. Porém, Irene segurou o objeto e puxou o tio pra perto dela. – Confronto físico não é sua especialidade, Sigerson. Só porque me atingiu quando eu estava vulnerável não significa que irá funcionar sempre.

Ela lhe deu uma cabeçada que o faz dá alguns passos para trás. Sigerson gritou para a pararem. Na hora que dois brutamontes apareceram, Irene sacou uma arma e atirou na perna de cada um. Ela passou pelos homens caídos e olhou para o mordomo perguntando se ele faria algo a respeito, o pobre senhor apenas sacudiu a cabeça negativamente. Já na porta, Irene se voltou para o tio.

—Até mais, Sigerson, não me espere acordado. – Ela deu uma piscadela na direção do tio pouco antes de sair.

John entrou em um pub não muito distante da casa do Mycroft. Logo viu Irene encostada no balcão a sua espera. Eles pediram cervejas e doses de uísque. Enquanto esperavam, o inspetor perguntou sobre o motivo de estarem naquele lugar, já que havia muitos outros pubs perto da 221B.

—Esse lugar é especial pra mim. Só quem sabe a respeito é o Mycorft. Lembra-se de quando falei sobre ter começado a andar por bares aos treze anos? – Ele balançou a cabeça em afirmação. – Bom, quero lhe apresentar o Sr. Levils.

—Irene Holmes! – Disse um senhor robusto, com cabelos já branco, e bastante sorridente. – Quanto tempo minha garota. Sempre busco por você nos jornais.

—Algo de bom? – Irene falou sorrindo. John se surpreendeu com a simpatia dela.

—Nem sempre. Você me deixou preocupado algumas vezes.

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—Não quebro fácil, Sr. Levils.

—Eu sei disso, filha, mas não pode se arriscar tanto. Ele está com você?

—Esse é o inspetor Smith. Ele trabalha comigo. Estivemos juntos em muitas empreitadas.

—Oh, Irene nunca trouxe ninguém aqui. Melhor tomar conta direitinho dela.

—Comporte-se Levils.

—Ninguém? Nem o Bernard ou sua irmã?

—Tirando aquele tio chato dela, não conheci ninguém ligado a essa garota. Aparecia por aqui me perturbando. Sempre sozinha. Já me tirou de boas enrascadas, mas me colocou em muitas outras.

—Eu adoraria conversar mais, porém quero beber. Até mais, Sr. Levils. Aliás, boa escolha. – Ela aponta para o rapaz servindo bebidas.

—Não pense besteiras, Holmes!

—Nunca faço isso, Levils. Só aponto os fatos.

John a acompanhou em direção a uma mesa com a placa de reservado em um canto do bar. Ele ficava imaginando se a Irene era mais feliz antigamente. Ela sempre fica diferente quando encontra algum amigo do passado. É certo que quando a conheceu, ela tinha outro tipo de brilho. Certa solidão e amargura. Vivia para solucionar os casos, como se fossem a única parte boa em sua vida. Agora, Irene parecia maior, mais segura. Apesar de ainda manter seu ar arrogante de sempre, ela também parece mais relaxada no jogo. Como se cada passo fosse pensado com enorme antecedência e nada disso foi um verdadeiro desafio. Só uma distração.

—O que você tinha contra o Sr. Levils?

—Bem, ele é gay. Não queria que o pai descobrisse e depois não queria que a esposa descobrisse. O pai já morreu, a esposa se tornou ex, ele está namorando o cara cuidando do bar e eu já tenho idade o suficiente para beber. Todos ganharam.

—Desculpe interromper os pombinhos. Aqui está um presente. Uma garrafa do nosso melhor uísque. Obrigado por ter me ajudado com os meus filhos.

—Eu sempre estarei aqui quando precisar. Obrigada pelo uísque.

—Querem uma vela para ser mais romântico?

—Não é necessário... Eu detesto velas. Apenas caia fora.

O Sr. Levils ainda agarrou Irene pelo pescoço lhe dando um beijo na testa, John quase gargalhou da cara que ela fez. Após a saída do Sr. Levils, John perguntou o motivo do agradecimento. Irene lhe contou das desconfianças dos filhos dele em respeito ao caráter do novo namorado, mas o cara é um bom sujeito. Irene provou isso em dois segundo e todos ficaram bem. A verdade é que ela tinha feito a pesquisa na mesma semana em que esse sujeito entrou na vida de seu velho amigo.

—Você pode guardar o seu dinheiro, inspetor. A bebida é por minha conta. – Ela disse abrindo a garrafa. De repente, Irene se mostrou séria. – Comece a beber, preciso ir ao banheiro.

—Você está bem?

—É claro!

Ela havia mal entrado no banheiro quando a moça do parque apareceu na frente do inspetor.

—Com licença. – Ela parecia sem graça.

—Oh, hey! Zoe. – Ele levantou com pressa. – O que faz aqui?

—Eu ia passando e vi você. Com aquela mesma mulher... Um... Vocês são namorados? É por isso que não me ligou?

—Ah! Não somos namorados. Colegas de trabalho. Eu ia ligar, mas... Eu saí de um noivado faz pouco tempo, talvez não seja a hora certa.

—Oh! Eu entendo. Desculpa. Normalmente não sou assim, mas te achei tão... Bom, preciso ir buscar minha sobrinha na casa de uma amiga, mas depois... Um... Tem essa lanchonete que adoro, não gostaria de ir comigo?

—Hoje? – Ele olha em direção ao banheiro, depois retorna seus olhos aos dela.

—Sim... Se isso não for um encontro ou não forem prolongar de alguma...

—Não... Quero dizer. Será um prazer. Eu te ligo quando sair daqui.

—OK. Ótimo. Até mais.

John sentou-se com um sorriso bobo nos lábios, enquanto Zoe saiu do bar. Ela pegou o celular e quase o derrubou quando quase esbarrou em uma mulher parada na sua frente.

—Quem é você? E o que quer com ele?

—Desculpa... Você? Oh, você estava com o John no bar. Se for seu namorado, eu não sabia...

—Corta o papo furado. Eu vi você nos observando. Exatamente como fez no parque. Não vou repetir. – Irene a encostou na parede. – Responda rápido ou não sairá daqui andando com suas próprias pernas.

—Você está me assustando. Se continuar eu vou gritar. – Ela ia pegando um spray de pimenta, mas Irene o arrancou de sua mão e jogou fora. –E-eu... Eu só gosto dele. Foi coincidência hoje. Estou indo buscar minha sobrinha na casa de uma amiga e o vi. Não resisti. Ele é muito bonito, parece um bom homem e com um sorriso tão lindo...

Irene soltou a moça, arrumou seu casaco e após um sorriso cínico, lhe pediu desculpas abrindo caminho para passar.

—Coincidência? “Raramente o universo é tão preguiçoso”. – Irene falou para si mesma antes de chamar um garotinho de rua. – Zac, pegue esse dinheiro para sua janta.

—Obrigado, Srta. Holmes.

Ela apontou com a cabeça em direção a mulher que andava a passos largos, então o garoto saiu correndo todo animado. Em seguida, ela decidiu voltar para dentro do bar.

Horas depois, Irene adentrou a casa do Sigerson, ele estava sentado na sala e pediu para lhe fazer companhia.

—Como está o nariz?

—Você o quebrou.

—Desculpe. Apenas não gosto de me sentir presa.

—Vamos fazer uma trégua. Venha até aqui. Sou um velho de nariz quebrado, pois isso, eu estou muito cansado. – Irene se aproximou. – Que tal um abraço?

—Que tal um aperto de mão? -Irene estendeu a mão para o tio e logo sentiu uma picada em sua perna. Ela tirou rapidamente a seringa que havia ficado presa. -Que merda é essa?

Irene sacou a arma, mas Sigerson a desarmou com facilidade. Ela começou a se sentir tonta, sua visão ficava cada vez mais turva, seu coração batia com cada vez mais força. Sigerson a acertou no rosto com o revolver, Irene caiu batendo a cabeça na mesinha de centro, desmaiando em seguida.

Ele chegou perto e segurou a cabeça da sobrinha pelo cabelo.

—Quando irá aprender Irene? Você pertence a mim. Deixe de ser teimosa. Pare de lutar contra. Você é minha!

—Não, ela não é!