A ilha - Livro 2

Capítulo 24 - Uma viagem à negócios


PIETRA

Assim que saí de lá liguei para o Fabrício para convida-lo para a viagem, demorei quase o caminho todo de casa pra convence-lo. Isso era quase 15 minutos. Quando finalmente eu o convenci, só faltava Greta, o que não foi nada difícil já que ela amava praia, sol e férias. Assim que cheguei na esquina da minha rua, vi Felipe parado no meu portão com as mãos no bolso da bermuda empurrando o skate para frente e para trás com o pé.

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—Oi! - me aproximei sorrindo

—Oi - ele não estava sorrindo

—Está tudo bem? - me preocupei com a expressão dele

—Sim...na verdade não. Pietra, a gente nunca conversou sobre determinadas coisas porque achei que não seria necessário mas agora acho que preciso muito dessa conversa.

—Que...conversa?

—Bom.. o que você e Ivo tiveram lá na ilha?

Eu fiquei alguns segundos calada olhando para ele surpresa.

—Nada. Nós não tivemos nada.

—Você sabe que não precisa me esconder. Todo mundo notou que tinha algo, mas vocês negavam sempre então...sei lá. Eu sempre soube que ele gostava de você desde criancinha, mas nunca achei que fosse recíproco, quando notei vocês juntos na ilha não tive coragem de tentar nada..

—Nós não estávamos juntos...apenas ficamos amigos.

—Você sentiu algo por ele lá?

Eu estava com as mãos entrelaçadas mexendo os dedos nervosamente e olhando para o chão. Levantei a cabeça e balancei-a afirmativamente.

—Sim...mas nada aconteceu. Juro.

—Você não me deve satisfações - ele parou de mover o skate - não estávamos juntos na época. - ficamos em silencio alguns segundos e ele continuou - Eu só tentei algo porque ele havia ido embora, achei que fosse a minha chance. Mas ele voltou... - ele parecia esperar por algum comentário meu, mas me mantive calada - Você não parece surpresa com isso...

—Eu...soube.

—Aonde você estava a tarde toda?

—Eu...na casa dele - fui sincera

Ele respirou fundo, claramente decepcionado.

—Eu gosto de você, Fe. - falei chorosa, não queria magoa-lo

—Eu sei que gosta...eu sei - ele parecia triste mas com algum sentimento à mais - Mas não da mesma forma que gosta dele.

—Eu..

—Não Pietra - ele se aproximou deixando o skate de lado e fiando cara a cara comigo - Não preciso da sua pena. De verdade. Vá nessa viagem - então ele já havia recebido a ligação - Divirta-se e descubra o que realmente sente por mim, por ele ou por qualquer outra pessoa. Você vai ver que não gosta de mim da mesma forma que gosta dele. Eu sempre soube disso mas achei que conseguiria mudar isso..achei que faria você se apaixonar por mim...

Fiquei cabisbaixa me sentindo um lixo de pessoa. Eu sabia que não era apaixonada pelo Felipe mas eu não queria que as coisas ficassem assim.

—Eu preciso ir, ta bom? - ele beijou a minha testa e pegou o skate do chão - Eu vou ficar bem - sorriu pra mim - Acontece com todo mundo.

Senti que ia chorar assim que entrei no meu quarto mas dei de cara com Pérola me encarando. Eu até havia me esquecido da presença dela depois disso.

—Oi - sorri para ela

—Você está bem? - ela parecia preocupada comigo

—Amanha vamos viajar para a praia

—Tem algum plano além de viajar pra praia?

—Bom...vou com você procurar informações no mar, mas...nao sei ao certo.

—Já é muita coisa - ela me abraçou - obrigada, de coração.

IVO

Achei estranho o Felipe recusar uma viagem que a Pietra iria mas achei melhor para mim que teria mais tempo com ela só pra mim. Não que fosse acontecer algo entre a gente já que ela tinha aceitado namorar o idiota. Ajeitei a minha mala o mais depressa possível para me livrar logo daquilo e deitei olhando para o teto por longos minutos.

Lembrei do sentimento de ciúmes que percorreu meu corpo inteiro quando Pietra me falou que estava namorando. Eu não esperava por aquilo. Contive minha vontade de perguntar quem era e de xingar quem quer que fosse a pessoa. Depois ouvi ela mencionando o Felipe e pela conversa que ouvi, era ele. Ela não negar só me confirmou isso.

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Mas por outro lado, eu fiquei extremamente feliz ao vê-la me esperando chegar de viagem e muito satisfeito ao ver o constrangimento dela quando eu falava de nossos sentimentos. Se ela não sentisse o mesmo que eu, ela teria ficado no mínimo com raiva, mas jamais com vergonha. Eu à conhecia o suficiente para saber disso. Eu amava aquela garota. Foi meu primeiro amor e havia começado bem antes de eu sequer saber o que era amor. Começou quando eu tinha apenas oito anos.

Adormeci e sonhei com aquele fatídico dia.

Eu andava pelo corredor da escola contando meus passos e tentando não pisar nas linhas dos azulejos coloridos. Era primeiro dia de aula daquele ano e eu via o Quirino na porta da sala acenando para mim como se eu não soubesse qual era a nossa sala. Entrei e sentei na cadeira de sempre ao lado dele. O meu sonho era mudo, mas eu em lembrava bem das falas da professora naquele dia. Ela havia anunciado uma nova aluna que vinha de uma outra cidade, seu nome era engraçado para crianças de sete e oito anos de idade então todos caíram na risada ao ouvir o nome "Pietra". Eu ria ainda olhando para os meus pés observando os cadarços desamarrados de meu tênis quando ela se pronunciou falando algo como "meu nome significa força, eu sou forte e vou bater em vocês se rirem de mim". Alguns alunos riam e outros se assustaram, a professora reclamou com ela que aquilo não era coisa de uma mocinha fazer e foi quando eu olhei para ela pela primeira vez para saber quem era a garota que havia me causado tanta curiosidade.

Meu coração se agitou assim que vi a menina de olhos coloridos e cabelo cor de fogo. Ela sentou na cadeira da minha frente junto com o Heitor e aquilo me causou, o que eu não sabia o que era na época, ciúmes. Eu queria sentar ao lado dela mas a cadeira que sentávamos no primeiro dia era a que ficávamos o resto do ano. Escutei eles dois conversando. Heitor perguntou o porque de ela ter os olhos de cores diferentes e ela respondeu que é porque ela era uma bruxa e ia enfeitiça-lo se ele contasse isso para alguém.

Lembro-me que eu seguia ela para todos os lado e fazia Quirino seguir também. Eu queria vê-la, mas para ele eu dizia que estávamos brincando de espiões investigando a vida da garota novata. Um dia ela estava sozinha escondida dentro de um brinquedo em forma de casinha que só as crianças menores usavam. Eu entrei e ela estava chorando com a cabeça entre as pernas. Acho que ela não se lembra disso mas ela me contou que estava triste porque tinha vindo morar longe da praia e de seus amigos e eu prometi pra ela que eu ia leva-la na praia. Achei que seríamos muito amigos depois disso, mas quando terminou o dia e estávamos todos esperando sermos buscados na escola, eu disse pra ela que ela era linda e ela me deu um soco na cara.