A Vingança de Arthur

Capítulo: Dois


Arthur bateu três vezes na porta do quarto 1304 e disse em voz alta:

— Serviço de quarto!

— Deixe aí fora! – gritou uma voz de dentro do quarto.

Arthur olhou para os lados. Corredor vazio. Voltou a falar através da porta:

— O senhor tem que assinar!

Ouviu-se um resmungo vindo de dentro. Logo alguém destrancava a porta. Antes que ela fosse aberta totalmente Arthur jogou-se violentamente para dentro do quarto, derrubando o homem do outro lado no chão. Rapidamente fechou a porta atrás de si e apontou sua arma.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Quietos!

O homem que caiu era um senhor já de certa idade. Trajava um roupão do hotel e parecia completamente atônito. Na cama de casal estava uma mulher nua que, apavorada, cobriu-se com as cobertas.

Arthur tomou as chaves do homem e trancou a porta do quarto.

— Você! – esbravejou Arthur apontando para o senhor – Senta na cama!

— Mas o que está acontecendo? Pelo amor de Deus!

— Para cama ou eu arrebento sua cabeça!

Aterrorizado pelas ameaças convincentes do transtornado Arthur, o homem obedeceu. Seguiu-se um breve silêncio.

Arthur respirou fundo. Coçava nervosamente as têmporas. Não podia se distrair, os fatos começavam a fugir-lhe da mente. Precisava se concentrar.

— Concentra... Concentra... – repetia para si mesmo como um mantra – Este é Antônio Carlos Cavalcante. Mandou matar minha mulher. Estou aqui para vingá-la... isso... vingar a morte da minha esposa.

— Por Deus... Do que está falando? Não mandei matar ninguém! – defendia-se Cavalcante em desespero.

— Eu não fiz nada... não fiz nada... – chorava a moça.

— Quietos os dois!

Feito o silêncio Arthur buscou afoito um bloco de notas no bolso de seu paletó. Leu mentalmente algumas informações. Depois tirou um envelope. Sem saber o que continha, abriu-o. Tirou dele uma foto chocante. O corpo de sua mulher ensangüentado estirado na cama. Na foto estava escrito à caneta: "Carlos Cavalcante fez isso."

Arthur abaixou a cabeça em um choro nervoso e contido enquanto apertava a foto contra o peito.

— Mas o que está havendo rapaz? – perguntou Cavalcante assustado.

— Filho da puta... – disse Arthur por entre os dentes como se rosnasse de raiva.

Levantou o rosto e encarou o homem com seus olhos vermelhos e lacrimejantes.

— Você mandou matar minha mulher! – e disparou sumariamente três tiros silenciosos no peito do homem.

A mulher começou a gritar desesperada. Antes que alguém pudesse ouvi-la Arthur disparou mais três tiros contra ela também.

Feito isso enxugou as lágrimas. Deixou a carteira, chaves, celular e sua pistola sobre uma mesa. Em seguida arrastou os dois corpos envoltos no lençol para o banheiro. Escreveu um bilhete, dobrou-o e o deixou sobre o corpo de Cavalcante. Em seguida atirou todas as suas anotações no vaso sanitário e apertou a descarga. Saiu deixando a porta do banheiro entreaberta.

Deu mais uma olhada no quarto. Pegou um cigarro e saiu na sacada para fumar. Do décimo terceiro andar tinha uma bela vista da cidade.