Talvez seja apenas um sonho...

Eles mal puderam acreditar.

O Zunami tinha chegado ao fim – e eles haviam sobrevivido.

Precisavam comemorar, não?

Aquela foi uma noite gelada de primavera, então decidiram acender uma fogueira nos fundos da casa de Sara e assar os peixes que a trupe havia conseguido nos dias anteriores. Mike, Tom e Iara ensinaram a Sara rapidamente como conservar peixe e alguns outros tipos de carne. Precisavam de muito sal, basicamente.

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Nos dias seguintes, Sara tinha pedido que começassem a lhe ensinar a língua de sinais, algo que se provara extremamente útil nos horripilantes dias atuais.

— Podemos te ensinar código morse também. – Tom disse, terminando de juntar algumas lascas de madeira para acender a fogueira.

Sara piscou, sem acreditar. O que mais aqueles três sabiam?!

— Claro, com certeza! Me ensinem, por favor. – ela respondeu maravilhada.

Mais cedo naquele dia, depois que os zumbis partiram, o grupo contabilizou todas as comidas e galões de água que ainda restavam.

— Tem as caixas d’água nas casas ao redor. – Iara disse, pensando rapidamente – Podemos usá-las por um bom tempo, fora que as chuvas começam em breve e podemos estocar água.

Bem pensado... Sara não tinha levado em consideração as demais caixas d’água ao seu entorno quando começou o apocalipse zumbi.

— Então, nos próximos meses água não será um problema – Tom disse, riscando um item da lista.

— E para comer, basicamente temos alguns produtos industrializados, peixe e muitas frutas para as próximas semanas. Estaremos bem. – Sara murmurou, encerrando o assunto sobre alimentação.

Enquanto entardecia, cada um deles dispôs de 1 litro de água para se lavar no banheiro.

Lavaram braços, axilas, rostos e partes íntimas. Tom e Mike, graças ao creme de barbear que Iara encontrara, retiraram a barba também. Depois de tanto tempo na luta, sem tempo para pensarem na aparência, os dois homens mal se reconheceram assim que se olharam no espelho. Sem barba, ambos aparentavam estar mais jovens ou, em outras palavras, sem aquele aspecto sôfrego que muitos homens têm quando chegam na casa dos 40 anos.

Sara também emprestou a eles desodorante e pasta de dentes.

Então, naquele fim de dia, todos os quatro sentiram pouco a pouco que a humanidade, a civilidade, voltava a eles outra vez. Foi uma sensação quase surreal, principalmente para a trupe, que não estava acostumada com aquilo havia muito tempo.

Sendo assim, quando enfim a fogueira foi acesa e os peixes foram dispostos em palitos acima do fogo, Sara chegou com uma garrafa na mão e 4 copos na outra. Ela sorria abertamente.

— Hoje é dia de comemorar. – a mulher disse, erguendo a garrafa de uísque acima de sua cabeça.

Rapidamente, ela percebeu o olhar ávido dos 3 amigos ao seu redor. Pelo visto, havia séculos que eles não ingeriam uma bebida alcoólica.

Naquela noite, nem que por algumas poucas horas, o quarteto se esqueceu completamente dos zumbis. Eram agora como velhos amigos que se reencontravam depois de muito tempo e comemoravam uma vitória. Trocaram piadas, riram comeram e se embebedaram. Todos estavam, sim, alegres e – acima de tudo – aliviados por terem sobrevivido à horda de zumbis.

Aquela foi, sem dúvidas, a noite mais feliz de Sara desde muito tempo, um tempo que ela mal conseguia se lembrar.

A mulher aconchegou-se na parede e olhou de relance para Tom e Iara, que agora se abraçavam e trocavam um beijo caloroso do outro lado da fogueira. Todos estavam iluminados pelo brilho do fogo e pareciam felizes. Mas ver aquele beijo fez algo dentro de Sara se encher de saudades, saudades de outros tempos, outras pessoas...

Ela bebeu o resto do seu copo de uísque e, por um instante, sentiu os olhos de Mike observando-a em silêncio. Quando olhou na direção dele, no entanto, o homem desviou o olhar. Sara, então, pensou que ele não estava olhando para ela, afinal. Achou que estava enganada, que aquilo fosse coisa da sua cabeça...

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Decidiu parar de beber. Imaginou que o uísque já estava fazendo efeito.