Rick E Os Fantasmas

Caso 6 - A Municipal Escola Interdimensional - Parte 1


7:30 da manhã. Corredor da Escola Municipal Lorena Martins.

Rick ia em direção à sua sala, conversando com seus colegas Marcos e Machado (que na verdade se chamava Carlos, mas Rick acabou ficando com o sobrenome do garoto na cabeça depois do incidente da biblioteca). Após salvar ambos, eles realmente queriam fazer Ricardo se sentir em casa, pois ele geralmente não conversava muito com os outros alunos.

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Morgana, como sempre, flutuava gentilmente ao lado de Rick. Hoje ela decidiu vestir uma roupa parecida com o uniforme escolar que os alunos usavam, mas com uns toques adicionais: Uma camiseta branca com mangas compridas, cheias de rasgos para dar um "estilo rebelde"; Uma calça laranja com uma das pernas rasgada totalmente e chinelos pretos.

Rick não entendia muito bem o gosto para roupas de sua parceira, que reclamava de suas roupas "surradas", mas usava roupas que pareciam ser tiradas do lixo, rasgadas em mais lugares do que ele podia contar. Mas, como ninguém podia vê-la, não via motivo para reclamar. Sempre acenava com a cabeça quando ela subitamente estava vestindo um novo modelito e precisava de alguma confirmação de que ela tinha feito a escolha certa.

Rick, Marcos e Machado conversavam enquanto se dirigiam à sala. Os dois colegas de Ricardo entraram, mas ele, por algum motivo, parou na porta. Ele sentiu uma sensação estranha.

"O que foi, panaca?" perguntou Morgana.

"Hum..." pensou Rick "Não sei muito bem. A Yuurei faltou hoje, por exemplo."

"Como se você se importasse com a sadista da mecha vermelha." disse Morgana.

"E não me importo. Mas... Sei lá... Parece que... Tem alguém me encarando... Já teve essa sensação?"

"Huh... Eu acho que sei porque você tá sentindo isso." respondeu Morgana, enquanto apontava para os corredores cheios de alunos que estavam entrando nas classes.

Rick, no começo, achou que era uma piada. "Haha, tem um monte de alunos no corredor, então claro que algum deles vai estar olhando para mim" pensou Rick, achando que Morgana estava caçoando dele desta maneira. Porém, ao olhar um pouco melhor para a multidão de alunos, ele pôde perceber que ele conseguia avistar alguém conhecido... E este alguém estava olhando-o com uma dedicação que beirava o sinistro.

"Aquela é a..." começou Rick.

"Sim. É a Accerola." respondeu Morgana "A loirinha com vários parafusos a menos. Apesar de que aquela era a representação do pai dela... Vai ver a verdadeira é um pouco mais sensata?"

Accerola continuava a encarar Rick.

"Eu... Não tenho muita certeza sobre isso."

"É realmente uma coincidência ela estudar na mesma escola que você, não?" perguntou Morgana.

"Considerando que ela mora relativamente perto de mim, e que essa cidade não tem muitas escolas, não é uma coincidência tão grande." respondeu Rick "Ainda sim, ela está me dando arrepios."

O garoto entrou na sala, tentando ignorar o fato de que uma garota que ele tecnicamente não conhecia estava olhando para ele como se o mesmo tivesse roubado seu lanche.

O professor de ciências havia chego na sala, e o papo de micróbios e vírus acabou por distrair Rick o bastante para que a visão de Accerola no corredor simplesmente se apagasse de sua memória.

Até chegar o intervalo.

Rick havia sentado em um dos bancos do pátio. Era um lugar enorme, com diversos bancos de concreto colocados numa formação de quadrado. O telhado protegia o lugar das chuvas, salvo por um espaço onde uma enorme árvore crescia, bem no centro do lugar. A árvore, claro, era uma laranjeira.

O garoto havia se recostado em uma das vigas que sustentavam o telhado, colocadas ao lado dos bancos. Haviam diversas outras maneiras de se construir um encosto, mas a escola decidiu poupar dinheiro nesse quesito, aparentemente.

Ele olhava para a multidão, enquanto seus colegas conversavam sobre futebol e coisas do tipo. As garotas passavam longe de Rick, pois ele não era exatamente o tipo "bonitão". A única garota que não se afastava dele era a única que não podia se afastar dele.

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"Ugh." reclamou Morgana "Nunca achei que eu diria isso, mas... Eu preferia estar na sala de aula. Esse lugar é tão caído."

"Meh, podia ser pior" respondeu Rick, baixinho "Pelo menos aqui faz uma sombrinha gostosa."

E assim, dez dos quinze minutos do intervalo haviam se passado num piscar de olhos. Mas os cinco minutos finais começaram a parecer uma eternidade quando Rick avistou Accerola, do outro lado do pátio, recostada no muro, encarando-o. Mas, dessa vez, a garota não estava apenas fazendo isso: Ela estava com um pequeno caderno, fazendo anotações usando uma caneta esferográfica azul.

Rick quis gritar para Morgana "O QUÊ QUE TEM DE ERRADO COM ESSA GAROTA?!", mas conseguiu se segurar. A cidade de Laranja do Norte era bem receptiva com o papo de fantasmas; Nos últimos anos, a incidência de assombrações cresceu tanto que era difícil achar alguém na cidade que não acreditasse neles.

Porém, acreditar em algo e ver esse algo ao vivo são coisas bem diferentes. Acreditar em fantasmas era fácil, agora ver uma pessoa meio-transparente flutuando na sua frente era algo totalmente diferente. Rick não queria que ninguém suspeitasse que ele andava com um espírito ao seu lado, então tentava ao máximo não falar em voz alta com Morgana quando eles estavam rodeados de testemunhas.

Apesar de demorados, os cinco minutos finais do intervalo haviam passado, e Rick não havia tirado os olhos de Accerola.

A garota era linda, mas parecia um pouco mal-cuidada. Seus longos cabelos loiros pareciam pelos de uma vassoura. Ela não vestia o uniforme escolar, e sim uma enorme jaqueta jeans, uma simples camiseta azul, uma saia que ia até os joelhos, rasgada em vários lugares (e, diferente de Morgana, não parecia ser por estilo) e leggings pretas que terminavam em botas marrons. Suas sardas cobriam seu nariz e suas bochechas.


"Ela pode ser esquisita, mas ela realmente lembra você." comentou Morgana.

"Como assim?" perguntou Rick, baixinho.

"Ela anda toda largada. Como se vestir roupas apresentáveis fosse algo que nunca passou pela cabeça dela. Assim como você."

"Se você queria me ofender, vai ter que tentar algo melhor. Eu realmente não ligo para as roupas que eu uso. Estou muito ocupado... Pensando em... Sabe, coisas. Coisas importantes."

"Sei... Ao menos seu uniforme da escola não está tão surrado quanto suas roupas regulares. Talvez você devesse usar um uniforme pro seu trabalho... Ah, o que você fez com aquela sua jaqueta que tinha "Caçador de Fantasmas" escrito atrás, e errado?"

"Primeiro: Eu tenho que arrumar a escrita dela, eu sei. Segundo: Ainda não teve um dia frio o bastante para eu usar ela de novo."

"Você tem é que parar de inventar desculpas e-"

*PRRRRIIIIIIIIIM*

O sinal tocou, e todo mundo se dirigiu às salas de aula, colocando a conversa de Rick e Morgana na pausa.

Rick viu Accerola ainda encostada no muro, observando a multidão entrando nos corredores, indo para as salas.

"Vai ver ela só gosta de ficar escrevendo... Enquanto encara pessoas conhecidas?" pensou Rick. O garoto tentou deixar os pensamentos sobre sua colega de lado, e se focar em seus estudos.

As últimas aulas correram bem, com Rick pensando em Accerola apenas duas vezes. Como uma simples garota conseguiu assustá-lo mais do que um fantasma era algo que ainda o intrigava.

O sinal tocou novamente; Era hora de ir para casa.

E, para o alívio de Rick, nada de Accerola nos corredores.

Porém, na saída...

"RICARDO!" gritou uma voz fina, porém firme.

Rick parou imediatamente, e seus colegas também. Ele se atreveu a olhar para trás... E lá estava ela. Accerola.

O rosto do garoto se retorceu como se alguém tivesse espremido limão puro em sua língua.

"Vão na frente... Eu falo com vocês depois." disse Rick, aos seus colegas.

"Hehe, mal acabou a aula e já vai namorar?" brincou Marcos "Que coisa feia! Hein, senhor Ricardo?"

Morgana começou a rir enquanto flutuava.

"Vai caçar o que fazer, Marcos." respondeu ele.

Indo de encontro à Accerola, Rick temia o que iria acontecer. Morgana ainda ria, mas pelo menos o garoto sabia que se as coisas ficassem feias, ele podia contar com ela. Talvez.

E ele ainda não tinha ideia do porquê de uma simples garota assustá-lo tanto. Ela tinha uma presença digna de uma serial killer, apesar de ela apenas carregar uma mochila, um caderninho e uma caneta.

Ao se aproximar, Accerola agarrou a mão de Rick e começou a guiá-lo para o terreno atrás da escola. Ele pôde ouvir na distância Marcos e Machado gritando "VAI FUNDO, RICK!"

Ele teria respondido algo, mas neste momento, não conseguia pensar em muita coisa. Estava apenas tentando decidir se ele continuava sendo guiado ou se ele deveria soltar a mão da garota e sair correndo na direção oposta. Pelo sorriso ridículo que Morgana tinha em seu rosto, ele tentou se convencer de que não tinha nada demais.

E assim, Accerola levou Rick para um enorme terreno baldio que se encontrava atrás do muro da escola. Era um lugar perigoso à noite, por conta da falta de luz e da vegetação fechada que crescia ali. Árvores imensas, um córrego, e mais plantas estranhas do que você conseguia contar. Era um lugar assustador, mesmo de dia. Mas era também vazio, que era o que Accerola desejava no momento: Um lugar sem ninguém.

A garota soltou a mão de Rick, e o mesmo encostou no muro da escola. Ela se virou para ele, e o encarou com seus observadores olhos. E então, após olhar para todos os lados possíveis, para se certificar de que não havia ninguém além dos dois, ela sorriu e começou a falar:

"Quando você me chamou pelo nome lá na frente da minha casa... Eu achei estranho. Você soava como se já me conhecesse, apesar de eu nunca ter te visto."

"Hum... Eu posso explicar-"

Accerola rapidamente colocou seu dedo indicador nos lábios de Rick.

"Shh. Você vai me ouvir agora, tá bem?" disse ela, enquanto seu sorriso aumentava.

Rick acenou com a cabeça.

"Ótimo! Continuando... Eu perguntei para a minha madrasta sobre o que você fazia lá em casa. Um garoto com uma cara bem suspeita: O que ele poderia estar procurando? E então ela me contou. O tal do Ricardo havia acalmado o espírito do meu pai, Caio, e mandado ele para a pós-vida. Não só isso, ele também tinha uma mensagem diretamente dele! - Accerola fez uma péssima imitação da voz de seu pai - "Siga seu próprio caminho. Não continue minhas histórias." Eu não podia acreditar em tudo aquilo! Então... Eu quero ouvir diretamente de você, Ricardo Pinheiro. Eu quero que você me convença de que você consegue falar com fantasmas. Ou, no mínimo, de que eles existem."

Rick estava confuso. Ele achava que ninguém que tivesse morado nessa cidade ainda tinha dúvidas, mas ela parecia estar falando sério. Mas ele tinha um jeito bem fácil de provar tal coisa.

"Primeiro... Me chame de Rick."

"... Certo... Rick...?"

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"Certo. E... Se você quer uma prova de que fantasmas existem..."

Rick levantou seu olhar para Morgana, que à princípio estava um pouco confusa, até que entendeu a mensagem.

"Ah, sim."

Morgana não havia mudado nada para Rick, mas para Accerola...

Uma garota flutuante acabara de se materializar à sua frente.

"WOAH!" gritou ela, dando um pequeno pulo para trás e aumentando ainda mais o seu sorriso "ISSO É INCRÍVEL!"

Ela não conseguia se conter. Entre diversos risos e "UAU"s, Accerola rodeava Morgana como se estivesse vendo uma estátua em um museu, olhando ela de cada ângulo possível, e anotando tantas coisas que Rick imaginou quantos caderninhos azuis daquele existiam em seu quarto.

"Então não era mentira!" gritou Accerola "Você realmente é um profissional!"

"Huh... S-sim, claro." respondeu Rick "Antes que eu me esqueça, Accerola, essa é a Morgana, minha parceira no combate ao paranormal e inimiga da minha paciência."

"Prazer, Accerola." disse Morgana.

"O prazer é todo meu, senhorita fantasma!" respondeu Accerola "Mas por que você anda com ele? Vocês eram amigos antes de você morrer, é por isso? Ou talvez ele esteja te chantageando com algo? Tipo "Rarr rarr, se você não me ajudar, eu te exorcizo!" É isso?"

"Deus do céu, essa garota fala demais." pensaram Morgana e Rick.

"Na verdade, é quase isso." respondeu Morgana, enquanto levantava sua mão esquerda "Nós estamos presos há algumas semanas por culpa desse anel de prata aqui e da estupidez do senhor profissional ali."

"Oooh! Impressionante..." observou Accerola, que subitamente perdeu o interesse no anel e em Morgana e voltou a encarar Rick "Bem! Vamos falar de negócios, Rickzinho."

"Negócios?" perguntou Rick.


"Rickzinho?" perguntou Morgana, rindo.

"O negócio é o seguinte: Eu sei das suas aventuras. Todas." explicou Accerola.

"OI?! Mas como?!" exclamou Rick.

"Eu tenho uma vasta rede de contatos, Rickzinho. Eu sei de tudo que acontece nessa cidade. Eu tenho olhos em todos os lugares. Eu sei como você salvou três pessoas de uma biblioteca mal-assombrada. Eu sei como você apagou um valentão fantasma do mapa, e eu sei como você salvou a vida de um garoto que estava prestes a ser atacado por um hambúrguer ambulante do além em um supermercado. Eu sei de tudo."

Rick estava ainda mais assustado com Accerola. Ela era como uma chefe da máfia, só que mal-vestida. A boca de Rick estava aberta, e ele não conseguia organizar os seus pensamentos o bastante para fechá-la sozinho, então Accerola a fechou por ele.

"Eu sei, é muito para engolir, Rickzinho. Mas você cometeu o erro de se meter na minha vida, agora... É sua responsabilidade me envolver na sua."

"Uia!" gritou Morgana, rindo "Acho que isso é um pedido de casamento em algum lugar do mundo."

Accerola riu.

"Isso pode não ser um casamento, mas agora... Nossas vidas estarão entrelaçadas. Isso, é claro, se você se mostrar útil para mim."

"Pronto!" pensou Rick "Agora eu vou ter que apagar alguém e jogar no rio, certeza!"

"O que você quer dizer com isso?" perguntou Morgana.

"Nada demais. Mas o seu parceiro aqui tirou o meu chão. Eu tinha minha vida toda planejada, e passei os últimos anos da minha vida criando conexões e agindo como uma detetive de verdade, tudo para o dia em que eu tivesse conhecimento o bastante dessa perigosa vida para poder continuar as histórias do meu pai... Mas aí BOOM! O senhor Ricardo aqui vem e me diz que meu pai falou para eu seguir meu próprio caminho. Criar minha própria história! Eu fiquei sem saber o que fazer... Até que eu comecei a falar com meus contatos sobre quem era esse tal de "Ricardo Pinheiro". E quanto mais eu descobria, mais eu ficava intrigada com esse garoto, que simplesmente lutava contra assombrações por um preço baixo e bem debaixo do meu nariz. Eu fiquei... Extremamente interessada em ver você em ação. E não apenas isso... Eu pretendo escrever sobre todas as suas aventuras! E, claro, para isso, eu preciso estar nelas. Se eu não ver tudo isso ao vivo, não vou conseguir passar as mesmas emoções que você sente ao enfrentar MORTOS-VIVOS!"

Rick sentia que suas orelhas iriam cair. Se Morgana não fosse uma fantasma, com certeza as dela estariam perto de ter o mesmo destino.

"Basicamente" começou Rick "Você quer me acompanhar nos meus casos?"

"É, isso aí." respondeu Accerola.

"Nem pensar." decidiu Rick.

"MAS POR QUÊ?" indagou Accerola.

"É muito perigoso! Principalmente para alguém que nem tinha certeza se fantasmas existiam até alguns minutos atrás!" argumentou Rick.

"AAAAAAAAH, DEIXA!" gritou Accerola, se ajoelhando aos pés de Rick.

"GENTE! CALMA!" gritou Morgana.

Accerola se acalmou, levantando-se lentamente, e tirando a terra de suas roupas.

"M-me desculpa, um momento de fraqueza. Mas... Sério! Você só tem a ganhar me adicionando no seu grupo!"

"... E o que eu teria a ganhar?" perguntou Rick "Dinheiro?"

"De certa forma... Sim!" respondeu Accerola.

"Ai não." lamentou Morgana "A maior fraqueza do panaca..."

"Agora sim você está falando a minha língua!" comemorou Rick "E de que modo você me traria dinheiro?"

"Fácil. Eu tenho contatos pela cidade inteira, esqueceu? È só eu mexer uns pauzinhos e eu descubro rapidinho se tem alguma atividade fantasmagórica acontecendo. Seríamos a dupla perfeita!"

Morgana limpou a garganta, o mais alto que ela pôde.

"Trio. Grupo. Não dupla." disse Rick.

"Isso aí, esse é o espírito!" comemorou Accerola.

Morgana olhou para Rick e perguntou:

"Isso foi de propósito?"

Antes de responder, Rick olhou para Accerola, que estava pulando com os braços para cima, gritando "ISSO AÍ!", até dando cambalhotas pela grama.

"Pra ser sincero, eu acho que não foi de propósito." respondeu Rick.

**********************************************************************

"Já que firmamos nosso acordo, tenho uma informaçãozinha para você, Rickzinho." disse Accerola.

"E o que seria?" perguntou Rick.

"Eu talvez tenha um caso para você!"

Rick pensou um pouco na proposta, mas decidiu que se tinha dinheiro envolvido, ele estava pronto para qualquer coisa.

"Certo. Eu só preciso pegar... Minha mochila especial. Com meus equipamentos e tudo mais. Me espere na frente da escola."

Após mais ou menos vinte e cinco minutos, Rick voltou com sua mochila própria para caçar fantasmas, com seu rádio, a televisão, duas lanternas, e diversos Ovos-Bomba. Fazia tempo que Rick estava totalmente equipado para um caso, e isso o fez sentir confiante.

Accerola levou Rick de volta à escola, que ainda estava aberta. O grupo andava tranquilamente pelos corredores, e ninguém sequer perguntava o que Accerola estava fazendo ali; Desde os professores até o vice-diretor, nenhum deles questionava a presença da garota.

"Eles me conhecem." explicou ela.

Rick não engoliu essa explicação, mas ele não tinha nenhum argumento contra a garota, então decidiu não falar nada sobre a situação. Mas tinha algo que ele queria falar fazia alguns minutos:

"Onde estamos indo?"

Accerola olhou para trás, para encarar Rick, e deu uma risadinha.

"Você vai descobrir já, já, Rickzinho."

E assim o grupo continuou andando pela escola, indo para a parte traseira do lugar. Ao virar várias esquinas, o trio deu de cara com uma simples porta marrom, com uma plaquinha dizendo "Apenas Para Funcionários". Accerola, claro, tinha a chave do lugar.

Ela abriu sua mochila, e de lá, tirou um enorme molho que continua as chaves mais esquisitas que Rick já havia visto, junto com diversas outras normais. "É o maior molho de chaves do mundo", pensou ele.

A garota pegou uma chave vermelha e pequena, e colocou na fechadura da porta marrom, e, para a surpresa de Rick, ela foi destrancada. Accerola girou a maçaneta, e logo o trio estava olhando para um corredor totalmente desconhecido. Rick nunca andara muito pela escola, mas ele nunca achou que havia uma porta que dava para um corredor estranhamente parecido com os outros, mas com as luzes apagadas, e que parecia abandonado.

"Você nunca deve ter vindo para cá, não é?" perguntou Accerola.

"Nunca." respondeu Rick.

"Isso porque eles fecharam essa ala há alguns meses atrás. Não que você pudesse entrar aqui antes de eles terem interditado tudo, claro. São salas extras, que o povo da escola raramente usa. Isso já seria um bom motivo para fechar tudo, mas o curioso é que eu ouvi que... Alunos que entram aqui, somem."

"Como é que é?" indagou Rick.

"Não sei os detalhes, mas parece que qualquer aluno que passa muito tempo em uma dessas salas subitamente some."

"Não sabe os detalhes? Que rede de informações fajuta é essa?" perguntou Morgana.

"Ei, nem vem! Já foi difícil o bastante conseguir essa informação, parece que ninguém da escola quer estar envolvido com isso!" explicou Accerola.

O grupo ficou parado na frente da porta, observando a escuridão, onde mal dava para enxergar as portas das salas. Até que Rick tirou uma lanterna de sua mochila, e deu outra para Accerola, e o trio entrou no corredor.

Apesar das lanternas, o lugar ainda era bem escuro. O fim do corredor não tinha saída, por isso nenhuma luz entrava ali. O grupo andou lentamente até chegar numa sala que tinha sido interditada de um jeito bem mais efetivo: Pedaços de madeira pregados na parede.

"Uau, o povo realmente quer todos bem longe dessa sala. É aqui?" enquanto Rick perguntava, um ar gelado passou pelo grupo, fazendo ele e Accerola tremerem.

"E-e-e-u acho que é a-a-aqui sim." concluiu Accerola.

Os dois se esforçaram para puxar as madeiras, e, apenas quando Morgana resolveu ajudar, conseguiram.

Ao abrir a porta, o trio ficou impressionado ao ver que tirando um pouco de pó e umas teias de aranha, o lugar era bem parecido com uma sala normal, nada de assustador. Accerola acendeu as luzes, e todos entraram, fechando a porta atrás deles.

A sala estava com as cortinas fechadas, mas, tirando isso, era igual às outras da escola: Diversas mesas e cadeiras, um armário que continha coisas do professor, alguns desenhos colados nas paredes, uma lousa verde e uma pequena estante com livros aleatórios. Era um lugar aconchegante, tirando o frio que estava fazendo naquele lugar.

Rick se arrependeu de não ter pego sua jaqueta.

Mas tirando o frio, nada parecia assombrado ali. Rick havia tirado seu rádio da mochila, e procurou a frequência que indica se fantasmas estão por perto. O garoto havia achado a estação certa, mas nenhuma estática aparecia: Eles estavam sozinhos.

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Após ficarem meia hora na sala, o grupo já tinha feito de tudo. Pegaram livros para ler, ficaram de pernas para o ar nas mesas, e até pularam nelas, fingindo que o chão era lava. Morgana, claro, não participou dessa brincadeira.

Mesmo depois de tudo isso, eles não receberam nenhum sinal dos fantasmas.

"Eu acho que a sua pista era furada, Accerola." comentou Rick.

"Mas que droga... Hoje era para ser o dia perfeito! Eu entrei para o seu grupo, convenci você a deixar eu ir nas missões... E completaríamos o dia chutando a bunda de um fantasma!"

"É, mas não deu. Talvez nós façamos isso outro dia, quem sabe?" comentou Morgana.

"É... Quem sabe..." disse Accerola, tristemente.

O grupo arrumou as cadeiras e mesas, e colocaram suas mochilas nas costas, indo em direção à porta. Apagaram as luzes, e giraram a maçaneta.

Mas o que eles encontraram do outro lado não era o mesmo corredor sombrio de antes.

"Mas o quê...?" disse Morgana, surpresa.

A porta agora dava para um lugar totalmente diferente. Ainda era uma escola, mas o lugar tinha um layout que não lembrava nada o da Escola Municipal Lorena Martins, onde Rick e Accerola estudavam. Ainda sim, parecia uma escola... Tirando o fato de que era o lugar mais assustador que o grupo havia visto na vida.

As paredes pareciam estar descascando, e o que havia embaixo delas era pura escuridão. Algum líquido escuro caía das luminárias, que ou piscavam feito loucas, ou estavam totalmente apagadas. O chão era uma grade de ferro, com um fundo impossível de se enxergar. Para piorar, sons estranhos saíam de baixo. Parecia noite, pois estava tremendamente escuro lá dentro. O lugar fedia à algo podre, e pedaços do teto pareciam estar prontos para cair.

Era a escola mais assustadora do mundo.

O grupo imediatamente tentou voltar para a sala de aula, que, na cabeça deles, era o único lugar normal. Mas, ao se virarem e entrarem novamente na sala, ela estava como o resto da escola: Decadente, escura, fedida e assustadora. Os livros estavam extremamente velhos, cobertos com o mesmo líquido viscoso e escuro que caía das luminárias. O armário do professor parecia ter prendido algo dentro, pois alguém batia violentamente contra a porta, que estava trancada. Passou pela cabeça de Rick que poderia ser uma pessoa lá dentro, mas um grito estridente provou que era qualquer coisa, menos um ser humano.

Accerola imediatamente fechou a porta, e olhou de volta à escola das trevas, que parecia ser mais segura do que a sala.

"BEM!" gritou Rick, que estava com o coração na boca "OLHANDO PELO LADO POSITIVO... ACHO QUE TEMOS UM CASO, ACCEROLA."

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.