Uma Senhora Para Pemberley

A Fúria de Margareth Gardiner


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Quando o senhor Darcy ouviu aquele sim vindo dela, uma alegria que ele nunca havia sentido antes tomou conta do seu coração.

Obviamente, ele tinha consciência de que aquele era só o começo, pois ainda precisava conquistar o coração dela. Porém agora ele, pelo menos, tinha uma garantia dessa oportunidade.

O homem lembrou-se das noites de insônia que passou, das angústias que ele tinha em relação a uma união dos dois quando pensava nos obstáculos que teria de enfrentar para poder estar com Elizabeth. Ele sabia muito bem que Elizabeth era de uma classe social inferior a dele. Depois da morte do pai dela, e de tudo o que ela acarretou, a ligação entre eles se tornou ainda mais difícil de ocorrer. Contudo agora ao receber aquele sim, toda a agonia que ele passou antes foi recompensada.

Sem pensar muito a respeito, ele estendeu os braços e segurou as mãos de Elizabeth próximas a si. Isso pegou a jovem de surpresa, mas ela não recuou.

— Elizabeth, você me fará o homem mais feliz do mundo! - Disse ele e ela sentia como se seu corpo inteiro estivesse formigando com aquele toque e aquela declaração.

— Senhor Darcy... Posso prometer-lhe que farei o que puder para que essa relação dê certo. - Disse ela e ele sorriu satisfeito.

Eles soltaram as mãos e continuaram seu trajeto pelo Hyde Park e mantiveram silêncio por algum tempo.

— Irei ainda hoje a sua casa, para pedir sua mão para o seu tio. - Falou ele, chamando atenção dela.

— Eu preferia que fosse amanhã. - Falou ela.

Elizabeth preferia conversar primeiro com sua tia, e também com Maggie. Com certeza a garotinha não gostaria nenhum pouco da novidade, então era melhor que ela mesma contasse, antes de o noivado se tornar oficial.

— Porque? - Perguntou ele automaticamente.

— Eu quero conversar com minha tia e com Margareth primeiro. - Disse ela e ele assentiu. - Ela se apegou muito a mim, então eu acho melhor contar a ela antes.

— Claro, eu compreendo. - Disse ele, procurando esconder seu desapontamento.

No que dependesse dele, naquele momento mesmo ele contaria ao mundo inteiro que estava noivo de Elizabeth, mas se ela preferia esperar, ele respeitaria. Afinal, o que seria mais um dia, para quem tinha esperado tantos meses?

— Obrigado. - Agradeceu ela. - Que acha de jantar conosco amanhã, você e Georgiana? Creio que seria uma boa chance de conversar com meu tio e de conhecerem melhor a minha família. - Sugeriu ela.

— Claro, será um prazer! - Concordou ele.

O senhor Darcy tinha uma certa curiosidade em conhecer melhor a família Gardiner. Os vira apenas na ocasião da morte do senhor Bennet, então não houve tempo o suficiente para que ele formasse uma opinião concreta a respeito deles.

— Ficamos combinados então! - Disse ela sorrindo. - Senhor Darcy, já está ficando um pouco tarde. Acho que é melhor eu voltar para as crianças.

— Lizzy, perdoe-me a intromissão, mas pretende continuar trabalhando com seus tios? - Perguntou ele.

O senhor Darcy não se envergonhava do ofício de Elizabeth, mas seria um tanto discrepante que a jovem fosse sua noiva e ao mesmo tempo trabalhasse como governanta. Com certeza isso seria visto com maus olhos pelos membros da sociedade.

— Sim, pretendo continuar com eles, tanto tempo quanto for possível. - Disse ela fitando-o incisivamente. - Algum problema com isso?

— Não, nenhum problema! Mas eu julgo que agora isso não será mais necessário. - Argumentou ele.

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— Senhor Darcy, deixe-me dizer algo... - Disse ela olhando-o nos olhos. - Eu sei que o senhor é rico e tem uma alta posição na sociedade, então não deve soar bem ter uma noiva governanta, mas eu não vou abandonar meus tios. Não é por causa do dinheiro, e sim porque as crianças precisam de mim. - Disse ela. - Se o senhor tem algum problema com isso, por favor diga-me agora!

— Compreendo, e de modo algum estou sugerindo que abandone os seus tios e as crianças. Mas você poderia continuar com eles apenas como sobrinha e prima, não como governanta.

— Então está sugerindo que eu more de favor com os meus tios? - Perguntou ela com um tom de incredulidade.

— Não, absolutamente não! - Disse ele. - Será apenas temporário, até nos casarmos. - Disse ele um pouco hesitante.

— Mas o “até nos casarmos” levará um bom tempo, senhor Darcy. - Disse ela. - Antes de casar, acredito que vamos precisar de tempo para nos conhecermos melhor. Então já que o senhor afirmou não ter nenhum problema com isso, nesse período eu prefiro continuar sendo a governanta deles.

A firmeza com que ela lhe falava e como ela nunca baixava a cabeça para ele o deixavam abismado. As pessoas nunca se opunham a ele, porém Elizabeth sempre era franca em suas opiniões, mesmo que fossem contrárias as dele. Essa era uma das coisas nela que o havia conquistado. No entanto, esse traço forte da personalidade dela, ao mesmo tempo que era muito atraente, as vezes era também irritante. Custava muito ela ser um pouco menos teimosa?

Ele soltou um suspiro resignado e finalmente acabou concordando com ela. Afinal, ele tinha de levar em conta que ainda estava pisando em ovos no que se referia a Elizabeth. Se ela insistia em continuar sendo governanta que fosse assim então.

— Ótimo! - Falou ela dando um sorriso vitorioso.

A carruagem do senhor Gardiner já estava aguardando por Elizabeth, e ele a acompanhou até lá.

— Até mais ver senhor Darcy! Nos vemos amanhã! - Falou ela antes de subir no veículo.

Como já havia se tornado costume, ele lhe estendeu a mão para ajudá-la subir no veículo, porém dessa vez ele permaneceu segurando-a e para a surpresa de Elizabeth ele beijou as costas da mão dela.

— Sim, nos vemos amanhã! - Disse ele olhando-a nos olhos.

A moça sentiu um arrepio percorrer por todo o seu corpo. Aquele beijo e a maneira misteriosa com que ele a fitava com aqueles olhos encantadoramente azuis desarmaram-na por completo. Ela não poderia negar que o senhor Darcy mexia muito com ela.

Ela recolheu sua mão rapidamente para que o senhor Darcy não percebesse o quanto ela tinha ficado afetada com aquele contato, mas foi tarde demais pois ele já havia percebido. Foi a vez dele sorrir vitoriosamente e então a carruagem partiu. Seria um desafio interessante conquistar o coração da sua noiva.

(...)

Já era tardinha quando Elizabeth chegou em casa.

Ao chegar em casa, sua tia a recebeu e a informou que as crianças já haviam jantado. Margareth agora estava bordando em seu quarto, e Beth e os meninos estavam brincando.

Elizabeth sentou-se a mesa de refeição para comer alguma coisa e então contou com detalhes para a sua tia como havia sido o encontro e a senhora Gardiner ficou verdadeiramente feliz pelo noivado da sobrinha. A jovem contou a ela também sobre a pequena altercação que tiveram sobre o ofício de governanta. A senhora Gardiner nada disse, mas sentia-se orgulhosa da firmeza de sua sobrinha.

Conversaram por alguns minutos, e depois ela despediu-se da tia pois agora seria a vez de conversar com Maggie.

A moça percorreu o corredor que levava até o quarto da menina e parou em frente a sua porta. Esperou alguns segundos e então bateu.

— Maggie. Sou eu, Lizzy. Eu posso entrar? - Perguntou ela e não houve resposta. Depois de alguns segundos Elizabeth ouviu o barulho dos passos curtos andando pelo assoalho e logo a própria Margareth abriu a porta.

— Entra... - Falou a menina dando espaço para Elizabeth passar.

Os apetrechos de bordado estavam sobre a cama e Maggie foi até eles e os retirou dali para dar lugar para Elizabeth sentar.

— Como foi o seu passeio? - Perguntou ela sem olhar para Elizabeth.

— Foi muito bom.

— Amanhã você pode me levar? - Margareth perguntou sentando-se na cama também.

— Claro. Amanhã vamos passear. Apenas eu e você! - Elizabeth falou e Maggie sorriu satisfeita.

Ela lembrava-se bem do compromisso que tinha tratado com o senhor Darcy para o jantar, porém não atrapalharia em nada se no início da tarde ela passeasse um pouco com Margareth. Ela estava devendo um passeio à menina e além do mais, ela estava em Londres pelas crianças, não pelo senhor Darcy.

— Maggie, eu quero lhe contar algo. - Disse ela e Margareth que mexia em alguns tecidos parou para olhá-la.

— O que aconteceu? - Perguntou a menina com curiosidade.

— O senhor Darcy, me pediu em casamento. - Contou ela e Maggie arregalou seus pequenos olhos sem acreditar no que ouvia.

— E você aceitou? - Perguntou ela em um fio de voz.

— Sim, eu aceitei. - Elizabeth respondeu e viu as lágrimas se formarem nos olhos da garotinha e seu semblante ficar sério.

— Mas você me disse que ele era só um amigo, prometeu que não ia me deixar! - Falou ela deixando toda a sua decepção ficar evidente no seu tom de voz.

— E eu vou cumprir! - Garantiu Elizabeth colocando as mãos sobre o peito, mostrando que falava seriamente. - Eu não vou te deixar!

— Eu não acredito em você! - Maggie falou visivelmente alterada. A menina via em Elizabeth uma companheira, e com o noivado dela, Margareth temia perder sua nova amiga. - Eu não acredito em ninguém! - Continuou ela. - Mamãe não tem tempo para mim, papai não tem tempo para mim, e agora você também!

Elizabeth percebeu que o problema era maior do que ela esperava. A decepção de Maggie abrangia muito mais coisas do que o seu noivado com o senhor Darcy. A menina sentia-se também magoada com os pais pelo fato de não receber tanta atenção quanto os irmãos menores.

Obviamente isso não era intencional. O senhor Gardiner trabalhava o dia inteiro para sustentar a família e a senhora Gardiner esforçava-se muito para educar bem os filhos. Elizabeth agora fazia parte da rotina da família e sabia como não era fácil para ela dar atenção imparcial a todas as crianças. Ambos eram ótimos pais.

Contudo mesmo nas melhores famílias, esse tipo de coisa não era algo raro de acontecer, principalmente em famílias com muitos filhos. A própria Elizabeth, que cresceu em meio a quatro irmãs, sendo três mais novas, sabia bem como era sentir-se excluída vez ou outra. Nos últimos dias em que passou em Longbourn por exemplo, ela sentia-se como um peixe fora d'água. Se ela que era adulta sucumbiu a esses sentimentos negativos, quem dirá uma criança de oito anos?

— Maggie, eu te entendo! - Falou ela olhando nos olhos da menina. - Eu verdadeiramente entendo. Mas acredite quando eu digo que não vou abandoná-la!

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A menina olhou para Elizabeth e seus olhos estavam marejados, porém ela ainda estava hesitante em se aproximar.

— O meu noivado não vai me tirar daqui. - Afirmou ela e sentiu o quanto estava certa ao insistir com o senhor Darcy no fato de continuar trabalhando. - Eu ainda sou sua governanta, e todos nós amamos você!

— Verdade? - Perguntou a garotinha.

— Sim! Verdade. - Disse Elizabeth sorrindo. - Pense no meu noivado como algo bom! Pense em quantas pessoas você vai conhecer, e nos lugares diferentes que você vai ir!
— Falou ela tentando animar a menina e enxugou as lágrimas dela que ameaçavam cair. Maggie sorriu envergonhada por chorar.

— Agora vem aqui! - Falou ela e puxou a menina para um abraço que foi prontamente correspondido.

Nunca foi do feitio de Elizabeth ser uma pessoa sentimental, mas aquela garotinha mexia com seus sentimentos de uma maneira diferente. Ela identificava-se com Margareth de tal modo que era impossível ficar alheia às preocupações da menina.

Maggie acalmou-se aos poucos e Elizabeth deitou-a na cama. Ela acariciava os cabelos da menina e permaneceu abraçada nela até que a garotinha dormisse. Quando percebeu que a menina já ressonava, Elizabeth cobriu-a com uma colcha e foi para o seu próprio quarto.

Rapidamente ela providenciou uma tina com água morna para banhar-se.

Imergiu todo o corpo na água e recostou sua cabeça na beira da tina. Fechou os olhos e sua mente começou a repassar encontro que tivera. Inconscientemente ela acariciou as costas da mão que o senhor Darcy beijou e sentia seu rosto esquentar só de se lembrar dos lábios dele tocando a pele dela.

Aquilo era tão surreal!

Sua vida havia mudado nos últimos meses, e era impressionante como um só acontecimento acarretou em tantas mudanças.

Há alguns meses, ela sequer imaginava estar tão próxima ao senhor Darcy. Se alguém sugerisse um compromisso entre os dois ela, com certeza, acharia que a pessoa estava enlouquecendo. Porém, contrariando todas as expectativas, ali estava ela, noiva do senhor Darcy.

Inevitavelmente, ela também se perguntava se havia mesmo feito a escolha certa em aceitar o pedido dele, principalmente depois da conversa que tivera com Maggie, porém algo no fundo do seu coração dizia que ela estava no rumo certo. Ela esperava verdadeiramente que esse lado do seu coração estivesse com a razão.