Uma Senhora Para Pemberley

Notícias de Longbourn


Era extremamente agradável para Elizabeth passear pelos jardins de Rosings.

Ela sempre gostou de fazer caminhadas ao ar livre. Quando estava em casa, ela tinha o hábito de passear a pé sempre que possível. Agora estando ela visitando sua melhor amiga Charlotte, não seria diferente. Não podia perder a oportunidade de conhecer os jardins de Rosings Park, dos quais Senhor Collins tanto se orgulhava e gabava.

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Em Rosings haviam grandes variedades de trajetos e trilhas, então a cada manhã Elizabeth tomava um percurso diferente. O único trajeto que ela estrategicamente evitava era o do bosque, pois sabia que era o favorito do Senhor Darcy, e ela não estava disposta a encontrar tal cavalheiro tão cedo da manhã.

Depois de uma hora completa de caminhada e de ter seu ânimo renovado pelo ar fresco e a brisa da manhã, a senhorita Bennet decidiu que era a hora de voltar para casa.

Assim que entrou na sala de refeição encontrou-se com Charlotte que ajudava uma criada a preparar a mesa do desjejum.

— Demoraste hoje no teu passeio, minha cara amiga. - Charlotte comentou sorrindo amigavelmente para Elizabeth.

— Hoje o tempo está maravilhoso para um passeio... Creio que eu poderia andar por mais uma hora, se não estivesse com tanta fome!

— Saíste sem comer nada? - Charlotte perguntou espantada.

— Não... Furtei um pedaço de pão da sua cozinha antes de sair... - Elizabeth explicou rindo. - Espero que não se importe.

— De forma alguma! - Disse a outra com ênfase. - Sabes que enquanto estiver conosco, você é como uma moradora da casa... Tem a liberdade de ir e vir a hora que quiser, bem como de comer o que quiser!

— Sabia que não se importaria! - Elizabeth falou sorrindo e beijando o rosto de sua amiga.

— Agora senta-te para comer de verdade... Senhor Collins dentro em pouco descerá para tomarmos café da manhã... - Charlotte comunicou.

Elizabeth fez o que a amiga pediu e sentou-se para esperar o desjejum estar pronto e para que o primo Collins chegasse.

Nesse meio tempo, um criado entrou na sala e anunciou que ninguém menos que Senhor Darcy se aproximava da casa.

— Por Deus... O que será que ele quer tão cedo da manhã? - Resmungou Elizabeth revirando os olhos.

— E eu lá vou saber Lizzy! - Charlotte respondeu e levantou-se para olhar a janela. - É ele mesmo! - Disse ela ao ver o cavalheiro no portão da casa. - Será que aconteceu alguma coisa?

Charlotte estava espantada com a visita do Senhor Darcy tão cedo da manhã. Algumas vezes ele os visitava a tardinha, sempre visitas breves, com o pretexto de saber se as coisas estavam bem. Devido à frequência dessas visitas, Charlotte passou a desconfiar que Darcy estava nutrindo uma paixão por Elizabeth.

Contudo receber a visita dele tão cedo no dia, era no mínimo incomum, e o que Charlotte pensou era que talvez ele trouxesse alguma notícia de Rosings. Na opinião dela, uma visita que chega cedo da manhã, ou muito tarde da noite, é sinal que traz alguma novidade.

— De que adiantou eu não ir pelo caminho do bosque para evitá-lo, se agora ele vem aqui para estragar o gosto do meu café da manhã!? - Elizabeth resmungou mais uma vez, porém desta vez com um tom debochado, apenas para provocar a amiga.

— Deus do céu Lizzy! - Charlotte falou em tom de reprimenda. - Está para nascer alguém mais implicante do que você.

As duas damas foram até a sala de visitas e esperaram até que a criada recebesse o cavalheiro e anunciasse a presença dele.

Senhor Darcy entrou, tirou seu chapéu e fez uma pequena reverência para as damas que corresponderam ao cumprimento.

— Senhor Darcy, que honra receber o Senhor! - Charlotte foi a primeira a falar. - Por favor queira sentar-se!

Para surpresa das duas, desta vez ele aceitou o convite e sentou-se. Ele nunca sentava, sempre dizia que a visita era breve, porém desta vez ele parecia disposto a ficar.

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Houve alguns segundos de silêncio por parte de todos, até que Charlotte tomou iniciativa em falar, perguntando se estava tudo bem com Lady Catherine e com sua filha Anne. A resposta dele foi uma afirmativa. Mais alguns segundos de silêncio, e então Darcy iniciou outra conversação:

— Vi a senhorita hoje mais cedo. - Falou ele para Elizabeth que foi pega de surpresa por ele direcionar o assunto a ela.

— Oh... - Murmurou ela surpresa que ele a tivesse visto, uma vez que ela o tinha evitado a manhã inteira. - Não tive o prazer de ver o senhor. - Falou controlando-se para não transparecer a ironia contida naquela frase.

— Tomamos caminhos diferentes, você foi para o Jardim do Oeste e eu para o do bosque. - Falou ele e Elizabeth sorriu levemente, pensando que acertou ao pensar que ele faria aquele trajeto. - Fez um passeio agradável?

— Oh sim... E não poderia ser diferente, com tanta variedade de paisagens. - Elizabeth respondeu sorrindo.

— Realmente! - Concordou ele, e novamente o silêncio pairou na sala.

Antes que o silêncio se tornasse constrangedor, Charlotte resolveu fazer um convite ao Senhor Darcy.

— Senhor Darcy, nós estávamos nos preparando para fazer o desjejum. Quer nos acompanhar? - Perguntou ela.

— Agradeço o convite, mas devo recusar. Não quero atrapalhá-las. - Falou ele. - Eu acho que até já na minha hora de ir. - Disse olhando a hora em um relógio de bolso.

— De forma alguma o senhor atrapalha! - Charlotte disse. - Meu marido em breve descerá... Por favor nos de a honra de nos acompanhar!

Antes que ele respondesse, William Collins entrou na sala. Primeiro surpreendeu-se com a presença de Darcy, e depois sorriu animado. Era uma honra que o rico sobrinho de sua bem feitora estivesse visitando sua humildade casa. Com muita efusão e ânimo ele reforçou o convite da esposa, para que Darcy ficasse para o café.

Tal foi a insistência que Darcy não pode, e nem quis recusar. Dentro de pouco tempo, todos estavam na sala de refeição fazendo o desjejum.

Senhor Collins não parava de falar um só momento, explicando as reformas que pretendia fazer na casa, falava sobre o discurso que daria para os fiéis no domingo, os animais que pretendia comprar e sobre como era grato a Lady Catherine por sua infindável benevolência. Collins era o único a falar, porém não tinha a atenção de nenhum dos presentes.

Charlotte estava absorta pensando nos afazeres que teria para o dia, Darcy estava ocupado em admirar a beleza da senhorita Bennet que estava a sua frente, e Elizabeth por sua vez, pensava no porque Darcy a olhava tão fixamente.

“Por Deus... Ele sabe ser irritante.” pensou ela, descontente com o olhar fixo dele. “Talvez minha forma de comer o desagrade. Devo ser tolerável até mesmo nesse aspecto.”

Visto que Darcy não desviava o olhar, Elizabeth encarou aquilo como um desafio. Poderia parecer petulância da sua parte, e até mesmo deselegante, mas ela decidiu que também não desviaria. Aquele era um jogo para duas pessoas, e ela não estava disposta a perder, ainda mais para Fitzwilliam Darcy.

Ela sustentou o olhar que Darcy lhe lançava, e não conteve um sorriso quando ele desviou o olhar primeiro.

E foi assim que transcorreu o café da manhã na casa dos Collins.

— Meu caro Senhor Darcy, por favor aceite minhas desculpas... Pois não poderei permanecer mais tempo em sua agradabilíssima companhia. - William Collins falou logo após terminarem a refeição. - Tenho alguns compromissos inadiáveis na minha paróquia e não posso descumprir minha palavra... Como clérigo tenho de dar o exemplo em ser pontual e cumprir os compromissos! Fico triste em não poder ficar... O senhor há de me entender e perdoar!

— Claro! Sem dúvidas! - Respondeu o outro cavalheiro com grande polidez e educação.

— Mas tenho certeza que minha amada esposa e minha querida prima, ficarão felizes em lhes fazer companhia. Não é mesmo? - Collins perguntou olhando para as mulheres que não tiveram outra opção a não ser concordar.

Collins depois de mais alguns pedidos de perdão, finalmente saiu, e o Senhor Darcy ficou novamente sozinho na presença das duas damas.

— Como está sua família Senhorita Bennet? - Darcy falou, assim que sentaram na sala de visitas. - Tem tido notícias?

— Meu pai escreveu-me semana passada e contou que estão muitíssimo bem! - Respondeu ela com alegria e ele sorriu comprimindo os lábios acenando com a cabeça.

— Eles devem estar sentindo sua falta.

— De fato! - Respondeu ela. - Mamãe gosta que eu viaje, já meu pai, sente mais minha falta... Quer que eu volte logo, ainda mais que Jane também não está em casa.

— Sua irmã ainda está em Londres? - Perguntou ele forjando um tom desinteressado.

— Sim... - Respondeu Elizabeth. - Ela escreveu-me contando que esteve com Caroline Bingley a duas semanas!

Elizabeth falou a última parte com o propósito de avaliar a reação de Darcy em relação a isso. Estava ansiosa por saber informações que se referissem a Charles Bingley e Jane. Visto que Darcy era o melhor amigo do Senhor Bingley ele seria uma boa fonte de informações, porém o plano dela foi frustrado, pois Darcy apenas sorriu e nada falou sobre o amigo.

Depois disso tentaram um ou dois assuntos, porém sem sucesso. Ao mesmo tempo em que não conseguiam encontrar nenhum assunto, era também desconfortável e constrangedor permanecer em silêncio. Toda aquela situação era estranha, pois Darcy nunca havia permanecido tanto tempo ali. Qual seria o motivo daquela súbita visita?

Como se acendesse uma luz, passou pela cabeça de Charlotte que talvez ele quisesse falar a sós com sua amiga, mas estivesse com vergonha de solicitar isso. Ela não poderia estar mais certa.

Inventando uma desculpa qualquer, de que precisava falar com os criados Charlotte deixou os dois sozinhos na sala. Elizabeth percebeu o estratagema da amiga, de deixa-la a sós com Darcy, porém encarou isso como uma provocação, uma brincadeira de mal gosto de Charlotte, já que sua amiga sabia muito bem da aversão que ela tinha ao cavalheiro.

Estando os dois sozinhos, o silêncio era ainda mais constrangedor, então Elizabeth decidiu falar algo, falar sobre livros, esse era um assunto que quase sempre funcionava.

— Ainda ontem fui a casa de sua tia e Anne emprestou-me alguns livros da biblioteca dela. Quase todos da Senhora Radcliffe. Já os leu?

— Não... Na realidade não gosto de ler romances! - Falou ele.

— Então o que o senhor gosta de ler?

— Raramente paro para ler um livro, mas gosto dos livros policiais.

— São interessantes.... Mas reais demais.

— Que quer dizer com isso? - Perguntou ele intrigado.

— Leio romances para fugir da realidade. - Explicou ela. - Creio que nem metade do que leio seja possível de acontecer de verdade, mas gosto de me iludir com pequenas doses de fantasia!

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Darcy nada respondeu, apenas sorriu e concordou com a cabeça. Ele parecia querer dizer algo, mas nada saiu de sua boca, então ele se levantou foi até a janela, com um semblante pensativo, e retornou a sentar, porém desta vez ao lado de Elizabeth, que por sua vez estava já impaciente em ter de dar atenção a ele. Darcy a olhava fixamente até que então resolveu falar.

— Senhorita Bennet... Eu vim até aqui hoje exclusivamente para ver você!

— A mim? - Perguntou ela com espanto.

— Sim! - Respondeu ele. - A algum tempo tenho algo a lhe dizer... E isso está atormentado meus pensamentos! - Disse ele e a moça arregalou os olhos preocupada com o que ele teria de tão importante a dizer a ela. Talvez fosse algo relacionado com Charles e Jane que ele não quis falar diante de Charlotte, pensou ela.

Porém antes que Darcy enfim revelasse o motivo da sua visita, um criado entrou na sala anunciando a presença de um mensageiro de Longbourn.

Elizabeth ficou dividida entre ouvir o que Darcy tinha a dizer, e atender o mensageiro. O criado falou que o mensageiro tinha urgência, então ela o recebeu. O rapaz entregou a ela uma carta, cuja remetente era sua irmã Mary.

— Uma carta? Porque tanta urgência? Aconteceu algo? - Perguntou ela ao mensageiro.

— Acho melhor que a senhorita mesmo o leia. - Falou o rapaz mensageiro e Elizabeth abriu o envelope nervosamente.

A moça leu as primeiras linhas, e Darcy percebeu que ela ficou subitamente pálida. As pernas dela fraquejaram e ela desabou no sofá, atordoada.

— O que aconteceu? - Perguntou Darcy preocupado. - São más notícias?

Ela nada respondeu. Seu rosto não tinha cor, e sua expressão era assustada. Elizabeth entrou em um estado de letargia, como se não o tivesse ouvido.

Darcy prontamente o pegou o papel das mãos da moça e leu o que estava nele escrito.

"Querida irmã...

Me é dolorido escrever esta carta para você, pois o conteúdo dela é triste para todas nós!

Papai acaba de falecer!

O doutor Smith disse que foi um mal do coração. Ele morreu enquanto dormia... Queria poder dar-te mais informações, e me desculpar por essa maneira indelicada de te dar essa notícia, mas no momento sou incapaz de escrever mais.

Espero que possa estar aqui em breve.

Assinado: Mary Louise Bennet

Longbourn, 24 de Abril.

O papel tinha várias manchas de tinta, indicando que Mary havia chorado sobre a carta.

— Me diz que é mentira? Diz que é pesadelo, e em breve acordarei! - Suplicou Elizabeth com os olhos molhados de lágrimas e a voz embargada. - Por favor me diz!

Elizabeth soluçou e entregou-se a um choro dolorido, escondendo o rosto entre as mãos. Partiu o coração dele ver a tristeza da moça que ele tanto amava. Queria poder abraça lá, para dar consolo, mas quão inapropriado isso seria? Dane-se.

Quebrando todas as regras de boa conduta e decoro, Darcy a abraçou, desejando que aquilo pudesse abrandar o sofrimento do coração dela. Elizabeth o abraçou de volta, e ele sentia os espasmos que os soluços violentos causavam na moça.

— Eu nunca deveria ter saído de casa! - Falou ela furiosa consigo mesma e levantou-se de repente. - Eu era a preferida dele... E não estava junto de meu pai! Ele me pediu para voltar mais cedo! Por que eu não fui? Maldita filha que eu sou!

— Você não tinha como saber... - Ele tentou falar mas foi interrompido por mais uma crise de choro.

Neste momento, Charlotte entrou na sala, já ciente da notícia, pois um criado já havia sido encarregado de avisá-la.

— Minha querida eu sinto muito! - Falou ela abraçando Elizabeth. - Já providenciei uma carruagem. Sairemos daqui assim que a criada arrumar os seus pertences.

William Collins também voltou para casa assim que soube. Coronel Fitzwilliam, o primo do senhor Darcy, também foi para lá. Todos prestando apoio a jovem Elizabeth, que estava desolada.

Enquanto eles preparavam-se para a fatídica viagem, Darcy saiu dali, e foi até a casa de sua tia, resoluto a pegar uma das suas carruagens e acompanhar a comitiva que iria até Longbourn com Elizabeth.

Dentro de uma hora tudo já estava acertado.

Elizabeth estava com suas bagagens prontas, e a carruagem apareceu para buscar-lhe. Ela ficou surpresa ao ver que Darcy estava nela.

— Eu também irei! - Informou ele e apressou-se em colocar a bagagem de Elizabeth na carruagem dele.

— Por favor não quero que se incomode! - Falou Elizabeth com voz rouca de tanto chorar. - Vou na carruagem do meu primo...

— Eu quero ir, senhorita Bennett! - Falou ele com firmeza, e ela não, apenas segurou a mão que ele lhe estendia para entrar na carruagem.

William Collins não pode liberar-se de suas obrigações na paróquia, porém liberou que Charlotte acompanhasse sua amiga e o Senhor Darcy. E este foi o grupo que partiu de Rosings naquele dia, que de ensolarado e leve, agora parecia estar cinzento e denso.

(...)

As horas de viagem pareciam se arrastar.

Elizabeth estava sentada ao lado de sua amiga, e com o rosto deitado sobre o ombro de Charlotte, que por sua vez dormia. Darcy estava de frente para elas, mas olhava para a paisagem da estrada, pois lhe era difícil olhar para Elizabeth e ver a tristeza dela, sabendo que nada ele poderia fazer para eliminá-la.

Os três viajavam em silêncio e Elizabeth pela primeira vez falou.

— Como o destino é caprichoso. - Falou ela. - Resolveu tirar-me o pai, justo quando eu estava longe dele.

— As vezes a vida tem dessas coisas! - Disse o cavalheiro olhando-a.

— Sabe o que é mais estranho? - Falou ela mais para si mesma que para Darcy. - É que eu sempre me preparei para perdê-lo... É o curso da vida, os filhos perdem os pais. - Falou e respirou profundamente antes de prosseguir. - Mas eu imaginava que ele estaria bem velhinho, deitado em uma cama... E então aconteceria... Mas seria calmo. E eu estaria lá para dizer a ele o quanto o amava. O quanto o amo.

— É assim que deveria ser... Para todos! - Disse ele e compassivo e Elizabeth limpou as lágrimas que começaram a cair novamente.

— Sou uma maldita! Eu nunca deveria ter arredado o pé de Longbourn! - Disse ela por fim.

— Elizabeth a maneira repentina como tudo isso aconteceu, sem a tua presença, não te faz amá-lo menos, tampouco te faz maldita. - Darcy falou, sofrendo pelo martírio de Elizabeth. - Talvez tudo isso seja um capricho do destino... Ou só uma infeliz coincidência... Porém independente disso, tenho certeza que teu pai não quereria que a filha preferida dele, se martirize por uma culpa que não é de ninguém.

A moça assentiu com a cabeça, mesmo que as palavras dele não tenham feito sentido naquele momento.

Ninguém mais disse nada, até finalmente chegarem em Longbourn.

Já era quase noite quando chegaram. Quase todos os vizinhos, parentes e amigos que moravam em Meryton estavam na casa da família Bennet dando apoio a viúva e as meninas, agora órfãs de pai. O senhor e a senhora Gardiner, haviam chegado minutos antes, vindo de Londres e trazendo Jane.

Elizabeth, foi a última a chegar, e a primeira pessoa que ela viu foi Jane. Ambas abraçaram-se fortemente ao se encontrar e emocionaram a todos ao redor com o choro sofrido delas. A seguir Elizabeth abraçou a mãe e as irmãs mais novas. Um saudoso e doloroso abraço.

Dado o reencontro, Elizabeth olhou para a sala de visitas e pode ver o caixão no centro dela.

A passos lentos ela se aproximou, e era como um condenado que percorre o corredor da morte para encontrar o carrasco.

Cloud Bennet agora dormia o sono eterno e Elizabeth enfim viu o rosto do pai. Lançou-se sobre ele em um convulsivo choro.

— Perdão pai! - Falou ela mesmo sabendo que seu pai não mais a ouvia. - Perdão por não ter voltado antes... Perdão... - Murmurava ela, e apenas os que estavam mais próximos — entre eles estava Darcy—puderam ouvir o clamor dela.

O velório durou a noite inteira, e pessoas chegavam e saiam da casa, para prestar as homenagens póstumas ao senhor Bennet e dar consolo aos enlutados.

No começo da manhã o caixão foi fechado e chegou a hora do enterro. Um grande cortejo fúnebre se direcionou ao cemitério local. Depois de pronta a cova, um padre local falou algumas palavras e rezou pelo falecido.

Então chegou o momento da despedida final.

A Senhora Bennet chorava muito e não conseguiu se aproximar para se despedir. As filhas, cada uma jogou um punhado de terra sobre o caixão. Elizabeth foi a última a fazer isso.

— Adeus papai! - Disse ela jogado seu punhado de terra e então o coveiro começou seu trabalho.