Carly.

Não podemos continuar com a conversa por mais tempo. Emily chegou arrastando Sue e Seth consigo e como já era de se esperar, meu pai dedicou totalmente a sua atenção aos nossos convidados, mesmo que a mãe de Leah não gostasse tanto dele por todo o sofrimento que havia causado em sua filha. O mais novo dos Clearwater não parava de tagarelar ao meu lado falando coisas sobre o bando, Embry e Renesmee, os Cullen. Seth me deixava atordoada com toda a sua animação perante as novidades, eu não conseguia prestar atenção em uma palavra que saia da sua boca, mas ainda assim fingia – ou tentava – estar entretida na conversa. Os pensamentos vagavam em alguns minutos atrás. O que aquilo significava de fato? Eu não estava grávida, ou pelo menos imaginava que não. Ainda não estava na hora. É claro que era uma vontade minha, um desejo forte de formar uma família. Perdi a minha mãe quando ainda era muito nova, minha avó materna assumiu muito bem esse papel. Talvez toda a vontade viesse dali. Querer ser para alguém o que eu nunca tive. Mas se eu estivesse interpretando bem as palavras do meu pai era exatamente o que aquilo significava. Mordi o lábio inferior com força, sentindo as mãos suarem e os espasmos tomarem conta do meu corpo. Odiava não ter o controle da situação, não saber o que estava acontecendo. Apesar de eu ser impulsiva em muitos momentos eu gostava de ter tudo bem planejado para que nada saísse dos trilhos. Como naquele momento.

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— Ei, você está bem? – Seth perguntou tocando o meu ombro com cautela. Seu olhar estampava preocupação, mas o sorriso divertido ainda continuava em seus lábios.

Assenti retribuindo o sorriso sem mostrar os dentes.

— Uhum.

Ele franziu o cenho.

— Tem certeza? Precisa de alguma coisa?

— Não, Seth – lhe tranquilizei forçando-me a ficar mais calma – Estou bem mesmo. Obrigada por se preocupar.

— Você não me parece nada bem, Carly – analisou – Posso chamar o Sam ou o Jake se preferir...

Pisquei algumas vezes.

Os espasmos haviam ido embora, mas as mãos ainda estavam suadas.

— Estou bem mesmo – garanti – Continue, por favor. O que estava falando?

Ele sorriu novamente, antes de voltar a tagarelar, me tele transportando de volta para os meus devaneios. O que infelizmente ou não, acabou não durou muito, Jacob e Embry adentraram juntos pela porta alguns minutos depois, brincando entre si. Levantei rapidamente, correndo para os braços do meu tio, Seth me seguiu.

— Em! – me pendurei em seu pescoço e ele retribuiu o aperto – Como estão as coisas nos Cullen?

Vi o seu sorriso desmanchar.

— Me expulsaram.

— O quê? – Seth perguntou, não controlando a risada – Isso é impagável. Vamos transforme-se, quero ver esse momento com os meus próprios olhos.

— Cala a boca, idiota – Jacob mandou, controlando o riso também – Não expulsaram você, Embry. Deixa de ser dramático. Concordaram que você precisava descansar. Só isso.

Larguei-o, parando ao lado do meu marido. Jake abraçou minha cintura com seus braços.

— A Bella acordou – disse, atraindo a atenção do meu pai também – Renesmee estava dormindo quando eu sai.

— Como a nova vampirinha está? – perguntei.

— Ela está bem – disse dando de ombros – Matando alguns leões da montanha provavelmente. Edward estava dizendo que ela tem um autocontrole admirável.

Meu pai suspirou.

— Ótimo. Teremos paz por algum tempo – seus olhos caíram sob mim – Eu acho.

Pigarreei tentando não deixar o clima tenso.

— Concordo – Jacob falou – Nós precisamos de paz.

— Foi o que eu acabei de dizer, Black.

Repreendi meu pai com um olhar, mas ele pareceu não dar muita bola. E Jacob igualmente para a sua fala.

— Nós vamos viajar – anunciou me fazendo virar para encarar seus olhos escuros e sorriso sorrateiro nos lábios – Eu e você por uma semana.

A ideia era realmente agradável.

— O quê? – perguntei rindo.

— Não é uma piada.

— Jacob... – bati em seu ombro – Para de ser louco!

Embry fez um barulho de vomito.

— Vocês me dão nojo – disse antes de caminhar, arrastando Seth para a sala com ele.

— Seth já sabe, os outros garotos também. Ele vai assumir em quanto eu estiver fora. Leah vai o ajudar, visto que Embry está aprendendo a lidar com os seus novos sentimentos.

Meu sorriso cresceu junto com a empolgação. Estava mesmo precisando daquilo.

— Você fez isso tudo sem me falar nada?

— É – deu de ombros, colocando a boca no meu ouvido – Pode me agradecer depois.

Puxei seu rosto para um beijo rápido nos lábios.

— Para onde vamos? – quis saber. Ele tateou os bolsos da calça e me estendeu um panfleto em seguida – México?!

Ele me apertou mais ainda contra o seu corpo. Nossas temperaturas entrando em choque uma com a outra. Quase como fogo.

— Você comentou uma vez que queria conhecer – disse pensativo – Acertei?

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— Na mosca!

O lobo suspirou aliviado.

— Aí, pombinhos. Quando vocês vão embora? – Seth perguntou rindo – Tenho que concordar com o Embry, vocês estão me dando nojo.

Abracei Jacob ainda mais forte.

— Primeiro, arrume uma namorada, Seth – lhe disse – E você, titio, não está na hora da mamadeira?

O rosto deles se desmanchou em uma carranca e meu pai e Jacob sorriram.

— Parem logo com isso antes que eu os mande para fora – Emily ordenou, mas estava se divertindo tanto quanto todos nós – Estão com fome? Mas é claro que sim... eu não sei porque pergunto. Venha, Carly, vou precisar de ajuda na cozinha já que Sue vai me abandonar.

Fiz um muxoxo.

— Meu pai pode ajuda-la, Emily! – sugeri.

Ela estreitou os olhos.

— Eu quero você, mocinha.

Rolei os olhos me afastando de Jacob e indo aproximar-me dela. Tirei a aliança do dedo, enquanto lavava as mãos e em seguida Emily me estendeu um livro, indicando para qual comida ela pretendia fazer. Na verdade, eu entendi que aquilo tudo era só um pretexto para o seu interrogatório, assim como o seu marido o fez mais cedo. Tudo bem que eu não dava as caras a algum tempo, mas nem conseguia imaginar que havia tanta preocupação encubada dentro daquele casal. Ela me contou sobre como a casa estava silenciosa sem mim e o quanto sentiam a minha falta – principalmente o meu pai. Prometi à ela que quando voltasse de viagem ficaria mais tempo com eles. Conversamos um pouco mais e quando notei a torta já havia saído das minhas mãos e estava no forno, onde permaneceria por alguns longos minutos.

Os quatro homens não se encontravam mais na casa, e nem se quer haviam falado onde iam. Me joguei no sofá afim de descansar pelo tempo que fosse possível. Parecia que não havia dormido o suficiente na noite passada. Deixem com que os pensamentos fluíssem, sendo levada pelo sono em seguida.

Carly— ouvi a voz de Jacob me chamar, mas não tive forças para abrir os olhos – Amor?

Abri os olhos devagar, a claridade queimando-os.

Gemi de dor.

O cheiro da torta entrou em contato com meu olfato. Parecia repugnante. Quase pior do que o cheiro dos frios.

Fiz uma careta e a figura de Jacob ajoelhado em minha frente semicerrou os olhos.

Senti o meu estômago se revirar no mesmo momento e corri para o banheiro do andar de baixo, colocando tudo o que havia comido para fora. Senti a presença do homem atrás de mim, ele continuava em pé enquanto eu terminava o trabalho. Quando senti que não havia mais nada da qual eu pudesse me livrar deixei o corpo pesar, sentando no chão do banheiro. Jacob se abaixou, para que pudesse ficar próximo de mim, com o meu rosto entre mãos.

— Que recepção calorosa – riu sendo acompanhado por mim – Você está bem?

— Desculpa – estendi as mãos para que ele me ajudasse a levantar e assim o fez. Agradeci por ter esquecido a minha escova de dentes na casa do meu pai, mesmo que sentisse precisar de um banho e mais algumas horas de sono – Não me olha com essa cara.

— Vamos ao médico – disse – Emily e os outros estão lá fora. Vou avisá-los.

O desespero tomou conta de mim e segurei a sua mão, impedindo que fosse.

— Estou bem, amor – garanti – Devo ter comido alguma coisa estragada.

Jacob concordou.

— Tem certeza? Eu comprei as passagens para amanhã, mas acho que consigo adiá-las.

— Não mesmo, estou ótima – despejei os meus braços em seus ombros.

A ideia de viajar pareceu ainda mais atraente naquele momento, mesmo que eu odiasse fugir da verdade.

Sorri mostrando os dentes.

— Vamos embora, precisamos fazer as malas.