Capítulo 15 — A gente deixa ir.

O quarto começava a clarear a medida em que o sol nascia no horizonte. A noite passada agora parecia tão distante, mesmo que o Brian ainda dormisse em seus braços, tudo parecia como um bom sonho. Dylan não conseguiu dormir e sinceramente não queria, pois, temia que a manhã fosse chegar mais rápido assim. A medida em que os corpos se tornaram um só o que eles sentiam um pelo outro se tornou mais forte, evidente e Dylan desejou ser ignorante o suficiente para não entender o real motivo do Brian não querer se mudar para outro lado do país, mas não, ele foi amaldiçoado por ser muito inteligente e ter consciência suficiente que a razão para o loiro arriscar o seu futuro era ele. Não havia mais dúvidas de que o amava, amava seu jeito, seu sorriso, seu corpo, seus filmes ruins e sua constante habilidade de lhe surpreender e exatamente por ama-lo que ele não poderia permitir isso. A noite passada foi a confirmação que o loiro também sentia o mesmo, não era uma obsessão, não era uma fase, era amor e Dylan sabia que Brian jamais abriria mão disso facilmente. Ele não havia desistido quando não era recíproco, quando era mal tratado e nem mesmo quando era apenas invisível para o moreno. Dylan sabia o que tinha que fazer, porque o amava ele deveria partir seu coração.

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— Já acordou? — A voz sonolenta do Brian o trouxe a realidade. Seus olhos parcialmente abertos eram iluminados pela luz do sol e eles nunca estiveram tão belos quanto naquele momento.

— Bom dia, Dy. — Brian se remexeu e tentou dar um beijo no mais velho, mas foi evitado.

— Vou tomar banho. — Dylan disse antes de levantar e deixar um Brian um pouco confuso na cama. Dylan trancou a porta atrás de si e se olhou no espelho do banheiro, seu corpo marcado pelos momentos de amor e luxuria da noite passada. Respirou fundo. Ele precisava ser forte. Entrou no chuveiro e deixou que a água gelada lhe clareasse a cabeça e lhe desse a força necessária. Dylan saiu após alguns minutos e encontrou com o Brian ainda em sua cama, enrolado nos lençóis lhe olhando amorosamente.

— Você ainda não se vestiu? — Dylan perguntou. Brian não entendia muito bem a reação do moreno, mas imaginou que ele não acordasse muito bem-humorado e a noite anterior havia sido a realização do seu maior sonho e o real início do resto da vida com o mais velho.

— Eu ia tomar banho com você, mas a porta estava trancada. — Justificou levantando da cama e revelando sua nudez.

— Se arrume e me encontre na sala. Precisamos conversar. — Ditou ignorando a figura na sua frente e caminhando em passos pesados para a porta antes de fecha-la violentamente.

Brian estava confuso, mas decidiu fazer o que o Dylan havia pedido. Estava um pouco preocupado com a reação do mais velho e ficou imaginando teorias do que poderia ter acontecido para precisarem conversar de maneira tão formal. Sua aposta era que o moreno estivesse preocupado pela noite anterior já que não haviam usado proteção. Demorou alguns minutos para que estivesse limpo e vestiu uma roupa do mais velho, pois não fazia ideia de onde seu terno havia ido parar.

— Dy, você está bem? — Brian perguntou ao chegar na sala e encontrar o mais velho sentado com as mãos na cabeça, como sempre fazia quando estava pensando demais.

— Sente. — Mandou. Brian o olhou de soslaio e obedeceu.

— Dy, aconteceu alguma coisa? — Brian perguntou preocupado e teve sua mão afastada sem gentileza quando tentou alisar o rosto do mais velho.

— Não da mais. — Brian riu.

— Do que você esta falando? — Brian perguntou sem entender a brincadeira do moreno.

— Não da mais. Eu não posso continuar fingindo que gosto de você. — Repetiu dessa vez levantando seu rosto e olhando seriamente para o menino.

— Eu não estou entendendo, Dy. — Brian falou totalmente confuso. — Leia isso. — Dylan pegou o seu celular e colocou na mesa para que o loiro lesse as mensagens que havia trocado com o Brandon tantos meses atrás. Dylan analisava enquanto os olhos do Brian percorria as mensagens e seu semblante apenas se tornava mais e mais confuso.

— Eu não estou entendendo. — Brian disse após largar o celular sem muito cuidado de volta a mesa.

— Eu nunca quis isso, eu apenas queria que você me deixasse em paz, mas claramente não está dando certo. — Dylan explicou.

— Você realmente espera que eu acredite que tudo isso foi mentira? — Brian perguntou perplexo.

— Você pode acreditar no que quiser, eu só não aguento mais mentir. — Dylan respondeu. Seu tom de voz não se alterava em momento algum ele falava sério, frio e totalmente distante.

— Dy, eu entendo. — Brian lhe sorriu gentil antes de colocar a mão sobre a do moreno. — Você está com medo do que sente. É normal, eu também sinto isso. — Dylan riu maldosamente.

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— Você não leu as mensagens? O quão burro você pode ser… —

— Dy, eu acredito que isso começou assim. Eu acredito que você não me amava, mas isso mudou. — Brian sorriu e falou com a maior certeza que possuía em seu coração.

— Brian, quantas vezes eu preciso te dizer. — Dylan aumentou o tom de voz. — EU. NÃO. SINTO. NADA. POR. VOCÊ. — Frisou cada palavra para garantir veracidade do que dizia. Brian apenas riu.

— E o que foi ontem? — Indagou.

— Ontem foi minha última tentativa de me livrar de você. — Respondeu.

— Dy, eu sei que somos diferentes. Eu sei que sou mais novo e que isso te incomoda. Mas nada me faz sentir bem assim, como quando estamos perto um do outro e eu sei que você se sente do mesmo jeito. —

— Brian, eu não posso te dar o que você quer. — Dylan não estava tendo o resultado que esperava, não esperava que o loiro fosse ser tão persistente nem ter tanta certeza dos seus sentimentos. Imaginou que mostraria as mensagens e isso seria o suficiente para que o menino seguisse em frente. Mas, não. Brian lutou para chegar onde estava com o moreno e não deixaria as coisas sumissem assim sem lutar.

— Você é o que eu quero. —

— Por que você está dificultando tanto as coisas? — Dylan perguntou e mordeu os lábios com força. Agora não era o momento de ser fraco. — A verdade é que tem outra pessoa. —

— O que? — Isso pareceu ter um efeito no Brian como nenhuma das palavras anteriores.

— Eu me apaixonei por alguém. — Dylan disse e com essas palavras Brian retirou as mãos da do moreno.

— Eu não acredito. — Brian disse resoluto.

— Eu não queria lhe contar porque prometi ao Brandon que não iria lhe machucar. Não estou dizendo que não foi legal. Foi divertido ter alguém aumentando meu ego, fazendo meus desejos e aliviando minha tensão com um pouco de sacanagem. — Brian piscava os olhos rapidamente, tentando limpar a alucinação em formato do Dylan que lhe falava essas coisas terríveis. — Mas você é só um garoto, ele é um homem. —

— Eu posso ser só um garoto, mas você é um covarde. Você está com medo do que está sentindo e está fugindo! —

— Brian, o que você acha que eu estou sentindo eu não sinto por você. — Dylan respirou fundo percebendo que suas palavras estavam tendo o efeito desejado no menino. — Eu o amo e nós vamos morar juntos. —

— Você me traiu? — Brian sentiu sua voz fraca e com dificuldade de deixar sua garganta. Por um momento tinha Dylan só para si e agora ele escorria dos seus dedos como água.

— Traição? — Riu com deboche. — Por favor, Brian. Isso nem era um relacionamento de verdade. —

— Era para mim! — Brian gritou.

— Sem escândalo, Brian. — Dylan o repreendeu. — Não seja imbecil. — Completou.

— Imbecil é você que está abrindo mão da pessoa que mais se importa com você! — Brian sentia uma enorme dor no peito e uma vontade de ir embora sem olhar para trás. — Por que você alimentou meus sentimentos se não pretendia retribuir? —

— Talvez se você estivesse no meu lugar você fosse capaz de entender. — Dylan disse, pela primeira vez naquela conversa, uma verdade.

— Eu entendo Dylan. Entendo o que é amar alguém e é por isso… — Brian respirou fundo e conseguiu reunir forças para levantar. — É por isso que eu espero que você seja feliz com ele. — Brian desejou sinceramente com um sorriso sem prazer. Não chorou, gritou e nem fez barulho, apenas virou em direção a saída e o deixou, jamais ficaria no caminho da felicidade do homem que amava.

Assim que o barulho da porta chegou aos seus ouvidos as lágrimas deixaram os olhos do Dylan. Ele nunca imaginou que seu coração poderia pesar tanto, mais que isso, jamais imaginou que o Brian reagiria dessa forma. Se preparou para as lágrimas, os gritos e talvez até por alguma agressão, mas não imaginava que ele reagiria do mesmo jeito que si. Jamais imaginou que ele sacrificaria seus sentimentos pela felicidade do outro.