O bunker está silencioso. É madrugada. Da última vez que chequei, Dean estava dormindo. Deduzi que Sam está na mesma situação, mas não cheguei a confirmar. Demorei demais no quarto do mais velho, observando-o enquanto mergulhava num sono sem sonhos, e quando finalmente me afastei da soleira, esqueci de passar pelo quarto de Sam. Talvez tenha sido uma reação natural, pois tendo a me preocupar mais com Dean.

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Em pouco mais de duas horas, o Sol vai nascer mais uma vez. É um cenário tranquilo, porém encontro-me num estranho alerta enquanto percorro os corredores do bunker com passos cautelosos. Alguma coisa parece errada, fora do lugar e dos eixos. É como se uma energia desconhecida pairasse no ar a minha volta. Algo sobrenatural, definitivamente.

Intrigado, constato que o que experimento se assemelha um pouco com a sensação de transpor os portões do Inferno ou ser tragado para o Purgatório. Mas, desta vez, não é como se eu mergulhasse em tais lugares. É como se outrolugar tentasse alcançar esse lugar. Irrompê-lo de alguma forma que não compreendo. Transpor as barreiras do tempo e do espaço.

É exatamente isso que estou sentindo ao alcançar a garagem da fortaleza, atraído por uma estranha e intensa luminosidade.

Estanco no lugar e inclino a cabeça ao me deparar com a misteriosa ocorrência. Há poucos passos de mim, próximo do Impala, um feixe de luz pulsante estende-se verticalmente no ar.

Franzo o cenho sem entender do que se trata, todavia estou convencido de que isso explica o meu estado de alerta constante.

Demoro alguns instantes para caminhar até a luz. Observo a cena mais de perto. A luz brilha de forma cada vez mais intensa e parece em constante expansão, como uma porta abrindo-se, um tecido sendo rasgado, uma fenda bem diante dos meus olhos.

Consequência. Minha consciência sussurra.

Ao mesmo tempo, pego-me pensando em Dean, Sam, no Doutor e no que houve em Lawrence, há pouco mais de uma semana.

Não sei por que me lembro disso agora. Tudo o que sei é que dou mais um passo à frente e toco a fenda por puro instinto e curiosidade.

Movido por um pressentimento intuitivo, passo por ela, atravesso-a, deixando a garagem do bunker e mergulhando em outro local em questão de um segundo.

De súbito, recordo-me especialmente de Dean relatando como se deu o resgate de Sam. E, de alguma forma, sinto que estou testemunhando uma consequência, que pode haver uma ligação entre uma coisa e outra.

Algo está mesmo errado e fora do lugar aqui. Algo saiu dos eixos. Tal como o Doutor mencionou que poderia ocorrer, se eles voltassem na própria linha temporal para impedir que Sam fosse lançado num passado remoto pelos Anjos Lamentadores. Tal como Dean o convenceu a fazer. Uma decisão arriscada, porém compreensível, claro.

Diante dos meus olhos, num outro tempo e espaço, o que vislumbro é um mundo cinza, caótico, hostil e apocalíptico. Um universo paralelo prestes a colidir com aquele que acabei de deixar para trás.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.