— Marley, você sabe que eu posso pagar alguma pensão, né?

Lily! Que tipo de amiga eu seria se não oferecesse minha casa? Aliás, vai ser como quando estudamos em Hogwarts!

— Com a pequena diferença de que é um apartamento, não uma escola. E temos que fazer funcionar, porque eu realmente não vou conseguir conviver no meio da sua bagunça, você sabe – dizia com o celular apoiado entre o ombro e o ouvido, enquanto lacrava mais uma caixa com a fita.

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Relaxa, vai dar tudo certo! Não vou te deixar morar numa pensão — a conversa ao longe denunciava que a loura assistia TV. – Você vem que horas?

— Ainda não tenho certeza. Assim que papai puder me levar, ele não trabalha nos sábados; depois do almoço, provavelmente.

Certo. Então vamos ter tempo de arrumar suas coisas e dar uma saidinha à noite — falou animada; Lily rolou os olhos.

— A gente se fala depois, preciso acabar isso aqui. Beijos.

Beijo, tchau.

Lily Evans. Ruiva, olhos verdes, formada em administração e a mais nova secretária da redação do Profeta Diário de Londres. Isso mesmo, eu finalmente vou me mudar, pensou ela, vou morar com Marlene e começar a construir a minha vida! Observou por um instante o amontoado de caixas, com um sorriso no rosto. Enfim voltaria para Londres, estava tão empolgada.

Claro que tinha com o que se preocupar ao deixar Cambridge, ao deixar os pais, mas não podia permitir que aqueles acontecimentos simplesmente a influenciassem pelo resto da vida. Estava tudo certo agora, não estava? Então ok, concluía ela, tentando não se afligir.

— Lil, meu bem, tem certeza que não quer que eu vá junto? Posso ajudar a arrumar suas coisas.

— Mãe... – abraçou-a. – Marley e eu damos conta. Só quero que prometa que vai cuidar do papai – as duas se fitaram; sua mãe emotiva como sempre. – Nada de vinho, nem hidromel ou cerveja. Sem álcool, ok?

— Eu sei, minha filha. Pode deixar, não se preocupe – Lily estudou o pai, enfiava suas bagagens na mala do carro; os poucos cabelos grisalhos escondidos sob o boné, nunca saía sem um boné. – Ligue quando puder, tá bom?

— Claro, mãe. Te amo – acenou para a ruiva que fungava; entrou no carro e seu pai girou a chave na ignição.

— Também te amo, Lil.

A viagem durou pouco mais de uma hora. A garota e o pai a fizeram em silêncio. Parte dela queria ficar; sabia que não seria fácil para os pais. Mas esse emprego a faria bem, sair de casa a faria bem. Precisava de algum espaço, estar longe de Cambridge, já tinha ficado lá por tempo demais; ela poderia voltar quando quisesse, afinal.

— Lily... – começou quando estacionaram em frente ao prédio em que Marlene morava. Prosseguiu após um suspiro. – Me desculpe pelo último ano, filha – ela fazia sinal negativo com a cabeça.

— Pai...

— Eu não queria que nada daquilo tivesse acontecido, eu... – os olhos dela marejaram.

— Pai, vamos, pare com isso. Já tivemos essa conversa antes. Está tudo bem – se abraçaram, desajeitados, sobre o câmbio do carro. – O senhor não precisa daquilo, e se sentir que precisa, ligue pra mim, ok?

— Ok – os dois fungaram. – Eu te amo, cenoura— ela sorriu.

— Te amo, pai.

Ela e Marlene passaram o restante do sábado arrumando as coisas. O apartamento era pequeno, mas tinha um quarto livre, o que já era suficiente. Depois de ajeitarem tudo, apesar de cansadas, a loura insistiu para que Lily se trocasse; “fala sério, Lil! A gente tem que sair!”, dizia ela. Acabaram indo a uma festa para a qual Marlene tinha sido convidada; a ruiva até reviu algumas pessoas de Hogwarts.

O domingo serviu para descansarem, finalmente. Passaram a tarde, e boa parte da noite, assistindo filmes na Netflix – tiveram a sensação de que acabaram com toda a lista de comédias românticas do site. Na segunda-feira, Lily acordou bem cedo, para que não houvesse nenhum tipo de atraso. Pegou um taxi e logo adentrava o prédio do Profeta Diário para o seu primeiro dia de trabalho.

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