50 Tons - Sem Saída

Emoções que transbordam e o vestido.


— Mas eu não posso aparecer para encontrar as duas vestida desse jeito. O senhor mesmo disse que minhas roupas descrevem outra pessoa, não a neta de um bilionário. – Discuto com senhor Astolfo pela manhã, consegui encontra-lo no hall quando ia sair de sua casa.

— Não me interessa mais. Agora que já está tudo acertado, você que vá se encontrar com suas futuras sogra e cunhada como puder. Não gasto mais um centavo com você, não é mais problema meu. Diga que é seu estilo molambento do dia a dia. – Meu avô me olha com desprezo enquanto fala comigo, está totalmente impaciente e sisudo.

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— Certo, o senhor é quem sabe. Mas fique avisado de que pelo que fiquei sabendo iremos a lojas de grife e sei lá mais o que. E o contrato ainda pode ser quebrado, já que não me casei ainda. – Digo de braços cruzados e batendo o pé impacientemente a sua frente, meus olhos estão queimando sobre os dele. Ele bufa como um cachorro raivoso e começa a gritar.

— Carina!!! – Uma mulher de cabelos pretos e pele clara surge, é a governanta. Mesma pessoa que me recebeu quando cheguei.

— Sim senhor.

— Arranje uma blusa descente para Anastácia, você tem alguma blusa de marca? – Ele pergunta sem paciência alguma.

— Tenho senhor, mas não são novas. – Carina parece confusa enquanto fala com meu avô, talvez até um pouco passada.

— Não importa, desde que seja melhor do que esse trapo que ela está vestindo é o suficiente. Eu pago o valor que você pagou pela blusa quando comprou. – Não sei o que há de tão errado com minha regata branca, sei que não é de marca e está um pouco velha. Mas é claro que também entendo que as Éllenis não estão acostumadas com esse tipo de vestimenta. – Dê a blusa para ela agora.- Depois de dar as ordens senhor Astolfo vai embora tossindo e reclamando de mim para si mesmo.

— Eu vou trazer uma jeans, acho que vai cair melhor com essa sua calça despojada. – As palavras de Carina saem de forma cínica, a forma então como chama minha calça de despojada é de nojo. Calça rasgada está na moda sua amargurada. É minha vontade de dizer, apesar de que essa os rasgos foram feitos por mim, depois que o primeiro apareceu no joelho da calça. Ela volta rapidamente e me entrega a blusa de jeans mole, vou para o lavabo que fica aqui próximo do hall e me troco, para acompanhar minha roupa estou com um allstar um pouco velho e surrado, mas que é confortável. Qualquer coisa digo que: para dias de compra e trabalhos longos gosto de conforto e praticidade.

...***...

— Este é Kirkin o seu cerimonialista. – Grace me apresenta o homem de cabelos pretos e olhos azuis, rosto comprido e vestido num terno meio xadrez cinza com uma camisa roxa. Estamos em um quiosque em um largo próximo às ruas que são cheias de lojas.

— Ah meu Deus! Você é linda! Vai ser um prazer organizar seu casamento senhorita Kaligarys! – O mesmo me cumprimenta apertando minha mão. Ele é tão alegre, tem um astral para cima.

— Obrigada, me chame de Anastácia. – Digo retribuindo o sorriso. Não quero que fiquem me chamando pelo sobrenome que não me representa como pessoa.

— Nós já preparamos o roteiro Ana...Posso te chamar só de Ana ? Ficou meigo... combina com você! – Mia diz me olhando docemente quando nos sentamos novamente.

— Claro. – Sorrio fraco, é duro lembrar que os únicos que me chamam assim é mamãe que está em outro país tão longe e José que tenho raiva só de lembrar. E pior sempre gostei de ser chamada assim parece tão carinhoso, mais intimo.

— Ótimo! Então Ana vamos passar por duas lojas de vestidos de noiva, nelas só encontraremos as melhores grifes e estilistas. Isso para começar. -

— Mas o seu estilo parece ser mais despojado, casual, um pouco boho. Seu vestido vai seguir essa linha?- Kirkin me pergunta com doçura, não percebo desprezo pelas minhas roupas. Eu sorrio, não sei o que dizer, nunca pensei em me casar, em usar vestido de noiva.

— Ah não Kir, ela só se veste assim em dias cansativos para ficar mais confortável. Ana tem o vestido mais desejado da Chanel da ultima coleção, aquele azul turquesa incrível! Ela tem gosto apurado para moda, o vestido tem que seguir essa linha mais fashionista! – Mia o responde com muita empolgação e fico até aliviada, porque realmente acho que essa decisão vai ficar nas mãos deles.

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— Calma Mia! Ana querida, você quem vai escolher o seu vestido. Acho que ela segue a linha mais romântica... – Os três então começam a discutir sobre estilos, marcas, meu biótipo, meu tom de pele...acabo divagando por meus pensamentos.

— Está tudo bem Ana? Fique tranquila querida você vai saber qual é o certo quando o vestir. – Grace acarinha minha mão sobre a mesa enquanto fala comigo, acho que percebeu que fiquei perdida. Sorrio para ela e balanço a cabeça afirmativamente.

...***...

Estou dentro do provador da segunda loja, na primeira não consegui gostar de nada tudo era com brilho demais, umas rendas em excesso, com muitas camadas de um tecido que aprendi se chamar tule, que faz com que o vestido pareça um bolo confeitado, mas elas preferiam chamar de estilo princesa. Eles diziam que eu estava bonita, mas percebi que devem ter notado meu desconforto. Estou começando a me apavorar e seu não gostar de nada? Vou me casar enrolada num lençol ou envolta em panos de prato? Respiro fundo olhando minha imagem no espelho, como estava com um sutiã de alças que atrapalhava o visual de alguns modelos, Mia me fez comprar um sutiã de bojo sem alças para ficar mais prático. Acabei sabendo por elas que Christian me mandou um cartão sem limites para os gastos com a organização do casamento, acho que essa era uma clausula do contrato: que as despesas totais referentes ao casamento são de responsabilidade do mesmo. Me lembro que na reunião na hora de assinarmos os papéis na ilha, ele chamou senhor Astolfo de sovina e que as tradições eram que a família da noiva pagasse pelo casamento. Mas meu avô disse que não se responsabilizaria mais por gastos referentes a mim a partir do noivado. Ele então acabou dando de ombros, tudo pela empresa não é mesmo?!

— Meu corpo...- Passo as mãos pela minha barriga reta, minhas pernas roliças, viro para olhar meu bumbum. Olho-me no espelho que ocupa toda a parede a minha frente e fico pensando será que se eu e Christian chegarmos realmente a fazer sexo ele vai me achar atraente? Será que nua eu sou bonita o bastante?

— Ana você já se vestiu? Quer ajuda? –Kirkin sussurra para mim de fora do provador. Estamos separados por uma cortina grossa azul, o espaço de dentro é enorme para um provador. E a loja é linda, gigantesca, as vendedoras todas vestidas de preto. Ficamos em uma área mais reservada no andar de cima, onde só há três provadores como esse que estou lado a lado. Em frente há um sofá branco grande e mais algumas poltronas brancas também. Creio que seja uma espécie de área VIP.

— Ainda não, qualquer dúvida te chamo. – Respondo, já que nem toquei no vestido pendurado ao meu lado. Na primeira loja a vendedora ficou comigo durante todas as provas, mas nessa disse que preferia que Kirkin me ajudasse a vestir, gostei do jeito dele e esse negócio de toda hora um estranho me ver nua não me agrada. Ele acabou contando ao longo das conversas que é gay, então me senti muito mais a vontade com ele. Quando tiro o vestido do cabide percebo que é impossível realmente vestir um vestido de noiva sozinha. - Preciso de sua ajuda Kir. – Sussurro e ele adentra o provador sorrindo.

— Não é uma tarefa fácil querida! Ãn ãn. – O mesmo fala de forma engraçada e começa a me ajudar.

...***...

— Esse já vai ser o terceiro vestido só nessa segunda loja Kir, e agora se eu não achar o vestido? Eu posso só dizer que eu amei e pronto para qualquer um e está resolvido não é?! – Estamos dentro do provador, já me sinto desesperada. Não aguento mais provar nada.

— Tenha calma minha linda, além do que não acho que sua cunhada e sogra vão aceitar que você vista qualquer coisa. E meu amor o rosto de uma noiva não mente, seus olhos vão brilhar quando estiver dentro do vestido certo. – Kirkin segura meus ombros, nos olhamos pelo espelho. Sorrio fraco. – O difícil é que não sabemos qual estilo você gosta então você já provou quase todo tipo de modelo. Tudo fica lindo em você Ana... Qual modelo você imaginou usar no seu casamento quando você era menina? – Seus olhos são de expectativa nos meus, começo a pensar...durante a infância não soube ainda sobre a esterilidade, foi somente no inicio de minha adolescência que em uma consulta médica mamãe pediu que a ginecologista me contasse. Antes disso brincava com minhas bonecas que por não terem várias roupas novinhas, eu amarrava alguns panos com barbante dizendo serem seus vestidos de festa ou casamento. Então eu gostava dos justos em cima e mais soltos em baixo. Isso...

— Eu gostava daqueles justos de cima até os joelhos e depois soltos com uma calda comprida. – Kirkin me olha com emoção, acho que porque meus olhos estão cheios de lágrimas. Mas só eu sei que são pelas lembranças da minha infância e de como descobri que sou estéreo. Tinha esquecido dessas minhas brincadeiras, ele me perguntou várias vezes hoje em ambas as lojas sobre como eu me imaginava casando mas simplesmente não conseguia responder, só dizia que não tinha um estilo definido, que na hora teria que gostar e só.

— Certo minha linda, vou procurar o seu vestido especial. Vista o roupão e me aguarde no sofá com as garotas. – Kirkin sai e me deixa no provador, visto-me e caminho em direção a Grace e Mia, que estão tomando champanhe.

— O que houve? Não vai mais vestir nada? – Mia me pergunta preocupada, as duas me olham com cautela.

— Kir foi buscar algo especial. – É só o que consigo dizer. Mia se levante e diz que vai ajuda-lo então somos só eu e minha futura sogra lado a lado no sofá. A mesma segura minhas mãos e me olha nos olhos.

— Deve estar sendo difícil para você minha querida estar preparando seu casamento sem sua mãe. Nenhum de nós durante o jantar de noivado achou que seria apropriado perguntar, mas agora que estamos sozinhas: o que houve com sua mãe? – Percebo total cautela e doçura com as palavras por parte de Grace, ela parece até um pouco temerosa de me perguntar. Meu coração fica gelado, sinto um frio em meus braços, os esfrego, dói demais realmente não ter o apoio de nenhum familiar, ainda mais a última pessoa no mundo que se importa comigo, sinto tanta falta dela.

— Desculpe Grace, eu prefiro não falar sobre esse assunto, tanto quanto sobre os acontecimentos que ocorreram aqui na minha infância. São muito delicados para mim e prefiro só pensar no casamento e em coisas boas. – Minha voz sai fraca, meus olhos ardem um pouco, não quero pensar nessas coisas. Além do mais como vou explicar que mamãe não poderá vir ao meu casamento?! Eles iriam desconfiar e acabar descobrindo tudo. Recebo um abraço maternal de minha futura sogra, que afaga meus cabelos enquanto fala comigo.

— Tudo bem, não se preocupe. Nenhum dos membros de nossa família te incomodará mais com esse assunto. Eu imagino como deve ser difícil para você. Aquele acidente que levou a vida de seu pai foi realmente terrível, nos deixou em choque. Sabe, tinha um grande carinho por ele Ana, o conheci ainda criança, ele era um ótimo rapaz. Não fique triste, saiba que sempre estarei aqui quando precisar de uma amiga ou um abraço de mãe. – Suas palavras e seus carinhos em meus cabelos me deixam totalmente entregue, lágrimas escorrem por meus olhos nunca tinha tido uma demonstração de tanto cuidado antes. Quem sabe um dia possa perguntar mais a respeito de papai para ela, já que só me restaram lembranças de tão pequena, mal pude conhecê-lo verdadeiramente. Seco minhas lagrimas rapidamente, não quero que ela as perceba, já chega desse drama todo. Respiro fundo e saio do seu abraço. Sorrio para a mesma que sorri de volta e acarinha meu rosto.

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— Muito obrigada Grace, você é uma pessoa especial. – Posso ver que ela se emociona com minhas palavras e sorri sem graça. Então pega sua taça sorve mais um gole de seu champanhe e pergunta se eu não quero um pouco em vez de água que é só o que venho tomando, enquanto ela se rendeu a bebida borbulhante desde que chegou a essa loja e Mia desde a primeira que visitamos. – Não obrigada, água está bom para mim. – Digo com tranquilidade.

— Você tem algo importante para me contar Ana ? – Fico confusa, o que será que ela quer saber? Olho para suas mãos em cima das minhas em meu colo e para seu rosto, molho os lábios, estou ficando nervosa.

— Tudo bem querida, você já sabe que pode confiar em mim. Você está grávida? – Fico em choque, sinto suor escorrendo por minhas têmporas. Com certeza meus olhos estão saltados como faróis acesos.

— Desculpe perguntar assim, mas é que você e Christian decidiram se casar com tanta pressa. Vocês vão me dar um netinho? – Grace me olha com um misto de curiosidade, empolgação e sentimentalismo. Vejo emoção em seus olhos principalmente ao falar ‘netinho’. Me dá um nó na garganta. Como posso enganar essa mulher assim? Não está certo nem é justo isso. E quando ela souber que nunca vai poder ser avó?! Ela vai me odiar. Droga!

— Não Grace, me desculpe eu não estou grávida. – Digo com pesar para ela, claro que não queria estar grávida, muito menos sendo daquele ogro do Christian Grey Éllenis. Mas me sinto triste por decepciona-la.

— Tudo bem, não precisa se desculpar. Vocês terão muito tempo pela frente e eu quero muitos netos tá bom?! – Grace sorri animada para mim e dá um tapinha em minha mão antes de solta-la. Essa conversa só está piorando!!! Passam-se mais alguns minutos e conversamos sobre outros detalhes do casamento. Ela vai anotando e selecionando coisas de uma lista em um tablet conforme eu vou dizendo se gosto ou não. Então surgem Kirkin e Mia com os olhos brilhando e um sorriso gigantesco nos lábios de ambos. Me chamam e lá vou eu com ele para o provador novamente. Quando acabo de me vestir e Kir me vira para o espelho fico chocada, é o vestido mais lindo que já vi. Abraça minhas curvas completamente, é delicado e meigo, mas também é sexy e provocante. Fico encantada.

— Nossa...você está deslumbrante! – Kirkin diz de boca aberta. – Vem vamos mostrar para nossas espectadoras. – Me puxa suavemente e abre a cortina do provador, me segura pela mão e caminha comigo até que eu suba em uma plataforma redonda grande que é um degrau acima do chão, a qual já tinha subido anteriormente por duas vezes. Então levanto os olhos e me deparo com dois pares de olhos vidrados em mim, as duas começam a bater palminhas e estão com sorrisos brilhantes nos rostos. Acabo sorrindo enorme também.

— Você está linda!!! – As duas falam em uníssono. Mia completa dizendo: divina e perfeita.

— Vai querer um véu para completar senhorita? - A vendedora olha para mim sorrindo também. Olho para Kirkin que sorri e diz que tipo de véu a moça deve buscar. Ela volta e eles prendem o meu cabelo e o véu nele, nesse momento estou de costas para Mia e Grace. O véu é muito comprido e fica além da calda do vestido, é bem fininho quase transparente, em seu entorno tem uma renda muito elegante e ele cobre o meu rosto ficando até abaixo dos meu seios. Quando viro para a senhora e senhorita me verem ouço um oh coletivo. Puxo o véu para descobrir meu rosto e percebo que Grace começa a chorar, um choro muito discreto, o que também ocorre com Mia e até Kirkin. Então as duas sobem na plataforma e me abraçam cheias de carinho, o meu cerimonialista faz o mesmo e quando vejo a vendedora arrastou um espelho enorme apoiado numa plataforma com rodinhas para que eu me veja. Olho para minha imagem e acabo me emocionando também. Não acredito que vou me casar, estou tão linda, mas ao mesmo tempo é em condições tão tensas e complicadas, também fico triste por isso.

— Então Ana vai ser esse? – Mia me pergunta fungando em um lenço de papel que deram para ela, a vendedora deu vários lenços de papel para todos nós alias.

— Sim, esse é o meu vestido. – Todos começam a aplaudir e sorrir, eu acabo me contagiando e sorrindo muito também.