Something.

Capítulo 3


McCartney se aproximou de mim, carregando a incredulidade na face e sua voz saiu espantada:

— Você não se lembra da promessa?

Foi então que uma lembrança se projetou em minha mente.

Agora

*Flashback on*

Eu, Paul, John e George corríamos pela Strawberry Fields, tínhamos respectivamente 10, 8, 10 e 7 anos e como éramos crianças, ficava mais fácil correr por aqueles campos sem sermos vistos.

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Estávamos pegando alguns morangos e ao mesmo tempo em que comíamos, colocávamos outros na sacola, mas um grito conhecido invadiu nossos ouvidos.

— É LOUISE! -exclamou Paul, correndo em direção ao grito da irmãzinha de apenas 4 anos. Havíamos deixado a pequena correndo atrás de algumas borboletas, mas parece que a situação não era mais tão simples.

Ao acharmos Louise, ela estava toda arranhada e seu joelho sangrava muito. Seus cabelos que antes estavam presos em um rabo de cavalo agora pareciam um ninho de rato.

John pegou a menina no colo, Paul tentou arrumar seus cabelos da melhor forma que pôde, eu peguei água para lavar seus machucados e George a fazia rir, assim ela não ligaria muito para a dor dos cortes.

Já na casa de Paul, Mary, sua mãe, cuidava dos ferimentos da filha de maneira adequada, como uma verdadeira enfermeira. A loirinha contava para a mãe como tudo aconteceu e a mesma não parecia zangada, até se divertia com a danadeza da pirralha.

George, John e eu já estávamos de saída quando McCartney nos propôs uma promessa que fizemos sem pestanejar: Jamais machucar e sempre cuidar da nossa menininha.

*Flashback off*

Sorri com a lembrança, mas o sorriso desapareceu na hora em que encarei o baixista.

— Eu lembro da promessa Paul, me desculpe, mas não tínhamos algo sério e...

— Você não entende nada de mulheres Ringo? -ele me interrompeu. - Elas se apegam, se apaixonam e esperam o melhor do parceiro! Mas esqueça isso, eu não vou te bater ou nada do tipo, apenas saiba que quando a poeira abaixar, você terá que fazer as pazes com ela e vocês nunca mais terão nada, entendido?

Respirei fundo, eu não conseguiria esquecer aquela jovem tão cedo. Eu sei que beijei outra, também sei que tudo isso é contraditório, mas ela me prende de uma maneira inexplicável.

— Paul... -tentei começar, pois eu queria explicar a ele esse sentimento, mas fui interrompido, de novo, por um berro.

— SAIA DAQUI ANÃO MISERÁVEL, EU NÃO QUERO SABER DE NADA! -vociferou. Lancei um olhar a ele, que parecia um pouco arrependido por me dizer aquelas palavras, mas em vez de esperar por algum outro ataque de raiva, saí do estúdio, deixando Lennon e Harrison com o furioso McCartney.

Paul

Observei Ringo sair. Eu estava tão irritado! Um de meus melhores amigos, meus tesouros, havia machucado a minha princesinha! A minha Louise! Mamãe disse que eu sempre deveria a proteger e defender, mas quando a deixo um pouco livre, ela se fere. Se eu tivesse prestado mais atenção no relacionamento daqueles dois, se ele tivesse cumprido a promessa...

— Macca! -John grita, tirando-me de meus devaneios. Faço uma careta. - Não fique com raiva, você sabe que aquele baterista irresponsável faz dessas... Diga a Young Macca que ela pode conseguir gente muito mais bonita e talentosa que aquele narigudo safado! Ela é jovem e bonita, vai sair dessa... E diga também que ela sempre pode contar o melhor amigo dela aqui! -sorriu e apontou para si mesmo como se dissesse ''eu sou o rei delas''. Soltei uma risada e George me acompanhou.

— Diga a ela que também pode contar comigo. -acrescentou Harrison, com um olhar distante e sonhador. - Não somos amigos, mas ficar ao lado dela nesse momento pode mostrar que temos potencial para sermos algo do tipo.

— Ok, eu mandarei o recado. -suspirei fundo.- Antes de ir, vou passar no mercado e comprar algumas coisas que serão úteis para ela. Tchau gente, qualquer coisa, me chamem no whatsapp. -avisei, fechando a porta.

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[...]

Cheguei em nosso apartamento com duas sacolas na mão; em uma havia alguns remédios para cólica e absorventes (não me perguntem como foi comprar essas coisas, vocês já sabem a resposta), na outra tinha chocolate e alguns filmes de romance água com açúcar que minha irmã tanto gostava.

Fui até o quarto onde a porta era decorada com fotos do The Rolling Stones (tentei não pirar) e bati de leve. De imediato, uma voz abafada me convida para entrar.

— Olá Paul -ela sorriu fraco, vindo ao meu encontro. Seus olhos estavam vermelhos, mas nada muito escandaloso. - O que tem nessas sacolas? -perguntou, confiscando as mesmas de minha mão e se dirigiu até a cama, que era coberta por uma manta com a foto do Mick Jagger (respira Paul).

— Algumas coisas que eu comprei para você. -respondo enquanto ela esparrama os conteúdos pela cama.

— Chocolates! E... absorventes? -mostra ela, corando.

— É, eu vi que não tinha mais no armário e... bem... resolvi comprar. -coro também.

— Obrigada Paul. -ela recoloca tudo na sacola e assim que ela termina, eu a puxo, fazendo com que deite em meu colo.

— Agora conta pro irmãozinho Paulie o que você está sentindo. -ela ri, se aconchegando em meu colo, igual quando éramos crianças.

— Ah Paul, eu não quero falar sobre isso. -ela me lança um sorriso triste. - Não posso, pois aí eu começo a chorar e não consigo parar! -reclamou, alcançando um pedaço de chocolate na sacola atrás de mim.

— Ok, ok, -relutantemente, concordei. Quando Louise menos esperava, a peguei no colo e a levei para a sala. Ela me batia, me arranhava, me xingava, mas eu não me importava, pois o olhar triste ganhava um brilho de divertimento.

Deixei-a no chão e sentei no sofá, enquanto ela se aninhava em meu colo, dessa vez sem convite.

— Ligue a televisão. -apontei o controle para ela. - Podemos até assistir aquela sua série sem graça lá, como é o nome? Ah sim, Game of Thrones. - fiz drama, fingindo irritação. Ganhei um tapa no braço.

— Não, obrigada. -agradeceu meigamente, enquanto ''amaciava'' minha cara com uma almofada. Quando dei por mim, já estávamos no meio de uma guerra.

Após horas de batalha, sentei no sofá, ofegante e perdedor. Olhei para a minha irmã, que estampava um sorriso vitorioso, mas que logo deu lugar a lágrimas que caíam copiosamente e fiz a única coisa que estava em meu alcance, a abracei.

Fiquei ali, mexendo em seus cabelos, como se aquele singelo gesto tirasse a dor de sua desilusão amorosa e assim, minha princesa dormiu e a expressão de dor sumiu, dando lugar a serenidade. Deposito um beijo em sua testa e relembro de algo que mamãe Mary sempre dizia e que se encaixa perfeitamente nessa situação: Deixe estar. Com essa lembrança, durmo feliz, na esperança de que minha doce flor se recupere logo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.