Aconteceu

Capítulo 45


Depois de ter tudo planejado, tivemos que trabalhar mais um pouco. Parecia que quanto mais rápido queríamos acabar com tudo aquilo, mais trabalho surgia. Tinha o efeito contrário, ao invés de diminuir, só aumentava. Isso que dava ficar anos sem viajar para a Holanda. Tinha mais negócios pendentes do que imaginava. Mas pelo menos tinha Ana e apenas a presença dela já fazia com que tanto trabalho fosse tolerável.

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Estávamos no meio da tarde, Ana sentada com os olhos vidrados em algo no computador, totalmente concentrada, enquanto eu analisava outro investimento, quando Mere chegou.

— Vocês já chegaram? Desculpem-me, fui no mercado comprar algumas coisas e acabei demorando mais do que devia. Estão com fome? Ora, é claro que estão! Que pergunta a minha – disse em um só folego e Ana riu.
— Eu estou sem fome. - Ana disse.
— Eu também, então não precisa se incomodar. E não vamos jantar em casa hoje, Mere – Ana me olhou confusa e eu pisquei pra ela. Provavelmente ela estava passando a minha agenda na cabeça se perguntando se esqueceu de alguma coisa.
— Não vão? Fiz algo que desagradou vocês? – perguntou Mere alarmada.
— Como se isso fosse possível. Você é uma deusa na cozinha. – Ana disse.
— Vamos sair hoje. Quero mostrar algumas coisas pra Ana na cidade. – ela corou, sorriu e desviou o olhar para a tela do computador. Eu amava quando seu rosto era atingido por esse rubor adorável.
— Ah, uma noite pro casal. Eu logo devia ter percebido. Que cabeça a minha – ela riu, de nervoso. – Vou deixar vocês. Se precisarem de qualquer coisa, é só gritar. – ela se virou. E eu olhei pra Ana que ainda sorria. – Ah, quase esqueci. – Mere, que estava quase na porta, deu meia volta e se aproximou de mim. – Ligaram do seu escritório. Logo que vocês saíram.
— Do meu escritório?
— É. Uma moça queria falar com você. Como é o nome mesmo? – ela bateu a mão na testa como se isso fosse fazê-la lembrar.
— Deve ser a Alice – Ana disse. – eles não conseguiram falar com a gente pelo celular, devem ter tentado aqui.
— Tem razão. – eu disse
— Não era esse o nome. – Mere disse. – Era Junia... Julia. Não! Era Juliana. Esse o nome. Sabia que não me esqueceria, eu nunca me esqueço de um nome. Estou velha, mas nem tanto.
— Ela disse o que ela queria? – perguntei e Ana ficou um pouco mais branca que o normal.
— Queria saber se estava em casa. Perguntou se eu sabia quando estaria, se eu sabia sua agenda. Eu! Ora essa. Eu? Em coisa que eu tenho cabeça pra acompanhar cada movimento seu. O senhor tá em cinquenta lugares ao mesmo tempo. É impossível que eu soubesse de alguma coisa. Mas ela disse que ligaria mais tarde.
— Ela queria saber a minha agenda. – eu repeti para ninguém em especial.
— O senhor tá com problemas de audição? Foi o que eu disse.
— Não. – de um sorriso fraco pra Mere – obrigado.
— Vou indo então. Já sabe, se precisar... estou logo ali. – e então ela saiu.

Depois de alguns minutos Ana se levantou e lentamente deu a volta na mesa, claramente pensando no que aquilo significava.

— É a segunda vez que ela tenta saber da sua agenda. – ela disse.
— Não entendo. Por que ela quer saber de cada passo meu?
— Não foi o assalto. – Ana disse mais pra si mesma do que pra mim.
— Do que está falando?
— A grande coisa que vai acontecer enquanto estamos fora. Não foi o assalto. Alguma outra coisa vai acontecer. E pra essa coisa acontecer, você não deve estar trabalhando. Teria que ser em seu tempo livre. Por isso ela tentou acessar meu computador na Duarte, por isso ela ligou. Ela precisa saber os seus horários para o plano dela dar certo. – isso fazia total sentido – não sei o que é, mas eu tô com medo. Ela não é quem eu pensava.
— Não é. Mas fica tranquila. Vamos dar um jeito nisso. Ela não vai conseguir enganar a gente por muito tempo. Seja o que for, não vai dar certo. Nada de mal vai acontecer. – eu ainda conseguia ver o medo em seus olhos então a puxei para os meus braços e a abracei, só ai me dei conta de que ela tremia. Eu precisava tranquiliza-la, então resolvi antecipar meus planos em algumas horas. – Quer saber? Chega de trabalho por hoje! Por que não toma um banho pra a gente sair? Eu falei sério, quero te mostrar algumas coisas. Você não pode voltar pra casa só sabendo que existem algumas ruas que tem vogais dobradas no nome. - ela riu e revirou os olhos e pareceu ainda mais adorável.
— Aonde vamos?
— Você disse que eu ia ser a caixinha de surpresas da noite não foi? – ela sorriu – Então me deixe surpreendê-la.
— Ok.

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Ela subiu para o quarto e tentei montar o quebra-cabeças de tudo o que estava acontecendo. Apesar de tudo, eu estava feliz. Queria fazer Ana feliz, e nada nesse mundo ia atrapalhar nossa relação. Eu ia garantir isso. Mas Ana estava sendo afetada por todo esse turbilhão de acontecimentos, então a única coisa a se fazer seria tentar resolver tudo o que estava acontecendo. Como se eu pudesse. Não estava gostando desse jogo de Juliana e me incomodava o fato de não saber qual era o próximo passo dela. Não queria me sentir acuado e era exatamente assim que eu estava me sentindo. Pra me livrar dessa sensação horrível, fiz a única coisa que poderia fazer. Peguei o meu celular e liguei para Juliana.

— Alô? – ela disse.
— Juliana. Como vai?
— Rafael! Bem, como vai a Holanda?
— Do mesmo jeito de sempre, só que com um pouco mais de chuva.
— Isso não deve ser bom pra ver. Sei como adora o sol.
— Soube que estava me procurando.