As 7 Notas da Vida

Capítulo 3


Sim, Ana Fletcher tem um namorado.

Matthew Stanford, um dos melhores amigos de Tom e melhor amigo de infância de Ana, tornou-se namorado da garota há mais de um ano. Ele é mais velho que ela e Tom, atualmente tem seus 21 anos e já está na faculdade. Matt, como é chamado pelos amigos, é totalmente o oposto de Ana, música clássica não faz o seu tipo, é o típico garoto clichê de filmes americanos, a diferença é que ele joga Rugby. E isto é o que nos faz questionar como começaram a namorar e por quê? Por ele ser amigo de infância, isto fez com que Matt compreendesse as diferenças entre ele e a garota e ter um contato mais íntimo, o que o fez despertar o interesse por ela e o mesmo aconteceu com Ana por ele. Difícil acreditar que Ana, a conservadora musical e crítica à tudo, poderia amar alguém tão diferente dela? Talvez sim, porém... o que por fora aparenta ser uma garota difícil, por dentro é apenas uma garota como qualquer outra.

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Bia soube sobre Matthew por acaso. Passado os seis meses em que Ana estava no instituto, acabou ouvindo sem querer uma suposta discussão entre ela e o namorado... ela chorava, e isto fez com que Bia sentisse que devia consolá-la e foi aí que Ana contou sobre seu namorado. Ultimamente eles têm discutido a cada ligação que um fazia para o outro, talvez fosse pelo desafio de ter que manter um namoro a distância e talvez fosse por isso que Bia insistia em fazer Ana sair junto dela.

— Então o nome dele é Matthew, uh? – Danny pensou alto após o que Bia contou, coisa que ela não devia ter feito e sabia que iria se arrepender. Ela conhecia muito bem Danny Jones.

— Parece que perdeu o desafio, Jones. – Ben riu ao ver a expressão no rosto do amigo que olhava pela vidraça, diretamente para Ana que tocava ao piano. Por conta da sala ter abafador de som, ele não conseguia distinguir a música.

— Então parece que temos um outro desafio em cima deste. – Danny sorriu.

Bia sem entender nada, virou-se para voltar a sala, mas assim que pegou na maçaneta, a porta se abriu e deu de cara com Ana segurando sua bolsa e algumas partituras na mão. Ana franziu o cenho ao ver os garotos que havia visto no pátio do instituto.

— Terminou de praticar? – Bia perguntou sem saber como reagir.

— Sim, logo vai anoitecer e se você quer que eu vá nesse festival, vou precisar de tempo para achar uma roupa. – Ana respondeu sem dar atenção aos dois garotos. Ben não sabia o que falar e Danny... bom, ele apenas sorria ao colocar a guitarra nas costas.

— Tudo bem, vai na frente. Eu vou pegar minha bolsa e encontro você depois. – a amiga sugeriu e Ana concordou com a cabeça.

Ela olhou brevemente para Danny e mandou um sorriso simpático para Ben já que ela o conhecia, e então foi andando pelos corredores deixando os três para trás.

— Vocês vão ao festival de fogos? – Danny perguntou.

— Sim – Bia foi até o canto da sala de piano e voltou com sua bolsa no ombro – E digo mais uma vez para que não esqueçam: Ela namora!

Bia trancou a sala e seguiu o mesmo caminho que Ana para encontrá-la.

Ben e Danny foram para o caminho contrário ao delas e logo o guitarrista pronunciou-se:

— Quem ela pensa que nós somos?

— Vamos neste festival? – Ben o ignorou com outra pergunta, virando a cabeça para olhar uma garota que passou por eles com um violão nas costas.

— Com certeza, meu amigo!

[...]

A noite fria que cai sobre Cleveland faz com que o corpo de Ana se arrepie no instante em que o vento a atinge. Ela aperta o sobretudo marrom sobre si a fim de que o frio que sentia diminuísse e então pede a Bia, que estava ao seu lado assoprando e esfregando as mãos, para que fossem numa barraca que vendesse algo quente a elas e assim fizeram. Aquele lugar onde ocorria o tal festival de fogos estava mais cheio do que Ana pudesse imaginar. As barracas eram bem iluminadas e não havia uma que não estivesse aglomerada e com filas. Enquanto as duas esperavam sua vez na fila para comprar alguma bebida quente, Ana olhava para todos os detalhes que decorava aquele lugar; Era como uma noite de natal... só que em época errada, era tudo tão colorido e iluminado que ela podia se sentir como criança novamente, estava maravilhada. Havia muitas pessoas do instituto por ali e mais uma vez sorriu. Não perdeu a oportunidade de pegar o celular em seu bolso e tirar foto do lugar para mostrar ao pai e ao irmão onde estava.

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— Dois Café Irlandês. – Bia pediu quando chegou a vez delas. – Beba e não diga nada. – Entregou o copo quente para Ana que olhou desconfiada.

— O que tem aqui dentro, Bia?

Bia não disse nada, apenas deu um gole da bebida dela e esperou com que Ana fizesse o mesmo e quando o fez, não sabia distinguir e dizer se o sabor era bom ou forte demais.

— Café, creme e um toque de uísque para esquentar a noite. – Por fim Bia respondeu o que havia na bebida e Ana riu ao dar mais um gole. Realmente estava esquentando, mas era uma boa bebida.

As duas tornaram a andar pelo festival e vez e outra uma comentava sobre alguma coisa daquele lugar ou sobre as pessoas, até que Bia ouviu som de violão e teve a ideia de chamar Ana para ver o que era. Geralmente nestes festivais sempre tem alguma atração, imaginaram que talvez fosse uma. Se aproximaram da aglomeração e então as meninas viram que não era uma atração própria do festival, era apenas Danny com seus amigos tocando algumas músicas, elas se entreolharam e continuaram por ali mesmo, ouvindo o que tocavam.

Danny tocava animadamente I Wanna Hold Your Hand de Beatles até que sentiu seu ombro ser tocado. Era Ben. O amigo apontou para as pessoas que o assistiam tocar e cantar até que viu a quem Ben se referia, era Ana acompanhada por Bia. A duas conversavam entre si enquanto tomavam algo que Danny não sabia o que era, mas achava que poderia ser algo quente por ver a fumaça sair do copo que seguravam.

— O que vai fazer agora? – Ben perguntou sem tirar os olhos das garotas que ele admitia estarem muito bonitas para ele, Danny achava o mesmo.

Bia, assim como Ana, usava um sobretudo preto que cobria um belo vestido coral por baixo, deixando exposta suas finas pernas revestidas por uma meia-calça também preta e nos pés um simples coturno. Ana, ao invés de optar por um vestido como Bia, achou que seria melhor usar apenas uma camisa branca e uma calça com uma "cor nude" por baixo do seu sobretudo marrom. Visual simples, mas que realçava o ar calmo de Ana e mesmo assim ela conseguia atrair olhares para si. As duas conversavam entre si enquanto a música não começava, foi aí que Danny lembrou-se do pouco que Bia havia contado a ele e então teve sua brilhante ideia.

— Vou improvisar.

Ben saiu de perto e foi para junto do público para assistir o que viria a seguir.

— Essa música eu acabei de criá-la, espero que gostem. – Danny disse em alto som às pessoas e elas aplaudiram, inclusive Ana e Bia que olhavam atentas para o rapaz com o violão apoiado no colo.

Ele começou a tocar acordes aleatórios no violão e olhou diretamente para Ana que não percebera este ato, até que ele começou a cantar.


Ana Bolena guardava uma lata
Em que estavam todas suas esperanças e sonhos
Ela planeja fugir com ele para sempre

Pode sentir o nó que está em sua garganta
Está chovendo e ela deixa seu casaco em silêncio
Desculpe-nos, mas nós discordamos
O garoto é um verme, você não vê?

Nós iremos arrancá-lo da história

Ana, incomodada com as palavras e o olhar do garoto sobre si, dirige-se à Bia que também não sabia o que fazer. Ela só pensava em como Danny era idiota a ponto disto.

— Por que parece que ele está cantando para mim? – Perguntou segurando o braço da amiga sem tirar os olhos do rapaz que continuava a cantar.

— Não sei... impressão talvez? – Disse o que queria que fosse, apenas uma impressão. – Quer ir para outro lugar? – Ofereceu.

Ana disse que sim e as duas saíram daquele meio. A garota ainda estava incomodada e na hora lembrou de Matt. Ela sabia que manter uma relação a distância não seria nada fácil, ela confiava no namorado, mas ele não confiava nela, o que tornava o que já era difícil cada vez mais complicado para ela. Já passou milhares de vezes pela cabeça dela a opção de terminar com o rapaz, ela não suportava o cargo de ter que aguentar e "superar" as brigas e discussões com ele, mas como um coração cego, ela acreditava gostar de verdade dele e tinha esperanças de tudo voltar ao normal assim que voltasse a Londres. Só mais alguns meses! Era o que ela repetia a si mesma sempre que Matthew vinha a sua cabeça.

Ana sacudiu a cabeça a fim de dispersar o desconforto que estava começando a sentir e virou-se para Bia.

— Podemos sentar um pouco? Não aguento mais ficar em pé e no meio de toda essa gente. – Ana pediu enquanto jogava o copo que estava em suas mãos em um lixo.

— Claro, tem um bar aqui perto. Podemos ficar por lá enquanto os fogos não começa, lá não passamos frio.

Ana seguiu os passos de Bia a caminho desse tal bar. O festival estava tão cheio, mas tão cheio que foi um desafio conseguir andar ou dar um único passo sem esbarrar em alguém. Chegando ao bar, Bia olhou relutante para a amiga, assim como todo o evento, aquele lugar também estava aglomerado e bem movimentado, Ana só queria descansar um pouco e sem dar resposta alguma a amiga, a puxou pela mão e entrou no meio daquela multidão.

Ben dá um tapa tão forte na cabeça de Danny que o guitarrista deixa o líquido que bebia cair um pouco no violão pousado em seu colo. Os olhos do garoto é fixado no pobre instrumento molhado, quando sua fixa cai do ocorrido, vira-se extremamente nervoso e confuso para Ben. Quer deixar Danny totalmente fora de si? Mexa nas coisas dele, especialmente nos amados instrumentos do rapaz. Antes que ele pudesse xingar o amigo e revidar o tapa, o guitarrista finalmente percebe as duas meninas logo na entrada do Bar. Ben é salvo pelo gongo.

— Só não quebro esse violão na sua cabeça porque ele é muito especial para isso! – Danny diz enquanto seca o violão e então procura as madeixas cor de fogo de Bia.

O bar tem um estilo rústico e antigo, várias garrafas de uísque, vinho e outras bebidas alcoólicas são postas sobre um balcão como forma decorativa. Nas paredes, quadros de pinturas e Ana jurou ter visto uma cabeça de algum animal próxima a entrada. As duas amigas por sorte encontraram dois lugares vagos ao lado do balcão com as bebidas e perto do banheiro. Havia tantas pessoas juntas num lugar só que Ana tirou o sobretudo do corpo sentido o calor começar a surgir.

— Vou ao banheiro, está bem? – Bia precisou gritar para que a amiga ouvisse. Ana assentiu e logo ficou sozinha, mas não por muito tempo.

Danny, entre sorrisos e sussurros com Ben, encaminhou-se até a pianista. Quando parou atrás da garota, sem que ela visse, ele piscou de um olhou para o amigo e este caminhou em direção aos banheiros. Danny com o violão nas costas, senta-se no banco onde Bia estava, surpreendendo Ana.

— Procura alguma coisa? – Ana pergunta tentando parecer rude.

A garota desde que entrara para o instituto, não gostou de Danny. Nunca se falaram diretamente, Ana evitava sempre que podia algum contato com o guitarrista. Ele a irritava. Ela não conseguia estudar em paz sem que ele e os amigos começassem a tocar e cantar em alto som, o que a incomodava, mas atraia os olhares de outros. Danny lembra muito o estilo de Tom, a forma de falar, cantar, se vestir... se ela não conhecesse Tom, diria que ele e o guitarrista seriam irmãos de tanta semelhança.

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— Apenas um lugar para sentar – Danny tira o violão das costas e o apoia sobre o balcão. – Mas se quiser, posso sair. Não quero incomodar ninguém.

Ele e seu maldito sorriso galanteador.

— Então saia, por favor.

Não era uma resposta que Danny esperava, o que o faz ficar sem reação precisa. Com uma risada descontraída e sem jeito, Danny ignora o que a garota disse tornando a conversar com ela.

— Então – Ele pigarreia e se ajeita no banco. – Soube que você faz aula com o Ben, piano, certo?

Ana nada responde, tenta ignorá-lo de todas as formas possíveis. Bia desceu pela privada?! Onde ela se meteu? Danny, com muita paciência, tenta mais uma vez algum diálogo com a garota e torce para que desta vez funcione.

— Por que piano? – O guitarrista pergunta e enfim Ana olha para o garoto. Sabia que se perguntasse sobre algo que ela gostasse, surtiria efeito. Tão previsível.

— O piano é um dos instrumentos mais bonitos que eu conheço. – Danny percebe o brilho nos olhos da garota e sorri. – O som, a história, o arrepio quando uma nota é tocada, tudo. Quando toco... é como se tudo ao meu redor parasse, é um meio para eu colocar tudo o que sinto em cada tecla tocada e... – Ana ao perceber com quem estava falando e ver que este sorria furtivamente, retomou sua posição. – Esquece, você não deve entender nada do que falei.

— Como assim? – Danny sentiu-se verdadeiramente ofendido com o comentário da garota. – Eu sinto a mesma coisa quando toco meu violão ou guitarra... sabe, música não se define apenas à Beethoven ou qualquer outro compositor famoso.

— Eu não vejo sentido em rock, pop ou qualquer outro som popular. – Ana rebate virando seu corpo para ficar de frente ao guitarrista. – é só barulho e mal entendo o que falam.

Danny poderia muito bem estar ofendido com as palavras que Ana usa, pois assim como ela, o garoto é apaixonado pela música e pelo o que faz, mas ele apenas se diverte com o debate que acaba de surgir. O guitarrista fica na mesma posição que a garota, ficando de frente a ela.

— Pode emprestar seu celular, por favor? – Danny pede mudando o rumo da discussão.

— Para quê?

— Não vou roubá-lo, quero provar que você está errada.

Ana, relutante, tira seu celular do bolso do sobretudo e entrega ao garoto que o pega sorrindo.

— Ben, quer sair da minha frente? – Bia empurra o garoto alto e magro parado a sua frente e impedindo sua passagem.

— Desculpe, mas tenho que mantê-la aqui.

Assim que Bia deixou Ana sozinha para ir ao banheiro, antes que pudesse voltar, encontrou com Ben parado em frente a porta do banheiro bloqueando sua passagem, como um segurança só que alto e sem estrutura de segurança, mas forte o bastante para não deixar com que a ruiva passasse. Ela sabia que tinha Danny na história.

— Eu juro que se vocês fizerem alguma coisa a Ana, vou furar os olhos dos dois. – Bia exclama irada tentando em vão empurrar o garoto.

— Você não tem altura para isso. – Ben ri.

Bia comparada aos dois rapazes, era extremamente pequena. Mal batia no peito deles. A garota sentindo-se mais irritada ainda, usa toda a sua força para pisar com seu coturno em um dos pés de Ben. A pisada foi tão forte que ela pode sentir a dor nela mesma enquanto Ben xingava e se contraía. Mais um pouco e ela chutava outros lugares.

Ao se libertar de Ben, Bia seguiu em direção ao hall do bar a fim de encontrar Ana, mas antes que fosse até a amiga, a garota estacou no lugar surpresa por ver o que não queria e o que não esperava.

— Olha aqui, não precisava de toda aquela força – Ben aparece atrás da ruiva mancando. – Ei, o que foi?

Ben segue o olhar fixo de Bia e por um momento também se surpreende, mas logo um sorriso surge em seu rosto. Ana saindo acompanhada por Danny para fora do Bar.