Laços

Encontros


Terminei meu banho e escapuli para o meu quarto, trancando a porta.

Tinha ouvido vozes diferentes, então alguém “de fora” chegou.

Depois que os pais da Stelfs voltaram do mercado, e o pai dela começou a lutar com o pernil, terminamos de fazer todas as comidas e deixamos tudo no jeito.

Stelfs foi a primeira a ir tomar banho, depois foi a Ester no banheiro dela, e eu fiquei por último.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Me desenrolei da toalha e me vesti. Coloquei o vestido especial, azul bebê com gola em coração e mangas e colo em uma renda fininha.

Me sentia uma boneca com ele. COISA MAIS LINDA!

Peguei meu espelho de mesa e a bolsa de maquiagem e deixei em cima da escrivaninha.

Passei creme de pentear nos meus cabelos recém pintados de azul turquesa e “amassei” para ativar os cachos.

De repente, ouvi toques na porta.

— Bia? — Escutei a voz abafada de Nathaniel.

Sorri involuntariamente e corri até a porta, a destrancando e abrindo. Olhei para fora, o vendo vestido com uma calça jeans azul escura e uma camisa social azul claro — que era bem parecido com o tom do meu vestido — com as mangas dobradas até os cotovelos e sapatos pretos sociais.

— Que chique, hein. — Brinquei e terminei de abrir a porta para ele.

— Igualmente. — Entrou e eu voltei a trancar a porta. — Você está linda.

— Eu nem terminei de me arrumar. — Dei uma risadinha

— Mas já está linda para mim. — Depositou um beijo na minha bochecha.

— Você também está maravilhoso. — Retribui o beijo no rosto. — Veio cedo.

— Eu já terminei as coisas lá em casa. Achei que você já estaria arrumada.

Me afastei e me sentei na cadeira, abrindo a bolsa de maquiagem.

— É que os pais da Stelfs vieram e decidiram ir comprar mais coisas pra ceia, e acabamos ficando mais tempo arrumando as comidas. Aí fiquei por último para me arrumar.

— Ah, eu trouxe já as comidas, deixei lá em cima da mesa e a Ester colocou o sorvete no freezer.

— Okay. Obrigada por trazer. — Lancei um rápido olhar para ele, antes de começar a passar um pouco de base no rosto.

Nathaniel sentou na beira da cama, para o lado da mesa e ficou me vendo trabalhar.

— Gostou da cor? — Apontei para o meu cabelo, enquanto passava sombra em uma pálpebra.

— Gostei sim, combinou com você... Mas você fica bem com qualquer cor, então... — Terminou dando de ombros.

Eu ri. — Sabe que eu também acho? — Brinquei.

— Ah, que bom então. — Deu risada e levantou, e se abaixou, dando um beijo no meu pescoço. — Quer ajuda com alguma coisa?

— Já que você quer tanto, vai ali no meu guarda roupa e pega uma bolsa preta, na segunda porta.

Ele foi até lá e abriu o guarda roupa, já vendo a tal bolsa e a pegou, voltando para a cama. Abriu e tirou a minha câmera de lá.

— Você será a fotógrafa da vez?

— Pois é. Aí dentro tem a bateria, coloca na câmera, por favor... Eu carreguei ontem de noite.

Assim Nathaniel fez, ligando o aparelho e vendo se estava tudo certo.

Dez minutos depois, terminei de me arrumar e coloquei meus sapatos. Passei um pouquinho de perfume, e Nathaniel fez questão de me dar um abraço só para o cheiro ficar nele também, e depois saímos do quarto.

A sala já estava cheia de gente e eu logo saquei a câmera tirando foto de todo mundo. Stelfs e sua mãe tinham voltado, e eu aproveitei a interação de família deles para tirar várias fotos sem perceberem.

Peguei também várias cenas da Ester olhando para o Lysandre, enquanto eles conversavam com Rosalya e Leigh.

Bom, tirei fotos de todo mundo e mais um pouco, para ninguém reclamar.

Nesse meio tempo, Stelfs saiu sei lá para onde, e voltou um pouco depois com Castiel e a renca da banda. E...

Ai, merda.

Fiquei ali parada na entrada do corredor dos quartos com a câmera nas mãos, vendo os garotos da banda entrando e cumprimentando quem estava por perto.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Júlio era um deles, usando uma calça jeans, camisa social branca e suspensórios. Era bem o estilo dele. Mas seu cabelo já não estava mais turquesa igual antes, e sim natural, castanho.

Fiquei meio sem graça.

Fazia um tempinho que não conversávamos. Não que eu deixei de falar com ele quando voltei com o Nathaniel. Continuamos conversando bastante, mas as indiretas tinham parado, e ficávamos falando sobre milhões de coisas que não tinha nada a ver com relacionamentos ou mesmo sobre nos vermos de novo.

Mesmo depois que eu mudei meu status de relacionamento no facebook para “em um relacionamento sério com Nathaniel”, continuamos conversando, mas como ele estava sempre ocupado com a banda, nossas conversas foram ficando mais curtas.

Agora, se ele usou a banda como desculpa para se afastar, eu já não sabia.

Se o Nathaniel sabia das conversas? Não sei. Ele pegou meu celular diversas vezes nos momentos de tédio, mas nunca falou nada. Não que eu tenha algo a esconder.

Mas agora, ao vivo e a cores, não sei como ele reagiria ao ver Júlio aqui.

Vi Nathaniel perto da porta da varanda, conversando com a tia Simone e o tio Gustavo. Ele não tinha visto os novos convidados ainda.

Meu estômago deu uma apertadinha de nervoso, e notei que Stelfs estava me olhando da ilha, com uma cara de “que que essa menina tá fazendo parada ali?”.

Ela andou até mim.

— Não me bate, Bia, por favor — disse meio aflita, meio rindo. — Eu não podia simplesmente dizer pro Júlio ficar sozinho lá enquanto todos eles vinham pra cá.

Fiz uma careta de “não sei se rio ou se choro”. — Tudo bem, Stelfs. Mas eu tô meio nervosa agora.

— Faz um tempo que vocês não conversam, né?

— Faz... Nem sei como ele vai reagir... Mas, se ele veio, já era de se esperar que eu e o Nath estivéssemos aqui, né?

Stelfs deu uma olhada pra trás. — Será que vai dar treta?

Acabei rindo. — Não acho que os dois sejam de tretar, mas nunca se sabe.

— Quem será que ia ganhar? — perguntou zombando.

— Para com isso, mulher. — Ri e dei um empurrãozinho de leve no braço dela. — Se sair briga, já fala pro Castiel se preparar pra pegar o amigo dele, hein.

Ela começou a rir. — Tá, aviso sim. — E voltou para perto do Castiel.

Assim que ela chegou lá, vi Júlio a olhando e, pela perspectiva, acabou me vendo ali parada. Ele abriu um sorriso e acenou de onde estava.

Acenei de volta, meio tímida, e ele andou em minha direção.

— Biazinha. — Se aproximou e me deu um abraço apertado. — Como você está?

Retribui o abraço, apesar de estar meio nervosa. — Bem, e você? Cadê seu cabelo colorido, meu? — Nos soltamos.

— Ah... — Passou a mão nos fios. — Dá muito trabalho e eu fico com preguiça. — Riu.

De relance, vi Stelfs nos olhando, e Castiel olhando para ela como se ela fosse doida.

— A beleza dói, Júlio, precisa saber disso. É o que a minha mãe sempre diz. — Sorri, olhando para outro lugar e acabei vendo Nathaniel olhando em nossa direção.

Ai meu coração. Ele vai acabar parando.

Júlio olhou rapidamente para onde eu tinha olhado e soltou um riso. — Imaginei que seu namorado estaria aqui. Ele é ciumento?

Hesitei um pouco. Eu realmente não sabia se era. — Acho que não.

— Então não tem problema se eu conversar com você?

— Claro que não. — Dei de ombros. — Não é assim também, né.

— Não sei, tem cada louco por aí. — Brincou.

Ri e balancei a cabeça. — Não precisa se preocupar com isso.

— Então vamos lá, você me apresenta para ele e fala que eu não sou perigoso. O que acha? — Sorriu, me dando uma cotovelada de leve no braço.

— Posso te apresentar, mas pula essa última parte, vai — falei, começando a andar.

— Tá bom. — Deu risada, me seguindo.

Parei do lado do Nathaniel, fazendo o grupinho se abrir um pouco, e Júlio parou do meu lado.

— Esse é o Nathaniel, meu namorado — apresentei. — Esse é o tio Gustavo e a Tia Simone, tios da Stelfs.

Júlio estendeu a mão para o Nathaniel, e por um momento fiquei com medo de que ele não a aceitasse.

Mas Nath sorriu e apertou a mão dele, as balançando duas vezes. — Olá, Júlio.

Respirei aliviada enquanto ele cumprimentava os outros dois.

— Que isso, Bia — exclamou tia Simone. — A essa altura eu já sou sua tia também.

— Ah, desculpa, tia — falei chorando, de brincadeira.

— Tá perdoada. — Riu, divertida.

Então ela começou a puxar assunto com o Júlio, que respondia com entusiasmo.

Olhei para o Nath, que parecia entretido na conversa dos dois, e me olhou.

Então, ele segurou minha mão e me deu um pequeno sorriso.

Meu coração se acalmou um pouco, e eu o puxei dali.

— Onde você vai? — Ele quis saber, estranho.

Abri a porta da entrada e saímos para o corredor do hall. Mas vi que uma porta de outro apartamento estava aberta, com algumas pessoas por ali.

Segui para a saída de emergência e parei no primeiro degrau, e fiz Nathaniel ficar no degrau abaixo.

— Que foi? — Ele perguntou confuso.

Me aproximei e cerquei seu pescoço com os braços, o beijando. No mesmo instante, ele abraçou minha cintura e me colou nele, retribuindo o beijo com vontade.

Nos beijamos até meu maxilar ficar dolorido, e eu me afastei um pouco, rindo.

Ele sorriu. — O que deu em você? Não que eu esteja reclamando.

— Ah... — Suspirei. — Sei lá. Eu... fiquei muito feliz com a sua atitude com o Júlio.

— Achou que eu ia arranjar briga? — questionou com tom zombeteiro.

— Eu não, quem achou foi a Stelfs. — Fiz cara de inocente. Ele olhou bem para mim, como se esperasse mais. — Eu só fiquei receosa — admiti.

— Eu não arranjaria briga, e muito menos trataria ele mal — explicou, colocando uma mexa do meu cabelo atrás da orelha. — Eu entendo ele. Aliás, se eu fosse ele, também ia ficar interessado em você. — Deu um sorriso orgulhoso.

— Ah é? — Sorri e dei um selinho em seus lábios.

— É claro. E eu não tenho motivos para ser ruim com ele. E também não tenho o porquê ter ciúmes, certo?

— Certíssimo. Tem que ter confiança no seu próprio taco.

Uma sobrancelha dele levantou. — Eu tenho. — E riu.

— Bobão. — Dei risada e o beijei de novo.

Ficamos lá mais um tempo, só nos beijões e beijinhos. Até que resolvemos voltar, de mãos dadas e sorrindo.

Magina que ninguém ia perceber que estávamos dando uns amassos.

Mas fingimos que ninguém percebeu.