Laços

Deu mole, já era!


Tinha passado o feriado IN-TEI-RO (!) fazendo os benditos slides pro Seminário que ia ter na próxima semana. Já não bastava ser de Sociologia da Comunicação, ainda tinha que ter Weber no meio. Estou cansada.

Abri um bocejo prolongado, esfregando os olhos e voltando a encarar a tela do meu notebook. Dez slides e não estou nem no meio do troço. Soltei um bufado, pensando na vida, quando o barulho de guitarra cortou o silêncio e me assustou.

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— Ah, não... — falei pra mim mesma, olhando pra porta do meu quarto.

Não pode ser.

— Eu não acredito que você tá fazendo isso, Castiel... — Coloquei a mão na testa e respirei fundo.

Hoje não, querido.

Saí do meu quarto em um atropelo, batendo a porta com raiva e passei andando duro pelo corredor, ignorando a Bia que já se preparava pra começar uma treta também. Abri a porta de entrada do apê e caminhei pelo hall, parando em frente à porta dos meninos e batendo com força.

— Castiel! — gritei do lado de fora.

Como se ele fosse me escutar.

Bati mais uma vez e com mais força na porta.

— Lys! — Mais um berro.

Então o elevador parou e olhei pro lado, vendo Jonh saindo pela porta de emergência.

— Boa noite, Stefany. — Ele me cumprimentou e fez uma cara estranha quando escutou a barulhada que tava no nosso andar. — Castiel de novo? — perguntou meio divertido, meio preocupado e eu não soube, no fim o que ele tava mesmo.

— É... vai vendo — disse em um suspiro, enfiando minhas mãos no bolso do moletom e encarando a porta.

— Quer que eu chame o síndico? — Ele se prontificou.

— Não — respondi rápido. Se o síndico chegar aqui, vai ser dureza, viu? — Eu vou tentar falar com ele — expliquei com um bico.

E se possível sair viva dessa.

— Tudo bem, então — Jonh me respondeu com um sorriso engraçado. — Ei, será que você poderia me fazer um favor? — Concordei com a cabeça. — Entrega esse documento aqui pra ele? — Eu peguei o envelope grande que ele me estendeu. — Obrigado.

— De nada — respondi e ele saiu, não antes de me desejar um “Boa sorte”.

Ai, Castiel...

Eu encarei aquele envelope totalmente branco e o virei pra ler o remetente, quando Lysandre abriu a porta e eu o olhei com um bico torto. Ele me deixou entrar, encostando a porta.

— Perdão, não consegui escutar a porta — me pediu e só soube o que ele falava porque fiz leitura labial. — Ester me avisou que você deveria estar vindo aqui.

Eu abri um sorriso reconfortante.

— É mole isso, Lys? — falei alto e indignada e ele sorriu fracamente da minha gracinha.

— Eu tentei convencê-lo, mas ele simplesmente me ignorou. — Vi que Lys estava tão cansado quanto eu e revirei os olhos.

— Ai... esse querido, ainda vai nos matar do coração qualquer dia desses — brinquei divertida com ele e suspirei, indo até o “estúdio”.

Parei na porta, olhando pra ele com uma expressão de poucos amores. Castiel finalizou a música com um acorde extraordinário e barulhento e me encarou com seu sorriso triunfante no rosto.

— Veio apreciar o show? — Fez debochado.

Revirei os olhos com uma expressão de tédio.

— Você quer parar de gracinha? — eu falei e cruzei os braços, quase amassando o bendito do documento junto.

— Que é isso? — Castiel perguntou meio atônito ao ver o envelope nas minhas mãos.

— Isso? — Descruzei os braços, mostrando o tal do documento. — Jonh pediu pra te entregar — respondi indiferente, estendendo o pacote pra ele.

Ele pegou o envelope feito um “The Flash” e deixou ele em cima da mesa da escrivaninha. Parecendo que queria esconder isso de mim. Que esquisito...

Respira, Stefany, isso é coisa da sua cabeça.

— Vou dedicar essa pra você. — O escutei falar, com aquele sorriso imbecil enfiado no rosto.

E já ia continuar tocando, quando eu corri na direção dele e segurei seu braço.

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— Para, caramba — comentei nervosa, sentindo que o cansaço tava quase me impedindo de ser uma pessoa cordial. — Que saco, Castiel. Será que não dá pra você se comportar como uma pessoa normal pelo menos uma vez na vida? — Me irritei e senti que meu tom de voz tava subindo.

Se segura, menina. Senão a coisa vai ficar preta.

E o que ele fez? Sorriu. É, com direito a meia boca e desdenho.

— Por que a mocinha tá arrisca assim hoje? — lançou essa e senti meu cérebro ir em outro mundo e voltar.

Como lidar?

— Não tem como conversar com você, né? — joguei essa, largando o braço dele e dando meia volta, saindo dali.

Caminhei pela sala, irritadíssima com aquele momento e querendo evitar qualquer quebra pau.

Sim, eu estava nervosa pra caramba. Tipo, muito mesmo.

— Ei, espera aí. — Escutei isso mais o meu braço ser segurado por ele e eu ser virada no mesmo momento.

Encarei seus olhos cinzentos pra mim e vi que ele tinha uma expressão confusa no rosto.

— Que que tá acontecendo? — me perguntou.

Fora o fato de você querer me deixar surda? Nada.

Suspirei.

Vai ser sempre assim, não é?

— Olha, — eu comecei a falar, respirando fundo e tentando manter um tom de gente civilizada. — Eu tô cansada, tô tentando estudar e meu cérebro tá quase fritando de cansaço, então, será que você poderia cooperar pelo menos um pouquinho? — pedi em quase um sussurro. — Eu tô muito estressada, sério — me expliquei, preparando meu coração pra próxima frase torta dele, mas ao invés disso...

— Vem cá.

Senti meu braço ser puxado por ele e meu corpo bateu contra o dele em questão de segundos.

— Que esse stress vai se resolver num instante — falou com um sorriso nos lábios e se inclinou na minha direção, ficando bem próximo de mim.

— Eu odeio quando você faz isso — eu soltei em um sussurrado, sentindo um sorriso se desprender dos meus lábios e dos dele ainda mais.

E fui beijada. Ele enfiou os dedos pelo meu cabelo, fazendo um carinho relaxante e desfazendo o coque (muito mal feito, diga-se de passagem) que eu tava. O enlacei pelo pescoço e me entreguei a esse momento, mesmo que não tivesse forças pra muita coisa. Começamos a andar pela sala enquanto nos beijávamos, até que senti meu corpo ser virado de repente e em questão de segundos, cai com tudo em cima do corpo dele.

— Ah, meu Deus! — Me desfiz daquele beijo e gritei em um susto.

Castiel começou a rir horrores com aquilo. Comecei a rir logo depois, me deliciando com esse momento.

Ele tinha se lançado no sofá comigo.

— Seu besta — impliquei, sem disfarçar minhas gargalhadas.

Foi aí que ele riu ainda mais, enlaçando minha cintura com uma das mãos e continuando a mexer no meu cabelo com a outra.

— Eu sei que você gosta de altas emoções — ele sussurrou pra mim daquele jeito convencido dele.

O olhei, estreitando os olhos na direção dele.

— Até porque se não gostasse, não estaria com você, né? — soltei meio alfinetando, meio com sinceridade e ele abriu seu sorriso charmoso.

— Exatamente, mocinha — rebateu, estreitando ainda mais aquele abraço e me beijando mais uma vez.

E ficamos assim por alguns segundos. Castiel encerrou aquele beijo, mas continuou olhando pro meu rosto, que, no mínimo, deveria estar coradinho. Eu dei um sorriso sem jeito e afundei meu rosto no peito dele pra fugir daquele olhar insistente pra cima de mim. Ele abriu um espaço no sofá e me deitei, sendo amparada pelos ombros por ele e me deitando boa parte no seu braço e a outra em seu peito.

Ele ligou a televisão e começou a assistir o jornal, enquanto eu abria um bocejo preguiçoso.

— Vê se não baba em cima de mim — ele soltou cheio de graça, ainda olhando pra tv e dei um soco no ombro dele.

— Ridículo — briguei e ele riu, me olhando com um sorriso tão lindo que acabou com meu coração. — Até parece que sou eu que fico babando por aí. — Mexi com ele e Castiel fechou a cara, voltando a olhar pra tela.

Comecei a rir da minha vitória e dei um beijo rápido na bochecha dele, me aconchegando entre seus braços e fechando os olhos.

...

— Castiel!

Misericórdia!

Acordei em um tiro com Castiel se sentando de repente no sofá mais assustado do que eu.

— Lysandre! — Mais uma vez.

Ele se levantou rápido e meio agitado e tentou sair do sofá com tanta rapidez, que acabou mesmo foi caindo dele. Enquanto isso, eu ainda tentava entender quem era eu e qual o sentido da vida (quê?).

Castiel soltou um xingamento qualquer que eu nem consegui ouvir e andou apressado pela sala. Me virei pra frente do sofá, meio sonolenta ainda, escutando Castiel abrir a porta desajeitado e olhei pra cima, tentando (AINDA) entender o que tava acontecendo.

— Que foi? — Escutei ele perguntar.

E em seguida, tudo que ouvi foi a risada da Bia.

Ah, caramba, deu ruim.

— Caiu da cama, Castiel? — Era a voz e a risada da Ester.

Droga, droga, droga... Inventa uma desculpa qualquer cérebro, anda.

— Desembucha logo: que vocês querem aqui? — Ele foi curto e grosso. Clássico, não?

Fiquei ali, tentando tirar o sono do meu cérebro e pensar em alguma coisa que justifique a minha estadia aqui, mas estava difícil.

— Cadê a Stelfs? — Ester continuou perguntando.

Eita. Não é possível...

Me sentei no sofá, sentindo minha cabeça rodar e fechei os olhos, tentando processar a realidade.

— Se você sequestrou ela, dê um jeito de devolver. — Bia soltou uma piadinha e Castiel gargalhou com vontade.

— E estão dispostas a pagar o resgate, é? — Ah... menino, tu me paga.

Respirei fundo e me coloquei de pé de repente, abrindo mais um bocejo. O ruivo lançou um olhar pra mim, que vinha andando na direção dele. E vi pela greta da porta que as meninas tentaram ver o que Castiel estava olhando. Apareci na porta com a maior cara de pau que você imaginar e tentando fingir que não estava nervosa. Aliás, que é isso mesmo?

— Ninguém vai pagar nada — falei em um tom de brincadeira, tentando abrir um sorriso engraçado, mas no fundo sabia que ia ter mais tarde. — Tô aqui. — Uma risada e um bocejo.

Então vi dois olhos me encararem de repente.

Ah, meu Santo Deus. Já era.

— Que você tava aqui até essa hora, “mocinha”? — Bia cruzou os braços parecendo minha mãe e usou o apelido que Castiel usa comigo, abrindo um sorriso engraçadinho na boca.

Você me paga, Bia.

Castiel olhou pra mim com uma interrogação no rosto do tipo: “Por que raios ela tá te chamando assim igual eu?”. E suspirei.

— Ué, eu fui assistir jornal e acabei cochilando — respondi, bocejando de novo.

O que não é mentira...

Ela soltou uma gargalhada.

— E tava dormindo com o Castiel, é? — Bia soltou essa e meu coração quase de uma parada.

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Como ela descobriu? Não, não, pera... é só uma brincadeira. Sossega, Stefany, sossega...

— Porque essa cara amassada dele condena... — falou com um riso e uma gargalhada.

E ele fechou a cara, cruzando os braços.

— Olha, garota, vai ver se eu tô na esquina que você ganha mais. — Deu essa resposta digna dele.

Eu balancei a cabeça, tentando criar dentro de mim alguma zuação pra esse momento.

— E olha a minha cara. — Apontei pra minha cara cheia se sono. — De quem ia sair da minha cama maravilhosa pra vim dormir em um sofá com o Castiel, né, Bia? — disse meio irritada, fazendo bico.

Droga. E não foi isso mesmo que eu fiz?

Ela riu ainda mais.

— Tá bom. — E deu essa resposta com aquele risinho que ela tem feito desde o dia das fotos.

Hummm... meu álibi não colou.

Espera, — Ester fez um sinal de “pare” com a mão. — Como que de uma treta, vocês terminaram no sofá vendo jornal?

Vai, responde essa agora, sabichona. O que dizer? “Ah, ele me segurou pelo braço, a gente se beijou, caímos no sofá e aí ficamos ali até agora”? Hum, acho que não.

— Eu... Hã... — Arrisquei a dizer alguma coisa, esperando que Castiel pudesse ter uma sacada melhor que a minha, mas ele estava mais perdido que eu e o cego no tiroteio.

Quando de repente...

— Eu convidei a Stelfs para o jantar. — Lys apareceu na sala, respondendo por mim e Castiel também.

Ai, Lys, te amo!

— Pois é! — exclamei, tentando me emendar naquela desculpa. — Eu tretei com o Castiel, o Lys tretou também (quê?), todo mundo ficou de bem — soltei na cara dura, sem nem pensar no que eu tava dizendo. — Aí eu vim pra sala pra esperar o Lys tomar banho pra gente fazer o jantar e acabei dormindo — contei uma baita de uma mentira, abrindo um sorriso convincente. — Claro, cada qual no seu sofá! — expliquei logo depois.

Bia me lançou um olhar de: “Sei, aí tem...” E Ester continuou com uma cara de: “Não entendi nada, mas tudo bem”.

— Aproveita e pode levar ela embora logo. — Castiel “encerrou” aquele diálogo, me empurrando pra fora da porta, quase me jogando pra cima das meninas.

— Êi! — eu gritei indignada e ele riu.

Palhaço.

— Por que não aproveitamos e jantamos todos aqui em casa? — Lys foi cordialmente (como sempre, né?) e todos nós fomos de acordo.

É, se eu não segurar meu pé, vão acabar descobrindo...

...

Eu afundei minhas mãos naquela massa quentinha e comecei a sovar o troço, escutando minha playlist parar de tocar porque alguém estava me ligando. Nem quis saber quem era. Apertei rapidinho o botão do fone e atendi:

— Alô?

— Abre a porta aí pra mim. — Escutei a voz de Castiel do outro lado da linha e balancei a cabeça rindo.

Gente, como pode?

Desliguei o telefone e tirei os fones com cuidado, limpando uma das mãos e indo abrir a porta.

— Você não existe, sabia? — disse quando me deparei com ele parado na minha porta.

— Existo sim, — respondeu abrindo seu sorriso cheio de charme. — Se quiser, pode tocar pra comprovar. — Me veio com essa.

— Ah, tá. — O olhei séria, cruzando os braços. — Pode sossegar seu facho que eu tô ocupada agora — conclui engraçada e fui pra cozinha.

— Ah, é? — Castiel perguntou, me puxando de repente pela cintura e me virando pra ele.

Senti meus cabelos voarem e abri um riso gostoso, olhando pra ele.

— Aaaaah, é. — Dei um selinho rápido nele e passei minha mão suja na cara dele.

— Mas que droga é essa? — ele perguntou em um susto, me soltando e passando a mão no rosto melecado de massa.

Comecei a rir loucamente, voltando pros meus afazeres.

— É pão de queijo — respondi, sovando a massa de novo. — Quer me ajudar?

— Nem matando — respondeu meio rabugento, terminando de tirar a massa da cara.

— Ah, vai. Eu preciso de um braço forte aqui. — Fiz manha na voz, olhando pra ele, enquanto me matava pra terminar de dar liga naquele trem.

Castiel abriu aquele sorriso meia boca dele.

— E o que eu ganho com isso? — Me olhou.

Eu soltei uma gargalhada.

— O prazer da minha companhia — fiz gracinha, toda divertida.

— Engraçadinha. — Cruzou os braços, fechando a cara.

Eu soltei um riso leve e me aproximei dele, dando um beijinho delicado. Então cruzei meus braços em seu pescoço, tomando cuidado pra não sujar ele e o puxei devagar pra lavanderia, enquanto dávamos beijinhos superficiais. Castiel me encostou na parede com cuidado e me beijou pra valer.

Eu me separei dele um tempinho depois, com medo de que a Ester pudesse aparecer ali a qualquer momento. Ele soltou um suspiro longo e passou o dedo pelos meus lábios, me fazendo rir feito uma boba. E desenlacei meus braços dele.

— A gente precisa sair daqui — sussurrei, mas minha fala ficou entrecortada pelos dedos dele que brincavam por ali.

— Hum hum — murmurou, nem prestando atenção no que eu disse e me beijou de novo, de uma maneira tão envolvente que não consegui dizer não.

Perdemos um bom tempo nisso, nos deliciando com aquele momento “só nosso”. Até que Castiel interrompeu o beijo de uma vez, me deixando a ver navios.

— Droga, você parou na melhor parte — falei com um tom chateado, mas altamente divertido.

Ele me olhou, abrindo seu sorriso vaidoso e fez um carinho no meu pescoço.

— Achei que tinha ouvido barulho de porta — me explicou.

Oun, que cuidadoso.

E me puxou contra ele em uma rapidez, me fazendo ter que abrir os braços pra não sujar a roupa dele de pão de queijo.

Fazer o quê, né?

Abri um sorriso e afundei meu rosto. Senti ele afagar meus cabelos e me soltar de novo.

— Agora, chispa, vai. — Me “expulsou” de maneira divertida, me empurrando pela cintura de volta pra cozinha.

Balancei a cabeça, rindo feito uma maluca/boba e depois o olhei com um sorriso idiota na cara.

Ai, meu Deus, eu to MESMO apaixonada.

Ele sorriu de lado com uma piscadinha e puxou a cadeira da bancada, se sentando nela e ficou me observando trabalhar. Terminei a massa e enrolei as bolinhas, enquanto convencia Castiel de acender o forno. Montei as formas com os pãezinhos, sendo acompanhada pelo olhar dele e coloquei elas no forno, juntando todas as louças na pia e aproveitando pra lavar minhas mãos. Olhei pra ele com um sorriso satisfeito, enxugando as mãos no pano de prato.

— Pronto, agora é só esperar — disse com um sorriso simpatia e joguei o pano em cima da bancada.

— E o que a gente faz enquanto isso? — Nem preciso dizer o sorriso que ele abriu né?

— Hummmm. — Me aproximei da cadeira dele e enfiei meus dedos pelos seus cabelos, colocando eles pra trás. — Deixa eu pensar... — falei divertida, encarando seus olhos cinzentos e Castiel não me deu tempo.

Ele me ergueu de repente, me colocando em cima da bancada e ficando de frente pra mim.

— Castiel, seu maluco! — sussurrei sentindo que minha fala era invalidada pelo riso que brotou da minha boca.

A Bia vai me matar!

— Que foi? — ele perguntou, se fazendo de desentendido.

— Seu ridículo — arremessei essa. — Se a Ester chegar aqui, a gente tá perdido — falei bem baixinho e ele fez aquela cara dele.

— Você disse que queria viver perigosamente — disse também em uma voz baixa e escorou as duas mãos na bancada, se inclinando na minha direção.

E fui tomada por ele mais uma vez, nem esperando pra corresponder àquele beijo. Passei as mãos por seus cabelos, brincando com eles e os acariciando. E ele amparou minha cintura, me deixando bem à vontade.

Foi então que...

— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH — Um grito cortou o ar, fazendo eu e Castiel quase termos um infarto fulminante.

Nos separamos em um tiro, olhando pro lado na mesma hora e...

— AHÁ! MAS EU SABIA! — Bia gritou em plena sala, me fazendo ficar vermelha, rosa, roxa, sei lá... todas as cores análogas a essa.

E Castiel me olhar em um susto.

Ain, Droga. Agora foi.

— Não tem pra onde fugir agora, Stelfs — ela comentou divertida, apontando pra mim. — Fim da linha! — E começou a rir feito uma louca.

Castiel me olhou com U-MA cara e eu só sabia sentir vergonha mesmo.

— Que foi isso?! Que tá acontecendo aqui?! — Ester saiu do quarto correndo junto com Lysandre.

Agora que acabou de piorar.

Eu soltei um suspiro, me recompondo daquele flagra vergonhoso.

— Olha ai, Ester, eu tava certa — Bia falou toda animadona, ainda rindo.

— Certo sobre o quê? — A pobre coitada até agora não tinha entendido as coisas.

— Os dois aí. — Nos mostrou com a mão. — Se pegando. — Deu risada. — Não sabem nem ser discretos.

Bati a cabeça no ombro de Castiel, não sabendo onde enfiar minha cara.

— Ah, que droga, cara — soltei um tanto chateada e ele bagunçou meus cabelos, rindo.

— O quê?! — Ester se espantou de repente. — Vocês dois? — Me olhou incrédula. — Vocês tão brincando... — soltou em forma de sarcasmo e eu revirei os olhos.

Okay, né? Quem imaginaria que eu, Stefany, um dia estaria beijando o Castiel em plena bancada da cozinha? É, acho que ninguém...

— As madames já terminaram ou vão continuar dando pití desse jeito? — Castiel me saiu com essa e eu agradeci mentalmente por ele ser grosso (mas quê?).

Não é lindo ele tentando me defender?

— Tá, parei — Bia comentou, tampando a boca com a mãos, contendo o riso. — Tem algo a dizer em seu favor, Stelfs?

Ah, odeio ser o centro das atenções.

Balancei a cabeça em negativo, ainda com ela escondida no ombro de Castiel.

— Não, meritíssima, eu sou culpada. — Ainda tirei coragem pra brincar e a Bia riu ainda mais.

— Fico feliz que agora todos tenham conhecimento desse relacionamento — Lys se manifestou e Ester, junto com Bia, olharam no mesmo instante pra ele.

— Você já sabia?! — Bia exclamou surpresa.

Lys concordou e Ester o encarou com uma expressão abismada.

— Por que você não me contou?

Eita, pleura, é melhor eu entrar na conversa, antes que dê ruim.

— Eu pedi pra ele guardar segredo. — Finalmente tomei coragem e levantei o rosto, encarando todo mundo. — Desculpa, Ester, — Me virei na bancada na direção das meninas. — Mas é que o Lys acabou vendo a gente e tive que pedir pra ele não dizer nada pra vocês. — Fiz bico. — Me perdoaaaaaaaa — falei manhosa, fingindo um choro.

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Ela riu.

— Mas vocês também, hein? Nem sabem ser discretos! — Ester soltou essa pra cima de mim, fazendo todo mundo da sala rir.

Vou te dizer: É mole?

Depois disso, a Bia ainda ficou um tempinho zuando com a nossa cara e a Ester, a todo instante me lançando uns olhares como se quisesse mesmo comprovar. O pão de queijo, claro, terminou de ser assado e todo mundo tomou café lá em casa, para, como Bia mesmo disse: “Introduzir o Castiel na família”.

Apesar de tudo, foi bem divertido.

E apesar de tudo, foi realmente muito bom não ter mais que me esconder.