Cacofonia

Cacofonia


Cette nuit
Intenable insomnie
La folie me guette
Je suis ce que je fuis
Je subis
Cette cacophonie
Qui me scie la tête
Assommante harmonie

Em uma certa noite, a loucura me dominou novamente.

A insônia me persegue.

A cacofonia me serra a cabeça.

“Você nunca será tão bom”.

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“Você é um fracasso”.

As frases se repetiam.

A música dele tocando no salão da mansão. Impecável. Maravilhosa em todos os sentidos.

Um bem que me faz tão mal.

Padeço de inveja. Gostaria de arrancar as mãos dele, ou venerá-las: beijando cada milímetro de pele.

Mozart. Por que você faz isso com meu ser?

Possuo alegria na dor do veneno de suas notas musicais, que ouço admirado.

Intoxico-me com esse veneno-bálsamo como um viciado.

Observo os violinos no canto do meu quarto, e os vejo chorando. As lágrimas caem, pesadamente de suas cordas.

Meus dois desejos violentos voltam: ter você na minha cama, ou te matar? Ainda não consigo decidir.

Tudo nessa maldita madrugada congelante, com neve na minha janela.

Afogo o tédio da existência com a minha melomania por você, Mozart.

Mato minhas fobias compondo arte ruim, para depois, me afogar no vinho. Esquecendo que a arte é ruim por um instante.

“Você é um terrível compositor, Salieri” — minha mente dá ênfase a algo que já sei.

Cale a boca! — grito.

“Você não tem talento”.

Cale a porra da boca — grito.

Ela não me escuta.

Minha consciência quer que eu sofra. Que eu me puna por ser ruim.

Os violinos continuam a chorar. Não consigo acalmá-los.

Observo minhas mãos trêmulas.

Todo meu talento soa falso!

A música dele continua tocando.

Aqui, bem nos meus pensamentos.

Incessantemente.

Pare!

Coloco as duas mãos em minha cabeça.

Me abaixo, e os violinos continuam a chorar.

A sinfonia não para – ela quer me ver sofrer também.

Mozart, você é um grande filho da puta!

Como eu posso te amar tanto, e te odiar tanto?

O desejo se torna minha prisão, para poder perder a razão.

Odeio te amar tanto.

Gostaria de incendiar seu corpo, e te fazer sofrer.

Derreter suas mãos.

Entretanto, você poderia ser meu amante. Sem nunca se afastar de mim. Fique comigo para sempre, ou não saberei lidar com tamanho ódio.

A loucura continua a me observar.

Ela quer que eu me mate logo.

Ela me diz para pegar uma faca afiada.

Não!

Pare!

“Você pagará por seus crimes!”

Ela grita novamente.

“Você é um compositor de merda”.

A loucura continua.

Desço e coloco mais vinho na minha taça.

Bebida é meu remédio.

Acordo no dia seguinte, com uma grande sede na garganta.

A música dele continua tocando na minha cabeça.

Pare!

O desespero é interminável.

Ouço alguém bater na porta da frente, e a abro:

—Saliere? — Mozart me questiona, espantado com minha aparência decrépita.

Ele, tão excepcionalmente bonito com sua roupa de gala...

Inveja.

Ódio.

Desejo.

Loucura.

—Olá Amadeus — murmuro fingindo apatia — entre, por favor.

E foi assim que tudo começou a ficar pior, e pior.

A loucura me dominou completamente.

Mais d'où vient
L'émotion étrange
Qui me fascine
Autant qu'elle me dérange
Je frissonne poignardé par le beau
C'est comme
Dans l'âme le couteau
La blessure traverse mon cœur
Et j'ai
La joie dans la douleur
Je m'enivre de ce poison
À en perdre la raison

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