1... 2... 3...

Um tapa.

4... 5... 6...

Um soco.

7... 8... 9...

Agora, ganhara um olho roxo.

10.

— P-por favor...

Aquele cômodo era repleto de lembranças. Brinquedos, segredos, informações que Nina jamais tivera durante toda a sua vida... há quanto tempo não pisava ali? Ah, sim. Desde que encontrara a caixa de sua mãe. O barulho da mão pesada batendo contra sua pele ecoava no mesmo volume das vozes em sua cabeça. Queria que ela estivesse ali. Ao menos a protegeria.

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— Você pediu por isso, pirralha! – vociferava enquanto a espancava, sem dó.

— E-eu não me arrependo de... nada... – tentava parecer forte, mas era nítido o quanto já estava exausta daquilo. Sua pele ardia a cada golpe desferido nela.

— Pois deveria se arrepender! Eu vou te fazer se arrepender, nem que seja a última coisa que eu faça!

Outro golpe.

Respirou o mais fundo que conseguia. Sentia gosto de sangue. Mal podia raciocinar, mas conseguia visualizar a figura de cabelos negros em sua mente. Um sorriso triste se formou em seus lábios.

— E-eu te amo... – sussurrou.

Tudo parecia escurecer em sua volta. Seus sentidos falhavam, suas memórias fugiam e a garota só desejava morrer de uma vez. Parecia que tudo perdera o sentido, no minuto em que foi jogada no chão e o primeiro tapa foi dado em seu rosto delicado. Queria fugir dali, mas suas pernas não tinham mais forças para levantar, nem sabia como o faria. A única coisa que ainda lhe restava era o amor que sentia perdidamente por um rapaz. Aquele rapaz. Não era justo que não pudesse ao menos se despedir. O que havia acontecido com ele? Onde será que ele estava? Não sabia, porque a partir dali, já não ouvia, via ou sequer falava mais.

Exceto pelo estrondo. Aquele estrondo devia significar alguma coisa.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.