Entre Dois Mundos

Capítulo 25 - Um Téte-a-Téte pouco produtivo


Na manhã seguinte, Charlotte e Amélia levantaram-se bastante cedo para o normal, visto que era sábado, logo, dia de folga. Olhavam para Bella que ainda dormia tranquilamente. Concordaram em deixar a caçadora a repousar no dormitório, de forma a protegê-la de mais um momento que poderia vir a tornar-se tenso e desagradável. Para elas já bastava tudo o que a jovem havia vivenciado na noite anterior, agora o que precisava mesmo era de descansar física e psicologicamente, elas tratariam do resto.

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Apressavam-se a arranjar e a tomar o pequeno almoço, quase que bebendo o leite de um só gole e comendo as torradas de uma só dentada, saindo da residência com as bochechas ainda a rebentar de comida no interior, de tal forma que mal conseguiam mastigá-la.

A passo de corrida, tinha chegado a casa dos Winchester, onde agora, de costas dobradas e mãos apoiadas nos joelhos, respiravam ofegantes tentando recuperar o fôlego.

— Ai valha-me meu santo Merlim que ainda vou chamar pelo gregório. - Mencionava Charlotte agora com uma mão segurando o estômago.

— Nem sonhes. - Alertava-a Amélia endireitando-se, recompondo a roupa e sacudindo o cabelo. - Vá, vá, vê lá se te arranjas mas é que temos de tratar disto agora. Não quero perder o resto do meu dia encafuada numa casa.

Amélia dirigia-se para junto da porta, colocando o dedo indicador direito na campainha, ficando a pressioná-la permanentemente até alguém se ter decidido ao fim de 10 minutos vir recebê-las.

Uma figura ainda com ar bastante ensonado, de cabelo completamente desgrenhado e com o corpo coberto por um robe cinzento e chinelos a condizer, encarava-as diante da entrada.

— Bom dia, bom dia. - Cumprimentava apressadamente Amélia com dois beijos no rosto do jovem enquanto entrava casa a dentro sem pedir qualquer permissão perante o olhar estupefacto do rapaz. - Vamos lá então conversar.

— Hey, hey, Amélia, acalma-te rapariga.. - Era Sam que ali se encontrava. - Eu não sabia que vocês tinham intenções de vir a esta hora pá conversa.

— Ah pois tá claro, deviam tar a pensar que íamos perder o nosso dia todo aqui aprisionadas entre quatro paredes… Há um mundo inteiro lá fora à nossa espera. - Amélia movimentava-se como se representasse um filme dramático.

Charlotte entrava atrás de Amélia levantando apenas ligeiramente a mão em sinal de saudação. Encaminhavam-se ambas para a sala tomando lugar comodamente no largo sofá de pele, aguardando que os rapazes se decidissem a juntar-se a elas para iniciarem a “tal” conversa. Cerca de 15 minutos depois Sam aparece, mas agora num estado mais apresentável e composto, seguido de Castiel. Cada um ocupava uma das poltronas.

Os quatro entreolhavam-se aguardando que alguém tomasse a iniciativa de dar inicio ao diálogo, se bem que Castiel e Sam continuavam sem entender o porquê de tudo aquilo.

— Então e o senhor Dean? - Questionava Cooper enquanto olhava em volta buscando sinal do rapaz. - Anda a fugir às borradas que faz como de costume, né?

— O Dean não dormiu em casa esta noite. Não sabemos nada dele desde ontem à tarde. - Informava Castiel serenamente.

— Hm… ai sim? Não sabem nada do senhor, dizem vocês?.... - A transmorfa encarava-os com ar desconfiado.

— Não nos olhes dessa forma Double C.,se te digo que não sei é porque não sei mesmo e ponto. Não tenho qualquer interesse em estar-vos a mentir. - Castiel assumia uma postura mais séria e um tanto ofendida.

— Ai não têm interesse em mentir-nos dizes tu… - Charlotte confrontava-o com um olhar penetrante. - Então aproveitando que falas nisso, comecemos já por aí.

— Esperem lá, eu já não estou a entender é nada. - Sam esforçava-se para perceber ao que toda aquela conversa se referia.

— Ai não entendes, então espera lá que eu faço-te um desenho. - Indicava-lhe Charlly cada vez mais revoltada com ambos os rapazes.

Prontamente Amélia e a colega explicaram tudo o que Bella lhes havia contado na noite passada da situação que enfrentara na Lagoa perante Dean. Os rapazes escutavam-nas incrédulos. Castiel abanava sistematicamente a cabeça em desaprovação, enquanto Sam escondia o rosto por entre as suas largas mãos.

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— Vocês, em momento algum, acreditaram na sinceridade da nossa amizade por vós? - Questionava-as Sam um pouco magoado não só com as acusações que ouvia bem como as acções do irmão descritas pelas feiticeiras.

— Se não tivéssemos um pingo de fé nisso, não estaríamos aqui neste momento a tentar perceber o que se passa na verdade com vocês, não achas Sammy?- Retorquia-lhe Amélia.

Sam olhava para as jovens sem saber o que lhes dizer. Eis então que a conversa é interrompida pelo abrir da porta da rua que permitia a entrada de um vulto que se encaminhava até aos 4 amigos.

— Dean… chega cá sff. - Castiel chamava-o com ar bastante sério, apesar de calmo.

— Hey, hey, ainda mal cheguei a casa e já tás numa de mãe galinha? Se é para isso dou meia volta e saiu já por onde entrei.

— Dean, por favor senta-te aqui. - Sam puxava duma cadeira fazendo sinal para o irmão se sentar. - A sério meu, precisamos conversar.

Enquanto avançava, Dean olhava de lado para o irmão com ar desconfiado. Tomava lugar na cadeira encarava agora as duas raparigas que o o olhavam de forma fulminante de braços cruzados sobre o peito.

— E vocês, o que fazem aqui em casa a uma hora destas da manhã? Deram numa de despertadores ambulantes com serviço ao domicílio?

— Ah ah ah.- Ria Amélia pausada e sarcasticamente.- Às vezes tens cá uma piadinha que nem sei se ria se chore. Ao menos não andámos na vadiagem a noite toda armados em lobo mau, a ameaçar pessoas.

— Não me olhes nesses modos. Não faço ideia ao que te referes. - Informava-lhe Dean olhando-a de lado.

— Quando a conversa não te cheira foges logo com o cú à seringa, né sô Dean? - Amélia permanecia de olhar fixo e desagradado sobre o rapaz.

Todos olhavam para Dean em expectativa. Dean sentia um certa pressão sobre si face a todos aqueles olhares que lhe caíam em cima.

— Eh pah, eu já sei que sou muita bonito e jeitoso pra caraças, mas vocês importam-se de me explicar de uma vez por todas o que se passa convosco em vez de ficarem para aí a comerem-me com os olhos? - Insistia Dean.

— Ai estás numa de te fazer de esquecido, é? Achas-te muito engraçado assim? - Inquiria-o Cooper com ar de desagrado.

— Oh pah, vão-se mas é todos catar, isto para não vos mandar a todos à merda. Não tenho paciência para gente parva logo de manhã. - Dean ripostava começando a erguer-se da cadeira, sendo porém travado pelo irmão que o segurava num braço indicando-lhe que se voltasse a sentar.

Dean esboçava um ar totalmente contrariado, fazendo o corpo agora descair sobre a cadeira, de braços cruzados e cara amuada. Sam passava-lhe a informar tudo aquilo que ele e Castiel tinham escutado das jovens antes deste chegar. Dean ouvia-o confuso.

— Mas vocês agora deram numa de bater no ceguinho? - Reclamava o caçador. - Agarraram-se-me ao pé e agora para tudo e mais alguma coisa aqui o "Je" é o culpado e causador de toda a porra possível e imaginária.

— A sério que não vais mesmo admitir Dean? Ainda tens a lata de te fazeres de parvo e manteres a farsa depois do que fizeste à pobre da Bella? - Confrontava-o a feiticeira dos Vollmond elevando já um pouco o tom de voz.

— Sim Dean, realmente… - Reforçava Sam - Meu, nós já tínhamos falado acerca daquilo. Tínhamos combinado que não mexeríamos mais no assunto, concluímos que aquilo estava seguro e em boas mãos enquanto estivesse com ela.

— Sim, e?! Eu lembro-me bem disso e tal como vocês foi exactamente o que fiz.

— Então agora estás a dizer que a nossa Bellinha deu numa de mentirosa só para arranjar confusão, é isso? - Interrogava-o Amélia.

— Se não foi olha que parece. E por falar nela, cadê a fofa? - Dean olhava em volta procurando por Bella.

— Ficou no Instituto. Decidimos deixá-la a descansar que a moça bem precisa depois do que lhe fizeste passar ontem. - Informava-lhe Charlotte.– Mas vocês vão continuar a insistir com esta história?

— Dean, pára com os teatros, já chega. Sê homenzinho e admite de uma vez por todas o que fizeste. - Cooper continuava a pressionar o rapaz.

— Mas quantas vezes tenho de te repetir que eu NÃO FIZ PORRA NENHUMA?

— Tu não me grites ouviste bem menino Dean? - Alertava-o a transmorfa elevando um dedo no ar apontado na direcção do rapaz. - Se não fosse o professor Sukru nem quero imaginar ao ponto a que chegarias ontem.

— Sukru? Quê, o tipo vindo lá das arábias que vos dá aulas no Instituto? - Perguntava Dean intrigado.

Amélia abanava a cabeça confirmando-lhe a sua questão.

— Meninas, vamos acalmar os ânimos por favor. - Pedia-lhes tranquilamente Castiel. - Tá visto que algo se passou com o Dean e eu vou encarregar-me de descobrir o que foi.

— Ai sim, e como? - Charlotte olhava-o desconfiada.

— Eu cá me desenrasco, não se preocupem. De resto estamos esclarecidos em relação a este mal entendido certo?

— Sim meninas, a nossa amizade por vós é sincera e livre de qualquer interesse ou segundas intenções como já vos explicámos e penso que vocês puderam constatar isso. - Indicava-lhes Sam. - Peço-vos é que expliquem exactamente o mesmo à Bella, que lhe contem todo este mal entendido e que ela fique segura da nossa amizade e carinho, tanto por ela como por vós e que possamos continuar como antes.

Charlotte e Amélia concordam com o pedido de Sam assumindo uma postura mais branda.

— Eu próprio também me encarregarei de lhe enviar uma mensagem e posteriormente me encontrar com ela. Quero falar-lhe directamente e mostra-lhe que seja o que for que o meu irmão lhe possa eventualmente ter mesmo contado, nada corresponde à verdade. Mas até lá esclareçam-na e sosseguem-na por favor. - Pedia-lhes Sam de uma forma terna e preocupada.

Parecendo aquele assunto estar em certa parte resolvido, apesar da insistência de Dean em negar as suas palavras e acções para com Bella, as duas feiticeiras despedem-se educadamente, ao que Dean não lhes retribui o gesto, mostrando-se ainda ofendido e amuado. As jovens optam por ignorá-lo e retornar ao Instituto.

Ao chegarem, já Bella se encontrava acordada, sentada numa cadeira diante de uma das largas mesas na sala de refeições degustando calmamente do farto pequeno-almoço que se encontrava diante de si.

Toda aquela conversa com os rapazes lhes havia aberto o apetite e, tomando lugares perto de Bella, as duas amigas decidiram desfrutar de um segundo pequeno-almoço, agora mais composto, e saboreado com mais dedicação.

Enquanto comiam transmitiam à jovem australiana tudo o que se passaram horas antes em casa dos Winchester. Bella ouvia-as com bastante atenção, parando algumas vezes a refeição para as escutar mais concentradamente.

No final, a caçadora entendia a atitude de Dean referente ao facto de este insistir em não ter conhecimento algum do que lhe fora relatado, pois Bella lembrava-se do feitiço lançado por Sukru sobre o caçador, o qual não havia mencionado às colegas por não querer arranjar eventuais problemas ao amigo que apenas o tinha feito para os proteger a ambos, especialmente a ela.

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Só não entendia as razões que tinham levado a Dean agir consigo daquela forma naquela noite, mas parecia que era algo que não viria realmente a entender. Por outro lado não sabia se havia de acreditar nas explicações dos outros dois rapazes, sentia-se de pé atrás e iria optar por permanecer assim, num estilo defensivo e de precaução.