If You Were Not Dead.

We would be a Family.


Remus Lupin encarava o túmulo de Sirius Black. Seus olhos estavam pesados pelas poucas horas dormidas nos últimos dias. O aroma de guerra pairava sobre o ar que ele e Nymphadora respiravam naquela tarde fria de Janeiro de 1998, apertou seu casaco contra seu corpo e observou a mulher de cabelos rosas abaixar com certa dificuldade. Tonks deixou um pequeno girassol perto da lápide e colocou a mão em sua barriga, fechou os olhos e lembrou-se do Black mais velho. Era estranho saber que ele estava morto há mais de um ano, ele havia se tornado a ponte entre ela e o auror que estava em pé próximo a ela.

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O velho lobisomem abaixou-se ao ouvi-la soltar um resmungo em um tom choroso. Era doloroso demais, ambos haviam perdido algo aquele dia e ele sabia que ela se culpava pela morte do primo. Deixou seu braço envolver o pequeno corpo da mais nova e fez um leve carinho no braço dela ao que teve coragem de falar alguma coisa pela primeira vez desde que eles decidiram que seria um bom dia para visitar o velho amigo.

— Ele seria um padrinho incrível.

A dor na voz de Lupin fez ela suspirar. Doía como nunca ter perdido o moreno, e ela mal podia imaginar como havia sido para o homem ao seu lado (que havia perdido Black duas vezes).

— Ele foi um padrinho incrível. – murmurou Nymphadora. – Para Harry.

— E seria para Edward. – ele completou e ambos suspiraram olhando para a barriga da mulher.

Ela soltou uma leve risada e encarou-o culpada.

— Sirius faria inúmeras piadas sobre nosso filho.

— E como ele gostaria que ele herdasse meus traços de licantropia. – Remus murmurou pouco amargura e pouco divertido, imaginando como o amigo trataria seu maior medo naquele momento.

— Mas ao mesmo tempo ele diria que você é muito pessimista.

— Eu não consigo evitar, Nymphadora.

A mulher suspirou. Seus lábios encostaram no ombro de Lupin por cima do casaco e ela juntou seu olhar ao dele em um pequeno sorriso acolhedor. Aquela fora a primeira vez que ela não ficara com os cabelos vermelhos de raiva e pediu para que ele não a chamasse pelo nome, era a primeira vez que eles conversavam (de alguma forma) abertamente sobre o que assombrava o mais velho e até mesmo sobre a morte de Black.

Ele olhou para a lápide e soltou uma bufada de ar, como se o ar dentro de si estivesse pesado. Encarou a mulher ao seu lado e deixou suas mãos unirem-se, entrelaçando seus dedos.

— Eu gostaria que aquele dia fosse diferente. – a mulher de cabelos rosas comentou.

— Eu gostaria que muitas coisas fossem diferentes. – ele comentou com os olhos marejados, lembrando-se de todos aquele que tinha perdido na primeira vez que Voldemort aterrorizava o mundo bruxo.

Sem nenhum outro dialogo eles permaneceram encarando a escrita:

Sirius Orion Black.

Marauder. Friend. Loyal.

Quarenta minutos se passaram até Remus decidir levantar-se e ajudar sua mulher a levantar, o vento gelado do início do ano passou por eles e agilmente ele tirou seu cachecol de seu pescoço, levando-o ao pescoço de Tonks, protegendo-a. Trocaram um pequeno sorriso e o licantropo deixou seus lábios irem a testa dela.

— Você não tem culpa. A única pessoa que tem culpa por Sirius estar morto é Bellatrix, lembre-se disso. – murmurou com um pesar na frase e os olhos cinzas da mulher encararam-no em um pequeno agradecimento.

Suas mãos foram unidas novamente e eles começaram a andar para longe do túmulo em silêncio. O silêncio que se instalara entre Remus e Nymphadora era reconfortante, não havia mais o que ser dito, não existiam palavras para descrever a dor, o luto e muito menos a falta que Sirius Black faria para o resto dos dias na vida do casal.

— Remus? – ela o chamou.

— Sim, Dora?

— O que seria diferente? – perguntou curiosa e ele deu uma pequena risada encarando um senhor sentado em um banco próximo que observava os dois com atenção.

— Se Lily e James estivessem vivos eles me amaldiçoariam por ter ido embora há uns meses atrás. – murmurou com um pesar na voz – Perdoe-me por aquilo. – pediu verdadeiramente e ela deu os ombros levemente – Marlene falaria que eu não poderia confiar a Sirius meu filho e Padfoot ficaria uma fera com ela, eles iniciariam uma briga idiota que terminaria na cama. – a mulher observou-o dar um pequeno sorriso.

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— Eu gostaria que as coisas fossem diferentes. Essa guerra estúpida tirou muita coisa de você... E de Harry. – suspirou e ele deu um pequeno sorriso ao olhar para trás e encarar o senhor que os observava abaixado olhando para o túmulo – Mas as coisas podem ser melhores. – completou e então Lupin a olhou com curiosidade – A morte deles e a de qualquer um daqui para frente... É para garantir que Edward e todos os outros consigam viver.

Remus encarou a mais nova e guiou suas mãos até a altura de sua boca beijando castamente o dorso da mão de sua mulher.

— Sirius não morreu em vão. – ele disse por fim em um tom pensativo.

— Sirius não morreu em vão. – ela concordou – E ele nunca estará realmente morto, ele sempre estará conosco. - murmurou pensativa.

[...]

Com muita dificuldade Harry Potter havia conseguido sair do esconderijo dele e de Hermione, sabia que caso a amiga descobrisse ela iria desejar lhe bater com um livro na cabeça mais dez vezes, mas na noite anterior Potter havia sonhado com Sirius, e ele precisava vê-lo. Tinha pego um pouco de Poção Polissuco do esconderijo e antes de chegar perto do túmulo de seu padrinho já podia sentir que estava igual ao senhor de chapéu marrom que ele esbarrou quando escapava de alguns caçadores de recompensa.

O menino que sobreviveu observou Tonks com sua barriga enorme e Remus mais tranquilo, notou que o antigo professor havia o percebido e de alguma forma sabia quem era. Esperou o casal distanciar-se mais para andar até o túmulo e sentar-se em frente a lápide de Padfoot, soltou um suspiro e suas mãos foram até a grama gelada puxando-a enquanto recordava da morte de Black.

— Às vezes eu sinto que sua morte é minha culpa. Na realidade em muitos momentos antes de dormir eu penso que todas as mortes que aconteceram e irão acontecer... Todas elas... São por minha causa. E eu me sinto perdido, eu não tenho a mínima ideia de onde eu devo ir ou o que devo fazer e todo o mundo mágico depende de mim e de algo que eu vou ou não fazer heroicamente.

Harry sentiu seus olhos marejarem e os fechou com raiva.

— Se eu não... Se ele não tivesse me atraído até o Ministério aquele dia você estaria vivo e me ajudaria nesse momento. Teria passado a morar com você e juntos nós traríamos paz e derrotaríamos ele e todos os seguidores dele. Eu queria que você soubesse... Regulus foi um herói, eu queria que você tivesse descoberto e tivesse orgulho dele. Queria que pudéssemos restaurar a honra para ele e para você também.

Arrancou mais algumas gramas e notou uma movimentação estranha pouco a frente entre as árvores altas.

— Eu tenho que ir.... Sirius, eu sinto muito. Nós poderíamos ter muito, ser uma família como queríamos e você era isso, você era minha única família. Eu vou lutar por você. E por mamãe e por papai. – disse em um tom de voz amargurado – Nós vamos vencer essa guerra.

Harry levantou-se e fechou os olhos aparatando de volta para o acampamento. Soltou um suspiro exausto quando encarou Hermione. Ela tinha uma expressão de raiva e preocupação e sem falar nada Granger simplesmente puxou o corpo daquele velho senhor para um abraço, ouviu Potter chorar a noite inteira e quando o efeito da poção acabou ele já havia voltado a ser Harry e dormia com um semblante triste.

[...]

— Hoje nem é aniversário de minha morte, por que Moony e seu filho maluco foram me visitar? – Black perguntava em um tom curioso enquanto encarava James Potter.

— Eles sentem sua falta, seu idiota. – jogou o balaço para Sirius – E não chame meu filho de maluco.

— Mas Harry é maluco, ele realmente acredita que ele pode acabar com essa guerra. – McKinnon murmurou sem muita emoção, como se eles já houvessem discutido aquilo mil vezes.

— Marlene! – Lily ralhou com a amiga e soltou um suspiro – O que vocês acham que seria diferente?

— Se não estivéssemos mortos?

— É, Sirius! – a ruiva falou como se fosse óbvio.

— Eu teria uma família que me apoia e está ao meu lado. – ele murmurou e fechou os olhos – Vocês conheceriam Nymphadora e os amigos de Harry, meu irmão seria um herói e eu poderia até pensar em casar com a McKinnon.

— Como se eu quisesse me casar com você, Black. – a loira murmurou em desgosto.

— Nunca diga que dessas águas não beberás... – a Potter começou a falar sabiamente.

— Porque um dia hás de beber. – James completou divertido sentando-se ao lado de sua esposa.

— Eu teria uma família. – Black murmurou enquanto encarava o enorme rio a sua frente e suspirou deixando um pequeno sorriso divertido de seus lábios ao pensar em como a vida seria se ele não estivesse morto.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.