Boku no Hero Academia Oneshots

Um rio [Todoroki Shouto x Reader]


É claro que ele não foi. Afinal, o que importava para ele era o que filho seria capaz de mostrar na arena. Além disso, estava 100% convencido de que Todoroki não teria problemas na luta final. Para quê Endeavor se preocuparia em dar uma palavra de encorajamento para alguém que acreditava ser uma cópia sua?

Endeavor não temeria nenhum oponente.

Trincando os dentes, [Nome] desviou os olhos da silhueta flamejante do pai de seu namorado e seguiu para a sala de espera 2. Mesmo sabendo quem Endeavor era, mesmo tendo escutado a história e visto ela sendo reforçada acompanhando o dia a dia de Todoroki, [Nome] não se conformava com a atitude daquele herói.

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Herói. Que piada.

[Nome] tentou espantar o ressentimento profundo que aflorara novamente diante da visão de seu sogro com um movimento brusco da cabeça. Fixou o chão diante de si e apertou o passo. O ressentimento agora era substituído por uma agonia sutil, mas urgente. Depois de assistir a luta de Todoroki contra Iida Tenya, [Nome] percebeu o quanto a luta anterior o havia abalado. Parecia desligado e extremamente confuso. Se ele não saísse desse torpor, teria sérios problemas em vencer Bakugou. Então, como companheira de Todoroki, tinha a obrigação de ir ajuda-lo, pelo menos com alguma coisa que trouxesse de volta o mínimo de sua concentração. Afinal, ao contrário de Endeavor, [Nome]...

Se importava com Todoroki Shouto.

A porta da sala de espera entrou em seu campo de visão, e [Nome] não hesitou em entrar. Porém, fez de forma silenciosa, vigiando a silhueta do namorado que se revelou lentamente com o abrir da porta. Como esperado, a expressão de Shouto ainda parecia perdida e ausente. Ele olhava para baixo, focando sua mão esquerda, e sequer notara a aparição de [Nome]. Com um rápido movimento da mão, a garota invocou uma pequena quantidade de água e a fez achatar-se como se fosse um lenço. A massa aquosa flutuou no ar até parar bem diante da testa de Todoroki. Com outro movimento, [Nome] fez com que o a água desse um pequeno tapinha na testa de seu namorado, o que o fez levantar a cabeça com um movimento brusco.

—[Nome]! – disse Todoroki nitidamente surpreso.

A garota adentrou a sala e fechou a porta, dando um sorrisinho tímido na direção do namorado. Sem dizer palavra, ela avançou até a mesa, sentando-se do lado esquerdo de Todoroki. Enquanto ela andava, o garoto tornou a fixar sua mão esquerda. [Nome] o observou em silêncio, e tinha plena consciência que a cabeça de seu namorado deveria estar uma bagunça.

Ela sequer queria tentar imaginar, porque sabia que jamais entenderia seu sofrimento. Então o que ela poderia fazer...

Com um movimento leve, mas rápido, [Nome] ergueu sua mão direita e pousou-a sobre a que Todoroki estivera encarando. O movimento fez com que o menino arqueasse as sobrancelhas, mas permaneceu imóvel. Depois de alguns instantes, no entanto, Shouto percebeu uma nova sensação: [Nome] apertava sua mão gentilmente. Aquele toque, como todos os toques dela, eram como um rio que força uma barragem. Lembrou-se do toque gelado da água em sua testa há minutos atrás, e de como aquilo clareara a confusão de seus pensamentos por alguns segundos, trazendo uma sensação de tranquilidade. E era exatamente aquela tranquilidade que ele sentia, uma tranquilidade que dizia a ele que precisava ceder à água.

Ele deveria abrir a barragem.

— O que o Midoriya me disse. – falou Shouto, de repente, sobressaltando [Nome]. A garota piscou duas vezes, e depois tornou a sorrir, apertando um pouco mais a mão do namorado.

A água tornou a forçar a mente de Todoroki, e a tranquilidade pedia para que ele cedesse um pouco mais.

— Aquele cara foi imprudente e veio destruir todos os problemas que eu estava carregando. – disse o garoto de olhos bicolores. Como ainda olhava para sua mão esquerda, não viu o sorriso de [Nome] se curvar ainda mais.

— “Esse não é o seu poder?”, eh? – citou [Nome] inesperadamente, fazendo Todoroki virar-se para olha-la enfim. – O Midoriya-kun conseguiu enxergar isso mais rápido do que você.

O garoto permaneceu calado, observando a namorada com os olhos levemente arregalados. Ainda com um sorriso, [Nome] fez um movimento rápido com a mão e invocou um círculo de água, e posicionou-o diante do rosto de Todoroki.

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—O que você vê aí? – perguntou [Nome] tornando a apertar levemente a mão do namorado.

Todoroki franziu as sobrancelhas ao encarar seu reflexo transparente na superfície da água. Os segundos de silêncio se arrastaram, e então, por fim, respondeu:

— Eu não sei. Não sei mais...

—Bom... – disse [Nome] num tom animado. – Do meu ponto de vista, eu vejo... Todoroki Shouto.

O garoto arregalou os olhos para a namorada e depois piscou, sem entender. [Nome] desviou os olhos do círculo de água e fixou o rosto de Todoroki, um sorriso sempre brincando em seu rosto.

—Ele consegue dominar o gelo e o fogo, além de ter ótimas noções e táticas de batalha. É um garoto reservado, talentoso, inteligente, com um coração muito gentil... E que almeja se tornar um grande herói! – ela fez uma pausa, fixando com carinho o reflexo do rosto perplexo de Todoroki no espelho d’água. – Sim, eu vejo o garoto... pelo qual eu me apaixonei. Fora ele, eu não vejo... mais ninguém.

Os olhos de Todoroki se arregalaram quando a última frase de [Nome] ressoou em sua mente. Sem conseguir se mexer, ele assistiu sua namorada colocar-se de pé e curvar-se em sua direção. A sensação dos lábios frios de [Nome] em sua testa chegou antes que a compreensão do que ela queria fazer. Uma fração de segundo depois, sua mente pareceu ser varrida por um rio de uma água muito cristalina. Seus pensamentos se organizaram e ele viu nitidamente a sua própria imagem diante de seus olhos.

— Olhe bem, Shouto. – disse [Nome] com a voz doce. – Você não é a sombra e muito menos a cópia de alguém... Você é você.

[Nome] tornou a se sentar, mas não interrompeu o contato físico com Todoroki. Ergueu as mãos e encaixou-as sob as faces do namorado. Olhou bem fundo naqueles olhos heterocromáticos e, puxando o ar disse:

— Se continuar negando uma parte de si mesmo, jamais vai conseguir se tornar um herói! – [Nome] falava tudo com uma voz calma, mas firme. – Porque os heróis... abraçam a si mesmos primeiro... para que depois possam abraçar aqueles que ele quer salvar!

Foi nesse instante que a barragem cedeu. Todoroki se moveu e sequer teve consciência disso. Quando deu por si, seus braços já estavam ao redor de [Nome], apertando-a contra o peito. A garota arfou, surpresa, mas depois relaxou e enterrou o rosto no pescoço do namorado. Lentamente, Todoroki imitou seu gesto. A mão direita do garoto subiu e pousou sobre a cabeça de [Nome], trazendo-a ainda mais si.

Ao sentir seu corpo se encaixando no dela, aquela sensação de clareza e tranquilidade preencheu-o por completo.

“Esse não é o seu poder?”

“Do meu ponto de vista, eu vejo... Todoroki Shouto.”

Você é você.”

Todoroki jamais sentira tamanha clareza em toda sua vida. Jamais vira a si mesmo com tanta clareza. E foi essa sensação que permitiu que ele tivesse um vislumbre do caminho que queria seguir... e que estava diante dele.

“Sim, eu vejo o garoto... pelo qual eu me apaixonei”.

Sim, Todoroki sabia. Sabia muito bem a razão de sua mente estar tão clara naquele momento.

Era tudo graças a [Nome]. E era por isso que, agora, mais do que nunca, e para sempre...

Ele precisava dela.

Todoroki levantou um pouco o rosto, aliviando um pouco o abraço e perguntou:

—[Nome], você pode me fazer um favor?

***

Todoroki avançava pelo corredor em direção às arquibancadas. [Nome] caminhava ao seu lado, de mãos dadas com ele. Quando chegaram diante da saída ficando à vista de todos ali sentados, exclamações saltaram da multidão:

—O que o Todoroki está fazendo aqui?

—Ele não vai lutar agora?

Ignorando todos os comentários, o garoto continuou a avançar até o extremo da arquibancada. Parou, ficando de lado para a vista da arena e, com um gesto do braço, guiou [Nome] para que ela ficasse de frente para ele. A garota olhou-o com um ponto de interrogação nítido em sua expressão. Todoroki fixou os olhos de [Nome] e subiu suas mãos para segurar seu rosto.

Demorou-se em cada detalhe de [Nome], pensando no que ela lhe possibilitara ver.

Meu poder”, pensou lembrando-se da fala de Midoriya. “Meu... Eu.”.

Sim, era isso que queria ver. E era isso que queria que ele visse. Queria deixar bem claro quem ele era... e qual era o caminho que ele escolhera. E não, não seria derrotar o All Might.

O seu caminho... estava bem diante de seus olhos.

Todoroki ergueu os olhos e fixou um ponto distante na arquibancada. Sabia que seu pai estaria ali encarando-os com sua expressão sombria... Fora exatamente esse o motivo pelo qual trouxera [Nome] para arquibancada. Todoroki sustentou o olhar de Endeavor em desafio, e depois baixou os olhos novamente para o rosto de sua namorada. Mostraria para o pai, agora, a escolha definitiva que havia feito sobre o seu caminho.

—Me mostre mais uma vez, [Nome]. – disse Todoroki com a voz baixa, mas gentil.

A garota hesitou, demorando alguns segundos para entender o que ele queria, mas assim que o fez, não teve tempo de reagir. Todoroki se moveu, pegando-a de guarda baixa. Ao invés de tocar sua mão, Todoroki agora se curvava em sua direção, puxando seu rosto. O fechar lento dos olhos de [Nome] marcou o tempo necessário para que seus lábios se tocassem. Houve exclamações ao redor, mas nenhum dos dois ouvia... Nenhum dos dois sequer ligava.

A clareza e a tranquilidade limparam a mente de Todoroki mais uma vez. Porém, dessa vez, o garoto não viu apenas sua imagem. Encarando suas próprias costas, Todoroki viu a si mesmo caminhando na escuridão. Porém, ao seu lado, caminhava alguém.

“[Nome]!”

[Nome] andou por algum tempo ao seu lado, os dedos entrelaçados nos seus, até que, em um determinado ponto, largou-os e correu à frente. Ela parou alguns metros adiante com um pulinho de alegria. Ela sorriu e gesticulou convidando-o a seguir em frente. E ele sentiu. Sentiu no fundo da alma o convite de [Nome], convidando o por inteiro, sem negar parte nenhuma. Sua figura no escuro correu, correu com todo o ânimo que tinha. E enquanto corria atrás de [Nome], uma luz intensa tomou conta do ambiente, ofuscando tudo.

Contudo, Todoroki agora não precisava daquilo. Ele via agora. Não. Ele sentia.

Sentia a si mesmo. Sentia seu poder. Sentia suas escolhas. Sentia seu caminho.

E o caminho dele era...

Um rio.