Obscuro

Capitulo IX - Sob a Lua


Capitulo IX
Sob a Lua

Duas semanas tinha se passado desde as mortes dos membros da guarda. – Aro redobrou a vigia do Castelo, chamou de volta guardas espalhados pelo mundo e colocou até mesmo os Guardas Menores para “trabalhar”.

Os vampiros estavam agitados. Os únicos que tinham permissão para sair eram os poucos membros da Alta Guarda, os outros tinham que ficar de guarda 24 horas, com pausa apenas para saciar a sede, com os humanos que Heidi trazia.

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Eu estava a ponto de enlouquecer dentro desse Castelo. Alec estava a três dias sem parar em casa direito, Jane estava tão irritada quanto ela poderia estar, apesar de ter autorização para sair, ela não o fazia. Anne passava horas trancafiada dentro da biblioteca, sua sede de conhecimento gritando por algo que pudesse impedir essa guerra.

Guerra.

Quando me uni a Alec – e aos Volturi, consequentemente, apesar de não carregar o nome nem ser considerada da guarda – eu sabia da existência dessa possibilidade, mas eu não acreditava que seria tão rápido e tão... Difícil.

Vi meus pais uma vez durante essas duas semanas. Aro também os encarregou de algo, eu só não sabia o quê e nem queria. As bruxas também estavam no Castelo, trancadas na Sala do Trono com os Mestres, e só saiam para comer e dormir.

Apenas dois clãs vieram ajudar: os Denali – que eu sabia que faziam isso por minha família – e o clã da Austrália, que eu sabia ter um nível de amizade muito grande com Aro. Os outros participantes do “banquete” não vieram, eu sabia que não viriam.

Pelo menos o clã da Austrália era bem movimentado. Eu contei trinta e dois vampiros, isso era quase a Guarda Volturi inteira. Eu estava com Alec e os outros quando eles chegaram. Silencioso, pareciam que voavam e incrivelmente incríveis.

Se eu pensava que os Volturi eram poderosos, eu nunca tinha visto eles antes.

Aro abriu um sorriso quando o que eu supus ser o líder do clã deu um passo à frente. Segurei a mão de Alec com força quando o homem retribuiu o sorriso. – ele tinha dentes brancos, os lábios tão rosados quantos o de qualquer outro vampiro. Olhos cor de vinho e cabelos claros – não loiros, mas um tipo de castanho. Ao seu lado, uma mulher de cabelos longos e ondulantes sorriu para os Gêmeos. Apenas Jane retribuiu.

— Elliot! — Aro exclamou. Ele abriu os braços para Elliot como se fosse abraçá-lo; mas eu sabia que Aro não faria tal coisa. Elliot fez uma reverencia que – a meu ver – parecia debochada. — Fico feliz que tenha atendido meu pedido e vindo tão depressa.

Elliot sorriu levemente e então acenou com a cabeça.

— É sempre uma honra vir a Volterra, meu amigo — respondeu, os olhos vinho percorrendo todos os membros da guarda presentes – Demetri, Heidi, Jane, Felix, Alec e eu – e se perderem em mim, por um momento. Em minha mão unida a de Alec. — Vejo que finalmente arrumou alguém que lhe ature, Sentido.

Alec pressionou os lábios, mas não respondeu.

Sentido?, perguntei em sua mente, minha voz carregada de ironia.

Alec piscou e comprimiu os lábios novamente, dessa vez para evitar sorrir.

Aro voltou a falar.

— Creio, Elliot, que dada as circunstâncias não poderemos fazer uma grande comemoração a sua chegada, mas providenciaremos um banquete, certamente. — Aro gesticulou com as mãos para alguém que eu não vi, a principio. Mas quando Heidi saiu do lugar, eu entendi. Aro posicionou-se ao lado de Elliot. A mulher que estava ao lado dele revirou os olhos, mas afastou-se. — Vamos. Temos muito que conversar. Já faz o quê? Dez anos desde a ultima vez que nos vimos?

— Quinze, se minha memória não me falha — Elliot pegou o braço da mulher no seu e eles entraram no Castelo. O clã gigantesco do Australiano dissipou-se rapidamente, para onde eles foram, eu não queria saber.

Alec se permitiu respirar. — Não gosto deles. Principalmente de Elliot.

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Tirei a franja negra de Alec dos olhos.

— Por quê?

Ele deu de ombros.

— Sabe quando um ser poderoso encontra outro ser poderoso? — perguntou — Você, simplesmente, não gosta dele. Não me olhe desse jeito. Eu não tinha muito com o que me preocupar antes de você e Anne aparecer. E, sim, antes que você pergunte, eu era bem fútil.

— Que bom que você sabe. — beijei sua bochecha — Mas se você agora reconhece que isso é futilidade, porque não deixa isso de lado?

— Por que — ele se aproximou mais de mim, sua mão roçando a base da minha cintura — São séculos de indiferença. Não é tão fácil.

Ele me beijou.

Jane pigarreou ao nosso lado, lembrando-nos que ela – e os outros – ainda estava ali. Corei, Alec apenas encarou a irmã com um sorriso debochado. Ela murmurou algo como um pedido de misericórdia e seguiu para dentro do Castelo com Demetri.

Alec me deu outro beijo antes de seguirmos os outros pelo Castelo. Fomos direto para a cozinha, onde Anne já estava. Minha filha tinha olheira profundas sobre os olhos negros, e estava tão pálida que eu temi que ela ficasse doente. Ela tinha um livro grosso diante de si, junto com cinco bolsas de sangue vazias e estava com a sexta na boca.

Ela encarou a todos nós e deu de ombros.

— Anne — chamei-a — Filha, não acha que você merece um descanso? Você está fazendo o que quer que você esteja fazendo há duas semanas sem parar. Você não é uma vampira que não precisa dormi!

Ela ia rebater, mas Alec olhou para ela e ela se encolheu.

— Tudo bem — murmurou fechando o livro, não sem antes marcar a pagina. O nome escrito em letras de ouro chamou minha atenção. Venenos. — O clã da Austrália já chegou?

Uma pergunta casual, mas importante para ela.

— Já — Alec respondeu, pegando uma bolsa de sangue para si no refrigerador e uma – de animal – para mim. Ele torceu o nariz, mas não disse nada — Elliot está com Aro, que provavelmente já não agüenta mais se ouvir falar e o resto do clã se dissipou.

Anne mordeu o interior da bochecha.

— Algum interesse neles, Anne?

Ela corou.

Alec reprimiu uma careta.

— Eu ouvi dizer que um dos membros do clã de Elliot tem um vasto conhecimento sobre veneno. — explicou-se — Ele era um alquimista quando humano.

— E porque, exatamente, você está interessada em venenos? — joguei a bolsa de sangue, já vazia, no lixo. Alec repetiu o gesto.

— Por que — ela indicou o livro a sua frente — Descobri que existe um meio de ferir vampiros, não é conclusivo, mas é minha base de pesquisa desde que eu li sobre. É uma planta, que cresce apenas em uma determinada região da França.

— E é por isso que você está estudando venenos? — Alec perguntou — Para criar algo que pode matar vampiros?

Ela assentiu.

— Se eu conseguir, posso banhar minhas adagas e flechas e ajudar a dissipar o clã inimigo de longe.

— E eles nem saberiam o que os atingiram — Alec abriu um sorriso — Isso seria perfeito, Anne.

Ela abriu um sorriso orgulho.

— Teríamos o elemento surpresa.

— Exatamente, mãe!

Ficamos conversando sobre a descoberta de Anne por uma meia hora quando Jane chegou e arrastou Alec para qualquer lugar. Anne e eu voltamos para o Chalé, trocamos de roupa e voltamos para o Castelo, que estava bem lotado graças ao clã visitante.

Eu tinha apresentado Anne aos Denali, que pareceram realmente impressionado com ela, inclusive Eleazar. Anne tinha dons muito impressionantes, ele disse. Ela herdou parte do escudo de mamãe, algo que ele acreditava ser realmente uma herança, pois ela tinha um dom “extra”.

Ela conseguia sentir quando alguém mentia e ela poderia fazer a pessoa sofrer com isso.

Tinha escurecido, nada de Alec aparecer.

Caminhei até o andar superior do Castelo, de onde eu podia ver a praça da cidade. A lua cheia brilhava sobre a cidade. A brisa fria das noites de Volterra preencheram meus pulmões. E eu me senti instantaneamente relaxada.

Principalmente porque a brisa trouxe o cheiro de menta e canela de Alec.

Seus braços rodearam-me e ele beijou o topo da minha cabeça. Eu me acomodei mais ao corpo dele, sentindo sua respiração desnecessária. Fazia-me lembrar a primeira vez que ele me beijou, neste mesmo lugar. Da sensação de frenesi que senti, dos meus dedos trêmulos que percorriam o cabelo de Alec com alivio contido.

Senti-o sorri contra minha testa. E percebi que tinha mostrado tudo que pensava a ele.

— Naquele dia — ele murmurou — Eu não sabia direito o que estava fazendo. Pela primeira vez em quase dez séculos, eu não sabia o que fazia. Até que fiz. — ele me virou de modo que eu pudesse olhar para ele. Seus dedos percorreram a curva do meu pescoço, contornando meu rosto. Seus lábios abriram-se em um sorriso leve — Pensei que me daria uma tapa e levaria Anne embora; até que você retribuiu.

Abracei a cintura dele.

— É meio impossível não retribuir algo a você, Alec.

— Sei que sou irresistível.

Gargalhei e Alec apenas deu um sorriso leve.

Ele me apertou contra ele.

— Amo você.

Ele apertou mais ainda, como se temesse que eu fugisse.

— Amo você também.

***

Não dormir aquela noite.

Aro preparou uma espécie de banquete de boas-vindas para o clã da Austrália e os membros da guardas estariam presentes. Minha família e os Denali foram liberados para sair para caçar – juntos – durante aquele evento. Alec parecia mais relaxado em estar entre os australianos, mas sua mão apertava a minha levemente conforme o olhar de qualquer um deles cruzasse com o dele; ou o meu.

Jane tinha uma taça de sangue na mão quando parou ao lado do irmão e de frente para mim. Ela parecia irritada – mais do que eu achei ser possível – e ela bufou. Não precisei seguir seu olhar para saber que os instintos “predadores” de Demetri tivesse ativado.

Mas eu não podia culpar Demetri, não quando ela não assumia nada com ele. E eu sabia que ela também não passaria a noite sozinha, sendo com Demetri ou não.

— Concentre-se, Jane. — Alec ralhou com ela, impedindo que o soco que Jane preparava para a parede atrás deles. Ela bufou novamente quando eu senti a movimentação de Demetri deixar o lugar. — Isso é culpa sua.

Ela o olhou incrédula, mas Alec manteve a postura o que a fez baixar a guarda – se isso era bom ou ruim, eu não sabia.

— Deveria contar a ele o que sente; que quer algo sério. — falei, tirando a taça de sua mão e fazendo uma careta ao passá-la a Alec.

Seus ombros relaxaram.

— Talvez, só talvez, vocês tenham razão.

E então sumiu.

— Acho que vai existir menos um australiano no mundo hoje — murmurei a Alec, que gargalhou.

Sua postura ficou rígida novamente em segundos, quando Elliot começou a caminhar em nossa direção. Tinha outro vampiro com ele. Alto, com os cabelos que batiam dos ombros. Os olhos dele eram de um vermelho mais sutil.

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— Sentido, meu velho amigo — Elliot cumprimento Alec com o que eu diria ser uma reverencia. O outro apenas acenou com a cabeça. — Creio que se lembra de Keir, não é?

O outro – Keir – não se moveu enquanto Alec o encarava. E assentia. Sua mão automaticamente pegou a minha, quando Elliot me encarou.

— E não vai me apresentar seu lanche?

— Ela não é meu lanche — Alec rosnou.

Elliot ergueu as sobrancelhas.

— Não? Eu posso ver o sangue dela correndo em suas veias e o coração...

— Sou uma híbrida — ralhei com ele, incomodada com o rumo daquela conversa. Já entendi porque você não gosta dele. Alec apertou minha mão em resposta. — E sou a companheira dele.

Os olhos de Elliot arregalaram-se.

— Que conveniente, não é mesmo? Pelo menos não preciso mais me preocupar se minha irmã ira correr para seu quarto, outra vez.

Alec permaneceu sério.

Eu não conhecia aquela historia.

— Já lhe disse uma vez, Elliot, e direi de novo: Elain é doente.

— Claro. Porque é bem conveniente a você...

Ele foi interrompido pela voz de Aro, chamando-o para fazer qualquer coisa. Alec apertou minha mão mais forte. Elliot encarou Alec com raiva antes de seguir atrás de Aro. Keir a seus calcanhares.

Alec suspirou.

— Desculpe por isso.

Dei de ombros.

Olhei para ele.

— Vamos conversar depois sobre isso. — falei, tentando parecer séria. Mas Alec apenas abriu um sorriso preguiçoso antes de me puxar para si.

— Você fica linda com ciúmes.

E me beijou.