Never Say Never

Waste a Moment


POV Elena

Tenho evitado contar pra minha irmã as coisas do colégio. Não quero que ela fique preocupada, mais do que já está. Eu vou conseguir resolver, com o tempo, tenho certeza. Terminamos de jantar e digo que vou pro quarto separar as matérias.

— O orientador me arrumou um monitor pra ajudar a nivelar. Ele marcou amanhã, na hora do almoço. Os professores parecem gostar dele. - comento, tentando deixá-la mais tranquila.

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— Ah, isso é ótimo! Eu tenho certeza que logo você vai estar acompanhando a turma. - ela sorri, me dando um abraço e um beijo carinhoso na testa. Damon sorri da cozinha, ajeitando os pratos na máquina de lavar.

— Talvez, meu irmão venha jantar com a gente, semana que vem, e aí, finalmente vocês vão se conhecer. Tô achando estranho que ainda não tenham se esbarrado. - ele diz.

— São 4 turmas do último ano, pode ser que que nossa grade não tenha nenhum horário em comum, e como não fico socializando, acaba que não conheço ninguém, mesmo. De repente, nem estamos no mesmo andar. - informo, tentando explicar algo que nem eu mesma sei.

Ligo pra Bonnie pra contar as coisas, com ela posso conversar sem que ela pense em falar com o reitor.

— Mas, Elena, não é estranho que todos os professores achem esse menino maravilhoso e ele tenha sido um boçal contigo?

— É. Mas, sabemos que não é impossível nos enganarmos com as pessoas né?! Taí o Tommy, um ótimo exemplo. Quem diria que aquele menino doce poderia ser um maldito controlador?

Ela concorda. - Mas, pelo menos ele não tentou mais nada, certo?! Depois que você gritou com ele, ele não tem aproveitado essa aproximação pra tentar de novo.

— Bom, isso é. Mas, acho que eu deixei bem claro meu ódio por ele. - ela ri. Mudamos o assunto, ela conta as novidades de Forest Hill. Eu sempre gostei de morar lá, perto do lago, próximo ao parque. Era um bairro muito bom. Pelo menos aqui, também tem um grande parque e um lago enorme no meio. Aliás, saudade de ir lá.

Desligo o telefone e agora, sim, separo as matérias. Faço alguns resumos e anotações, enquanto não sinto sono. Pra facilitar minha própria vida. Não acho que esse garoto vai facilitar pra mim, mesmo ganhando créditos por isso.

Começo a bocejar e vejo que já está tarde. Consegui adiantar algumas coisas. Amanhã faço mais.

POV Stefan

Acordo disposto, finalmente. Já tava na hora de acertar esse relógio biológico. Hoje tem treino e... Ah, não, cabô a disposição, marquei com a estressadinha e esqueci de separar as coisas ontem. Bosta! Vou ter que ver isso agora.

Chego atrasado no treino. O treinador me olha torto mas não fala nada. É incrível como o meu sobrenome impõe respeito. Mesmo assim, vou até ele me desculpar.

— Sr. Tunner, começo uma monitoria hoje, e precisei separar uns resumos extras, me desculpe pelo atraso. - ele me dá um tapinha no ombro, e sorri.

— Tudo bem, filho, vai colocar o protetor. - é, eu ainda sou o queridinho dos professores. ~risos~

O treino acaba e Rebekah tá me esperando, ainda com a roupa de treino. Preciso me controlar, sério, ela tá cada dia mais gostosa, e tá ficando difícil manter meus hormônios equilibrados. Pensa na sua avó, Stefan, isso, respira, respira.

— Hey, baby. Sonhou comigo? - Ela se aproxima e me beija, e o controle vai pra casa do caralho. Quero agarrar ela aqui mesmo. Conto até 10. Respiro de novo.

— Sim, tive sonhos maravilhosos. - respondo, piscando, com um ar bem cretino, meus pensamentos são totalmente impuros quando penso nela. Stefan, ela só tem 16 anos. DEZESSEIS ANOS. Segura essa onda. Respiro de novo. Como se eu fosse mais velho. Bom, não importa a minha idade, o pai dela me mata, certamente.

Espanto as ideias obscenas da mente e seguro a mão dela, andando até o vestiário, tentando ser um namorado fofo. Não demora mais que 5 minutos, paramos próximos à biblioteca, e pressiono ela contra a parece, dando outro beijo de tirar o fôlego, descendo minha mão sem querer pelos quadris dela. A porta se abre.

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— Ahun – ouço o pigarro. Me separo e vejo a nervosinha.

— Miss Bikine. Você não tem mais o que fazer não? - Rebekah fala, se ajeitando e incomodada por ser interrompida. A outra me olha com cara de quem não vai dar explicações.

— Ela tá me esperando, Bekah. Minha monitoranda desse ano. - respondo, meio sem graça.

— Ela, sério?!?! Quem te obrigou a isso?

— Bekah... - chamo a atenção, se tem uma coisa que eu levo a sério é minha monitoria. - Eu vejo você mais tarde, tá?! Passo na sua casa, lá pelas oito. - respondo, cortando o assunto. Não tô a fim de prolongar as explicações. Rebekah responde fazendo bico. E vai pro vestiário se trocar.

— Jogador e líder de torcida, que clichê! - Ela abre a boca finalmente, e óbvio, tentando me ofender.

— Adoro os clássicos, você não? - respondo debochado. Ela dá de ombros. - Preciso de um banho, você chegou cedo.

— Sim, eu estava lendo o primeiro livro da lista da Sra. Saltzman. Vou pro refeitório, comer alguma coisa antes de começar.

— A comida daqui hoje é horrível, é sobra de ontem. Me espera. Aqui perto tem uma lanchonete, a gente come por lá. - respondo automático e aponto o vestiário. Nem sei porque fui gentil com ela. Mas, é inevitável, não consigo ser diferente.

POV Elena

Acordo antes do despertador, de novo. Não sei se é essa ansiedade ou me acostumei com o horário. Ou o barulho da cidade, talvez. Saio do quarto e Kath, de pijama e roupão, está na cozinha fazendo panquecas. Estranho, mas divertido.

— Bom dia, honey. Não achei que fosse levantar tão cedo hoje.

— Acostumei. Eu acho. - me aproximo e começo a ajudar separando as coisas em cima do balcão - E você, o que te deu? - me sento pra comer.

— Damon tem outro pro-bono hoje, e já que você marcou monitoria, pensei em ir pra revista e adiantar umas matérias. - ela me conta sorrindo e muito animada. - Além disso, tenho umas ideias que quero colocar em prática. Tô pensando num projeto de exposição de moda no Central Park. No meio da grama.

— Huuum – resmungo dando uma mordida numa panqueca quentinha e fofa. - Parece legal. Imagina só se os modelos fossem estátuas vivas, no lugar dos manequins?!

— Meu Deus, que ideia genial! - arregalo os olhos e respondo de boca cheia.

— Sério?!

— Claro. Pessoas chamam muito mais atenção. Eu ia sugerir modelos da revista, mas, a sua ideia parece sensacional.

Eu abro a boca pra dizer que não falei sério, mas ela gostou tanto que me calei com outro pedaço de panqueca. Damon sai do quarto já pronto.

— Bom dia princesas. - ele me dá um beijo no topo da cabeça, segura Kath pela cintura, e a beija como se nunca tivesse feito antes. Eu sempre acho isso lindo e fico olhando.

Sentamos os três pra comer, e conto animada sobre as anotações e a leitura do livro. Vejo os dois sorrirem aliviados. Ele segue pro escritório, ela vai se arrumar. Eu volto pro quarto pra terminar os resumos.

Kath demora uma vida se arrumando, o tempo suficiente pra terminar o meu resumo e sairmos juntas. O elevador abre no 12o de novo. Caroline levanta a cabeça, abre um sorriso e larga um bom dia aninado e elogia os sapatos da Kath quase sem respirar. Eu observo esperando que aquela rusga inicial se quebre.

— Meu Deus uma edição limitada de Jimmy Cho! Socorro! Onde você conseguiu? - ela fala empolgadíssima olhando pros pés da minha irmã e entrando no elevador. - É lindo demais!

— Obrigada! Eu não consegui, na verdade, fiz uma matéria, na revista onde trabalho, sobre ele e ganhei, quando passou a febre. Tive sorte do meu pé ser pequeno. - parece que deu certo.

— Ah, isso não importa, eles ficaram lindos em você! Aliás, possivelmente, qualquer coisa fica. - Caroline diz, passando a mão na lateral do braço da Kath. - Vocês duas, são mesmo lindas, só podiam ser modelos!

— Não, Caroline, - repondo sorrindo – não somos modelos, Kath é jornalista, quer dizer, editora de moda da revista. - O elevador se abre e saímos, com ela inconformada com a descoberta.

— Mentira?! Jura?! Pois deveriam! Sério, falo por experiência. Quer dizer, não trabalho com moda, mas, passei a infância todinha na agência da minha mãe. Vocês têm porte, estilo. Bom, preciso ir, atrasada como sempre. - ela sorri e se apressa.

— Eu sempre me divirto com esses encontros furtivos com ela. - comento.

— Efusiva, né? É sempre assim? - Kath pergunta sorrindo.

— Sim, sempre, nunca vi alguém tão feliz, essa hora da manhã. Primeira vez que ela conta algo sobre si. Não sei nada além do nome. - Kath sorri. Pelo menos dessa vez o encontro foi menos incomodo.

Andamos juntas até o metrô e nos separamos. Caminho calmamente até o colégio, ainda está bem cedo e a ideia é aproveitar a calmaria pra terminar o primeiro livro da lista de literatura. O tempo passa rápido, quase consigo terminar, mas, percebo que já são quase meio dia. Vou subir pra comer algo antes do outro chegar.

Entrego o livro na recepção, não posso levar este, é o único exemplar disponível, só pode ser lido aqui. Saio da biblioteca e dou de cara com uma cena lamentável. O sebosinho se agarrando com a menina do refeitório, no corredor. Faço um barulho na garganta, pra ser notada. Ela me ofende, que novidade. Ele se explica e dá um jeito de se livrar dela. Que safado!

Não resisto ao comentário, ambos de uniforme, me senti num filme de sessão da tarde. Tão comum. Ele reclama que cheguei cedo e me explico. Sei lá porquê, não devo satisfações. Ele avisa que vai tomar banho e pede que eu espere pra comer. Eu fico meio atordoada. Ele tá sendo gentil? Nah! Deve estar planejando que eu saia com ele, certeza.

É mesmo um canalha, dá em cima de mim e tava aqui de sarro com a líder de torcida, que escroto. Fico aguardando encostada na porta de saída, algum tempo depois ela sai, sem o uniforme e me vê parada.

— Você pode tirar o olho de cima dele, viu?! Seu tipinho não me engana! - se aproxima me ameaçando. Eu só posso estar sonhando. Pesadelo, tem mais cara de pesadelo. - Se faz de inocente pra dar o bote, mas Stefan é meu, tá entendendo?!?! Stefan é meu! - ela diz pausadamente.

— Rebekah! - antes que eu abrisse a boca pra responder ele volta. - Eu não sou um objeto pra você falar de mim desse jeito! - só faltava essa, eu ser espectadora de uma DR.

— Desculpa, eu perdi a cabeça, ela ficou dizendo umas coisas... - De novo, ele mesmo respondeu antes que eu pudesse me defender.

— Você sabe que eu odeio mentira! Ela não disse nada. Chega disso. Vai pra casa.

— Por que você tá falando comigo assim? - ela grita e finge que vai chorar. Ai, gzuis, eu mereço.

— Porque você está sendo mimada e infantil. Eu não sou seu. E você precisa parar de agir assim com as pessoas. Chega, se você não vai, eu vou, porque tenho mais o que fazer.

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— Stefan... - ela resmunga chorosa – Te vejo mais tarde, então?

— Não sei. Eu vou pensar! - ele responde, bem sério. Até eu fiquei com medo. - Vamos Pierce, não quero perder a tarde toda nisso.

Nisso o quê?! Eu desencosto da parede e sigo ele, mas, quero mesmo saber se ele tava falando de mim ou dessa discussão ridícula que eu acabei de presenciar. Quando eu abro a boca, ele começa a falar, antes de mim, novamente.

— Desculpe por testemunhar esse destempero. Eu tô meio de saco cheio dessa infantilidade dela. Agindo como se eu fosse um brinquedinho, um animalzinho de estimação.

— Ninguém pode fazer nada contra você sem que você mesmo permita. - resmungo sem pensar, papai dizia isso pra me acalmar quando alguém implicava comigo na escola. Ele me olha com ódio. Era um consolo, mas, eu nem vou me explicar não.

— Hum... Bom saber. - e não fala mais nada até terminarmos de comer.

POV Stefan

Tomo banho rápido, só pra tirar o suor mesmo, quero terminar logo esse estudo e ficar livre pra fazer algo produtivo, pra mim. Tô saindo do vestiário e ouço Rebekah ameaçando a esquentadinha. Meu sangue ferve.

Me sinto um babaca brigando com ela na frente dos outros, mas, não consigo controlar essa raiva porque toda vez ela faz isso. Eu não posso dizer oi pra uma menina que ela começa as crises. Tô cansado. Como se eu fosse algum galinha. Eu nunca nem olhei pra nenhuma garota diferente, não é como se eu desse motivos. E ela sempre vai em cima da garota, por isso. É ridículo, como se eu fosse alguma espécie de objeto intocável. Até hoje ela implica com a Lexi. Não quero me aborrecer, não quero passar a tarde remoendo isso. Ainda mais em frente logo de quem.

Podia ser com qualquer pessoa, mas, tinha que ser justo na frente dessa guria. Chamo ela pra se adiantar. Dou alguns passos pra fora do colégio e me sinto na obrigação de me desculpar pela cena lamentável.

— Ninguém pode fazer nada contra você sem que você mesmo permita. - eu não acredito que ela falou isso. Logo ela, que está sendo sacaneada a semana toda por causa de uma foto que alguém tirou dela, sem ela saber. Que garota estúpida. Respondo com o deboche usual. Sem sorrisos. Tô bem puto.

Chego na lanchonete e peço meu lanche. Escolho a mesa menos barulhenta, vou ficar aqui mesmo. Ela não merece nem que eu me desloque. Me sento o mais longe possível dela, sem tirar os olhos do meu sanduíche. Comemos em silêncio. Não quero falar nada, imagino que ela também não.

Acabo de comer e peço suas anotações. Dou uma olhada rápida, e mostro as minhas. Aponto o que falta, o que ela precisa pesquisar e o que pode conseguir nas apostilas da biblioteca. Explico algumas coisas, e não demoro muito, ela que se vire sozinha com o que tem agora.

— Você tem alguma dúvida? - pergunto seco, tentando ser direto.

— Bom, algumas. Mas acredito que preciso ler tudo isso antes pra saber se as respostas já não estão aqui. - ela responde, sem tirar os olhos do papel.

— Ótimo! Então, faz isso, segunda eu falo contigo no intervalo do almoço. Se as dúvidas persistirem, a gente marca outra hora. Preciso ir. - ela sacode a cabeça, sem falar. Pego minhas coisas e deixo ela lá.

Ainda tô remoendo o que ela disse.