Moonlight

Capítulo 42


Esme e Carlisle sempre foram tão atenciosos comigo. Eles viram onde eu morava, a pobreza do lugar. Mesmo que fosse humilde não seria tão ruim se além da falta de recursos financeiros também não houvesse escassez de carinho.

Amor não custa nada e por isso até as famílias mais pobres podem ter. Mas nós ainda éramos mais miseráveis, pois não tinha isso na minha casa. As famílias pobres geralmente são mais afetuosas, pois isso é a única coisa que tem, um ao outro, o que o dinheiro não pode comprar a união da família.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Os Cullen são ricos é claro, mas não apenas por possuírem uma fortuna. Eles também têm uma relação entre si de ternura, como uma verdadeira família. Embora haja algumas rusgas, como em todas as famílias, eles são uma família e estão juntos porque querem. Escolheram ser uma família e não apenas um clã.

Isso é muito importante para mim. Mesmo que fôssemos pobres ao menos teríamos um ao outro. Só não somos porque seria impossível um médico (sem contar também por quantos anos ele tem exercido a medicina) ser pobre e ainda mais que Alice pode prever mudanças na bolsa de valores e isso muito útil para a manutenção dos investimentos da família e a renda familiar.

Aliás, uma família humana de dez pessoas seria muito cara, seria necessária uma fortuna para mantê-la. Eu sei por que eu vi como era difícil manter uma família de cinco pessoas apenas com um salário mínimo eu vivi isso na minha própria casa. É claro que Carlisle recebe muito mais que o meu ex-pai e talvez o dinheiro fosse suficiente para manter a casa. Além do mais nos EUA o salário é diferente. Se não me engano recebem por semana e não por mês como no Brasil.

Além do que vampiros não comem comida humana e nosso gasto é apenas com roupas e outras manutenções.

Mas Esme e Carlisle não falaram isso para mim nunca, eles não se importaram que eu fosse de origem humilde. Eu era educada mesmo sendo de uma classe social mais baixa. E eles dois também não nasceram ricos. Tiveram uma infância humilde. Apesar de o pai de Carlisle ser um pastor anglicano, ele era muito estrito com relação à humildade, meu avô considerava que deveria dar o exemplo por ser o pastor daquela congregação.

(O pastor Cullen não iria gostar que eu o chamasse de avô – ele nem iria gostar se soubesse que o próprio filho se tornou um vampiro, quanto mais ter uma neta vampira-, muito diferente do filho dele. Carlisle adora quando eu o chamo de papai. Ele é meu pai porque foi ele quem me cuidou desde que eu nasci, porque pai não é apenas aquele biologicamente falando, mas aquele homem, aquela figura masculina que nos inspira e causa admiração. É isso que eu sinto quando olho para Carlisle.)

Minha mãe Esme também viveu sua infância sem muitos recursos, ela morava com os pais em uma fazenda nos arredores de Columbus. Não eram abastados, mas tinham o suficiente para viver com algum conforto.

...XXX...

08 de dezembro de 2007

Essa noite eu decidi chamar Esme para ficar comigo:

— Mamãe... – antes que eu possa chamar mais uma vez ela aparece diante de mim.

— Estou aqui, querida. O que você precisa?

— Queria que você dormisse comigo, mãe. Faz tempo que agente não fica junto e eu sinto falta...

— Oh, querida! Eu não posso, você sabe por que. Está frio e eu não quero te deixar doente por minha causa. – Esme senta na cama ao meu lado com cuidado para não ficar em cima das minhas pernas.

— Eu sei disso, mãe. Mas eu gostaria que você ficasse ao meu lado.

— E não é apenas por isso, filha. Eu também não quero correr o risco de atacar você de novo.

— Então meu sangue sempre teve um cheiro atraente para você, mãe?

— Sim, sempre foi difícil ficar próxima de você. Mas eu nunca estive tão perto de matar você antes e isso me assustou muito. Eu não quero perdê-la.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Então você não vai poder me morder?

— Não, querida. Seria muito arriscado, eu provavelmente não conseguiria parar a tempo para que você pudesse se transformar.

— Hum... – penso por alguns minutos e tenho uma ideia que me parece brilhante. - Esse não é o único jeito de virar vampira. Eu posso tomar seu veneno, mãe. Você não vai precisar se arriscar a me morder. Nem você, nem papai, nem ninguém terá de sofrer.

— Mas você sim, filha.

— Eu quero ser uma vampira e se o único jeito é sentindo dor que seja, estou disposta.

— Vou deitar um pouco com você hoje, mas só hoje e se acontecer alguma coisa com você... Vou ficar atenta e vou sair se eu perceber que você está ficando com a temperatura baixa.

Esme se arruma na cama e eu deito em cima dela. Enrolo as cobertas em mim como num casulo.

— Está bem, mãe. Melhor um pouco do que ficar sem você.

— Oh, meu bem! Você é tão linda, muito mais do que eu merecia.

— Não sou, não, mãe. Você merece tudo que acontece. Você é tão maravilhosa! Quero ser uma vampira como você quando mudar.

— Mesmo depois de tudo que eu disse para você, que eu já matei e até que eu quis matar você?

— Sim. Quando eu for uma vampira você não vai ter mais problema com a tentação pelo meu sangue, não é?

— Não, claro que não. Você não estará mais viva. Não completamente, mas de certa forma ainda viverá.

Minutos de silêncio em que só se ouve minha respiração e meu coração, pois Esme deve estar segurando o fôlego para não sentir meu cheiro. Melhor para ela assim; eu não posso reclamar, ela está aqui e isso é o que importa.

— É tão lindo o som de seu coração batendo, sweetie.

— Obrigada mãe. Eu diria o mesmo se eu pudesse ouvir o seu – estou deitada bem ao lado do coração dela.

— Oh, minha querida! – ela beija o topo da minha cabeça, mesmo com a touca eu sinto seus lábios frios tocarem meus cabelos.

Ou será o hálito gelado dela? O cheiro não é como da minha boca quando eu acordo de manhã que parece o cheiro de uma fossa destampada, o sopro dela tem cheiro doce e não estragado, nem enjoativo. Um cheiro agradável. Como se ela tivesse acabado de escovar os dentes com alguma pasta desconhecida com aroma doce e mais refrescante do que menta.

Depois de algum tempo eu já estou quase dormindo quando ela me chama:

— Carol, você está bem?

Ela está ouvindo meu coração porque tem que me acordar? A não ser que tenha algo errado com minha frequência cardíaca.

— Ah, mãe... – digo com a voz sonolenta, não zangada por ela ter me acordado do estado de quase sono. – O que foi? Eu estava quase dormindo...

— Desculpe acordá-la, querida. Não podia deixar você dormir, pois você podia nunca mais acordar se fechasse os olhos.

— Eu estou bem mãe, eu tenho a pressão baixa. Eu lembro que uma vez mediram e ficou 13 por 8.

— Precisamos dizer isso para Carlisle.

— Eu estou aqui – ele abre a porta do quarto e a luz que entra de repente ofusca meus olhos. As minhas pupilas estavam dilatadas para enxergar na penumbra e se irritam com a súbita luminosidade.

— Ai, papai! – eu reclamo sem raciocinar.

— Desculpe, filha – ele diz sinceramente arrependido.

— Eu disse que teríamos que lhe contar que a nossa filha tem pressão arterial baixa – Esme repete para que Carlisle escute.

— Isso eu percebi logo que a conheci. O coração dela bate mais devagar que o das pessoas normais.

— Quer dizer que eu sou uma aberração? – pergunto indignada, minha voz saindo mais alta na noite. Sempre soube que eu não era normal. Agora está cientificamente comprovado.

— Não, filha – diz Carlisle para me acalmar. Meus olhos se acostumam com a claridade e agora posso ver o rosto dele nitidamente. – Algumas pessoas tem os batimentos do coração mais lentos e isso não interfere na sua vida. Não muito. Ter pressão baixa ainda é um pouco melhor do que ter pressão alta.

— Meu ex-pai tem pressão alta. Ele não podia comer comida muito salgada e por isso eu quase nem colocava sal quando fazia as refeições.

— Mas o que eu acho curioso – diz Esme- é que ela não está tremendo por estar no meu colo. Ela está muito quente na verdade, como se ela estivesse tentando me aquecer.

— Isso é curioso – diz Carlisle pensativo. – mas não faz mal para ela?

— O coração dela está batendo tão fraco que eu tive medo que ela estivesse morrendo.

— Os batimentos diminuem quando uma pessoa está dormindo, isso é normal. Não precisa se preocupar, querida.

Carlisle beija Esme mesmo comigo no colo dela e eu fico muito feliz, vou ao delírio.

— Pronto, o coração dela já acelerou - diz Carlisle identifico uma pontinha de satisfação em sua voz. Como se ele estivesse orgulhoso de si mesmo. O que é totalmente compreensível e não é errado.

— É porque nos beijamos, querido. Ela gosta de ver. Meu coração não reagiria diferente se ainda estivesse funcionando.

— Vai ficar tudo bem, amor. Só fique de olho nela. A respiração também fica mais lenta quando um humano está dormindo.

Papai se inclina na minha direção e beija a minha testa:

— Boa noite, criança.

Meu coração acelera novamente e ele sorri ligeiramente, aprovando a reação esperada que provocou. Ele sabe que eu gosto quando ele me chama de criança.

— Boa noite, papai – digo ao recuperar o fôlego alguns segundos depois.

Carlisle beija Esme mais uma vez e encosta a porta ao sair. Eu me aconchego no colo de mamãe e durmo.

— Nós duas estamos parecendo meu filho e minha nora. Eles devem ter ficado assim aquele dia na barraca... Ou talvez não, pois estava nevando – ouvi o comentário de Esme como se estivesse submersa, como se fosse algo distante porque eu já estava caindo na subconsciência.

...XXX...

No dia seguinte eu acordo ainda nos braços de Esme que me saúda ao ver que abri os olhos:

— Bom dia, filha! – ela me cumprimenta feliz, afinal de contas ela também está contente por ter conseguido vencer a si mesma e me deixado viver mais um dia. Eu sei disso e dou valor, apreciando como devo.

— Bom dia, mamãe – mesmo com receio de ter bafo eu respondo. Seria muita falta de educação não dizer nada. Eu fico feliz por não ter morrido congelada.

— Pode ir ao banheiro que eu vou preparar seu café-da-manhã – ela me levanta sem problemas e me coloca de pé ao lado da cama. Eu me divirto ao ser levantada no ar, me sinto flutuando.

— Isso foi legal, mãe. Podemos fazer mais vezes? – eu ainda sorria quando Esme olha para mim e responde.

— É claro, querida – ela diz contente por me ver alegre com uma coisa tão simples. Para ela pode ser comum, mas para mim não é. Ninguém fez isso comigo antes.

— Mesmo quando eu for uma vampira?

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Se você ainda permitir que eu a segure assim desse jeito, eu farei.

— Obrigada, mamãe! – lhe dou um beijo no rosto, e me viro para ir ao banheiro saltitante de felicidade. Mal ouço a porta quando Esme passa por ela para descer as escadas.

Eu sempre acordei feliz, mas agora eu posso efetivamente ser feliz. Quando eu morava com meus ex-pais eu acordava animada, mas por ouvir eles discutindo ou não ter ninguém que me apoiasse eu ficava normal e reprimia a minha alegria. Afinal eu estou viva mais um dia e isso é motivo suficiente para ficar contente. Deus foi bondoso para comigo me concedendo mais um dia ver essa terra maravilhosa que Ele criou e permitindo a Esme ser forte o suficiente para resistir. Essa terra é um planeta tão lindo que eu queria poder conhecer todos os lugares. E eu poderei realmente quando for vampira irei conhecer cada lugar, cada canto desse mundo.

Podem dizer que eu sou otimista, mas sou uma otimista realista. Acredito que sonhos podem se realizar desde que você também faça a sua parte e não fique apenas esperando de braços cruzados que caia do céu. Corra atrás do que você realmente quer, lute pela sua felicidade, pois todos nós temos o direito de sermos felizes.

...XXX...