10 de Julho ➶

Sempre ao seu Lado

Capítulo 7

Eu ainda me sentia cansada, com um vazio na barriga e enjoada. Engoli a saliva espessa que estava acumulada em minha boca. Uh! Gosto ruim! Gemi com o sabor horrível de minha boca, mas ainda estava cansada o suficiente para não conseguir abrir meus olhos, respirei profundo e lentamente duas vezes relaxando no colchão. Que milagre que a Hilary ainda não acordou gritando por mim... Espera. Não me lembro de ter subido para o quarto, não antes...

Abri os olhos assustada sentindo o coração palpitar dolorosamente em meu peito. Virei meu corpo para a borda da cama me apoiando sobre meus braços ao sentir meu estômago se contrair, olhei para o chão e um balde estava ao lado da cama, estendi meus braços o pegando e finalmente vomitando, como eu não comi nada por um bom tempo, a única coisa que saiu foi um líquido amarelado. Eca. Limpei minha boca no dorso da mão olhando ao redor constatando que eu nunca estive nesse quarto. Era belo demais para ser de um hospital, eu deveria estar lá. É o primeiro local que alguém levaria a pessoa que passasse mal, ou não?

Me sentei na cama encostando minhas costas na cabeceira enorme e macia atrás de mim. Olhei ao redor percebendo que a porta do quarto estava aberta, talvez estivessem esperando que eu saísse do cômodo, “Mas quem? ” Me perguntei; e a resposta veio quase que imediatamente, o Cullen.

— Olá?! — Indaguei alto ouvindo minha voz rouca ecoar pelo quarto, adentrando por outros cômodos da casa. Se realmente esse lugar for uma.

Ao longe eu pude ouvir o som de passos se aproximando do corredor até que finalmente quem eu aguardava entrou pela porta sendo seguido por meus olhos ansiosos e aliviados. Logo atrás dele surgiu uma mulher de corpo bem modelado com um belo cabelo num tom caramelado com minha menina em seus braços. Quando Hilary me viu abriu um sorriso enorme e se inclinou em minha direção mesmo estando um pouco longe. Sorri saudosa para a minha menina ainda me sentindo fraca. Apenas acomodei minha cabeça de volta no colchão, ficando numa posição um pouco torta.

— Bom dia — saudou-me Carlisle já estando agachado a minha frente — Como está se sentindo?

— Estranha. — Respondi apenas. Meu estômago roncou. — Apenas não estou sentindo fome. O que é meio estranho já que minha barriga acabou de roncar. — Dei um sorriso rápido.

— Compreensivo. — Respondeu-me Carlisle balançando a cabeça. Atrás de si, a mulher se movimentou, parecia estar querendo falar alguma coisa. — Essa é minha amada esposa, Esme.

Elevei meus olhos para o belo rosto de porcelana que Esme possuía. Ela me direcionava um sorriso esplêndido com covinhas, seus olhos eram dourados, assim como os de Carlisle e de Edward, me perguntei qual deles usavam lentes de contato.

— É um prazer realmente conhecê-la Esme. — lhe devolvi um sorriso — Falam muito bem de você pela cidade.

— O prazer é todo meu, Amberli. — se aproximou ficando ao lado de seu marido. Levantei um pouco minha cabeça para vê-la, pousei meus olhos em Hilary que estava bem à vontade em seus braços e brincava com seu colar — Saiba que eu e minha família faremos o possível para que a gestação permaneça o mais saudável possível. Não queremos nada em troca, além de sigilo.

Assenti em silêncio, não havia ninguém para que eu pudesse contar, até porque, eu ainda finjo que isso é apenas uma baboseira, mesmo sendo real. Ela se abaixou pondo Hilary em pé no chão, a criaturinha rapidamente veio ao meu lado na ponta da cama e encostou seu rosto no meu, pondo suas mãos em minha cabeça e beijou minha bochecha.

— Oi mamãe! Amo você! — indagou alegre apertando seus braços em minha cabeça.

— Oi meu bebê! Também amo muito você! — falei para ela me sentindo mais feliz com ela tão próxima de mim. Ela se afastou olhando em meu rosto e fiz o mesmo, ela fez um barulho ao expirar o ar, seu nariz se enrugou e ela o tapou e riu.

— Mamãe tá fedida! Humm! — exclamou se afastando de mim voltando para perto de Esme, mas se agarrando na blusa de Carlisle.

Onde tem um buraco para que eu fique dentro dele nessas horas? Que vergonha! Senti minha cara pegar fogo e comprimi os lábios sem saber como agir. Realmente, crianças te colocam em muitas situações constrangedoras, e a minha hora está começando.

Tentei disfarçar me esforçando a sentar na cama novamente, e cocei a garganta emitindo um som chamando a atenção deles, que estavam brincando com Hilary. Esme a pegou no colo carinhosamente, Hilary se virou para mim e de certa forma acenou em minha direção e fez um biquinho colocando a mão por cima e a jogando no ar me mandando um beijo, a imitei, e Esme saiu do quarto.

— Não se preocupe — se manifestou Carlisle em meio ao silêncio — Há um banheiro aqui no quarto. — senti meu rosto pegar fogo novamente, mas sabia que ele não estava falando isso por mal. — Use-o por quanto tempo achar necessário, sua mala está dentro do closet. Quando estiver pronta estarei te aguardando no andar de baixo. Fique à vontade.

Esperei ele sair para que eu tomasse coragem para levantar da cama, se eu ficasse perdendo mais tempo por ali provavelmente eu dormiria, e havia coisas mais importantes agora além de dormir. Coloquei meus pés para fora da cama os acomodando em um chinelo azul claro, inspecionei sem nenhum interesse o cômodo me levantando da cama mal conseguindo me espreguiçar sentindo meu corpo todo moído. Suspirei em uma estranha sensação de estar exausta e caminhei em direção ao banheiro. Um típico banheiro de uma pessoa que possui muito dinheiro, o branco predominava em noventa por cento, apenas os objetos de decoração davam vida ao lugar. Fechei a porta atrás de mim, preferindo não a trancar, nunca se sabe quando posso passar mal novamente; e percebi que no meu lado esquerdo havia mais outra porta. Apenas por curiosidade a abri um pouco para espiar o que havia dentro, “Ah! O closet. ”, fechei a porta e me foquei em minha higiene, eu devo estar horrível! E fiquei indecisa entre olhar ou não na direção do espelho. E cedi a minha curiosidade, eu teria que passar por ele do mesmo jeito.

Há dois espelhos no banheiro, o que fica anexado com a pia e um enorme na parede oposta com adornos dourados o contornando, parei ficando no meio começando a me inspecionar de cima para baixo. Meus cabelos nem tão mais curtos estavam bem bagunçados, teria que usar mais de um tipo de pente para desembaraçar, desci meus olhos olhando para minhas roupas, ou deveriam ser. Claramente não são minhas, é uma camisola de malha rosinha que eu nem percebi estar vestindo, um pouco grande em mim me deixando mais baixa e gordinha ficando na altura do joelho, um pouco mais abaixo. Puxei o tecido para cima me livrando da peça, não saindo totalmente com maestria, alguns fios de cabelo ficaram presos, me deixando por poucos segundos presa, quando finalmente me libertei joguei a camisola em um canto, querendo usa-la novamente algum dia; senti meus lábios se moverem transparecendo um sorriso. Voltei meus olhos para o espelho analisando. Enrolando na verdade, demorava em passar meus olhos pela minha barriga, temendo encontrá-la maior do que eu esperava. Disfarcei de mim mesma a ansiedade olhando meus seios, que já pareciam estarem maiores, mas não demorei a descer meus olhos em direção à minha barriga a analisando.

Realmente ela está maior do que eu esperava, bem maior. Oito semanas ou mais de gestação? Nunca me dei bem com datas, mas de acordo com o que Carlisle havia me contado, creio que sim. Já está começando a ficar avantajado. Me virei de todos os ângulos possíveis atenta a cada mudança que estava acontecendo, as manchas ainda estão ali espalhadas, um pouco mais claras do que antes, mas ainda perceptíveis. Suspirei me distanciando sentindo-me frustrada, irritada com a minha imagem no espelho. Alternei meu olhar entre a banheira e o chuveiro. Uma parte de mim quis ficar inundada dentro da banheira, mas a outra queria me deixar apresentável novamente, dizendo que a banheira poderia esperar. Com a outra parte implorando, apartei meus olhos da banheira e decidi que ficaria com o chuveiro mesmo. Estendi minhas mãos para as gavetas do balcão as abrindo procurando por um pente; havia vários, peguei dois modelos diferentes, abri a portinha abaixo das gavetas encontrando as toalhas, e caminhei em direção ao box do banheiro, as demais coisas para a higiene já estavam lá.

A parte que mais me prendeu dentro do chuveiro foi meu cabelo, havia tantos nós entre os fios, parecia que fazia mais de um mês que não os penteava, ainda bem que o segundo pente que eu havia pegado era de dentes bem finos e juntinhos conseguindo separá-los bem.

Ao estar dentro do closet, já com os dentes escovados, eu encarava a mala aberta aos meus pés, as roupas já estavam separadas, mas eu não tinha ânimo algum para vesti-las. Acho que fiquei quase dez minutos sentada olhando fixamente para as roupas, até que devido ao frio que eu estava sentindo me forcei a vestir o conjunto de moletom e o tênis. Arrumei a mala superficialmente e a fechei, deixando no mesmo lugar que a encontrei e saí do closet. Caminhei hesitante em direção ao corredor branco, com pisos de madeira e fechei a porta do quarto. Andei até a escada e analisei os degraus abaixo tentando ver o que era no cômodo abaixo. Me senti ridícula fazendo isso, mas aproveitei-me dessa curiosidade e desci um degrau da escada, e depois outro e mais outro. Enquanto descia os lances da escada, eu pude ouvi-los, na verdade, eu ouvia a Hilary, parecia estar se divertindo com eles.

Aos poucos eu fui adentrando ao ambiente que eles estavam vagarosamente, vendo os rostos conhecidos de Esme e Carlisle acompanhados de um casal desconhecido por mim. Todos impecavelmente lindos, pensei por um breve momento que veria Edward ali.

Pousei meus pés no último degrau da escada me firmando ali com as mãos no corrimão. Todos um a um elevaram seus olhos a mim, aparentemente não contendo um real interesse, como se eu já fosse de casa. Esme que estava sentada em uma poltrona ao lado da moça, caminhou em minha direção e sorriu. Desci do último degrau pondo meus pés no piso impecável de madeira ficando ao seu lado. Hilary que até então estava entretida com o casal, olhou para mim com seus brinquedinhos nas mãos e sorriu os erguendo, sorri para ela e balancei a cabeça, ela estava se divertindo com eles ao seu redor.

— Não estamos com todos de nossa família reunida este mês. Mas estamos com pessoas o suficiente para ajudá-la Amberli. Estes são meus filhos, Rosalie e Emmett. — Esme os apresentou para mim. Ambos se colocaram em pé vindo em minha direção, e me assustei com o tamanho do rapaz — Rosalie ama crianças, Hilary estará em boas mãos, e Emmett nem se fala, — soltou um riso gracioso — quem vê esse tamanho jamais declararia isso.

Eles se apresentaram a mim, são casados e me garantiram que cuidariam de Hilary com suas vidas. Me senti comovida por suas palavras, as guardando dentro de mim. Emmett é bem divertido, realmente adora crianças, assim como sua esposa, mesmo ela parecendo ser um pouco reservada.

Depois de ser convidada a sentar em um dos sofás disponíveis do espaço do cômodo, foi que percebi juntamente com eles, que já estava na hora de falarmos do que realmente me levou até ali. Carlisle tomou a frente e modo descontraído se sentando no sofá a minha frente, Emmett ficou com Hilary no colo e Rosalie ficou na poltrona com Esme apoiada no braço do móvel.

Meus braços ficaram arrepiados, e senti medo do que seria a minha vida a partir dali.