Paternity

Sozinhos


Naruto nunca se esqueceria do dia em que ficou sozinho, pela primeira vez, com seu primogênito.

Era fim de tarde, ventava pouco e o tempo estava aberto, sem indícios de futuras precipitações. O loiro surfava pelos canais da televisão, entediado, até Hinata surgir na sala, afoita, anunciando que Hanabi pedira para que ela ajudasse com alguns assuntos urgentes no clã Hyuuga.

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— Eu não vou demorar, Naruto-kun. — prometeu, pendurando uma bolsa de couro no ombro esquerdo e soltando os fios negros do rabo de cavalo — Você consegue cuidar dele, fique tranquilo.

A princípio, acreditou nessas palavras, realmente acreditou , mas só até o segundo seguinte. Quando a esposa saiu batendo a porta, fitou o cercadinho localizado estrategicamente entre a sala e a cozinha, onde o bebê, agora com seis meses, estava sentado, mordendo um brinquedo de borracha com os dentinhos que começavam a nascer, explorando os arredores com os olhos azul-celestes.

E se deu conta de que estava absolutamente sozinho com um ser miúdo, chorão e excessivamente manhoso — o que, por sinal, deixava tudo ainda mais desesperador.

Se aproximou lentamente do cercadinho laranja e esticou os braços, apanhando o neném com cuidado e carinho.

— Agora somos só nós dois, garotão. — exprimiu, sorrindo para o filho, que se limitou a encará-lo com curiosidade, aparentemente entorpecido pelo timbre rouco do pai.

Então, um cheiro muito desagradável se espalhou pelo ambiente e o loiro fungou, aborrecido, reconhecendo o odor e as origens dele.

— É sério, Boruto? Você vai mesmo me fazer passar por isso, de novo? — indagou, sisudo, mas a irritação durou só até o momento em que o pequeno soltou uma risada doce, como se achasse engraçado o desgosto do mais velho. O ninja repuxou os lábios em um sorriso de divertimento. — Pestinha. — brincou e o levou ao quarto para trocar a fralda.

Ao contrário do que imaginava, a tarde transcorreu tranquilamente. Boruto não deu muito trabalho, permanecendo parte do dia quieto, ora em seu colo, ora mordendo os brinquedos odontológicos de borracha, sempre com olhar sobre a figura paterna, atento a todo e qualquer movimento que fizesse.

Quando a noite chegou, Hinata ainda não havia voltado e o loiro resolveu agir. Banhou o filho com todo cuidado, o vestiu com roupas quentinhas e preparou a mamadeira. Após alimentá-lo, escorou, confortavelmente, na cabeceira da cama de casal com o menino nos braços, ninando-o.

O pequeno sugava a chupeta verde com vontade, enrolado em uma manta branca e com os olhinhos semicerrados. Por puro hábito, Naruto tocou as marquinhas na bochecha infantil, acariciando a região com o polegar delicadamente e analisando a face do garotinho.

— Você é a coisa mais linda do mundo, sabia? — sussurrou, ajeitando-o melhor nos braços de forma com que ele ficasse semi-deitado, numa posição mais cômoda. O pequeno Uzumaki estendeu a mãozinha e agarrou o polegar do pai com força. Naruto deixou. — A solidão é ruim, né?

Boruto continuou a encará-lo, a chupeta movendo-se lentamente em seus lábios.

— Eu passei parte da minha vida só, cheguei até a pensar que seria assim para sempre, sem uma família, sem ninguém — relevou, engolindo o seco e relembrando os amargos dias de sua infância — Mas eu e sua mãe nos apaixonamos, nos casamos e eu ganhei o melhor presente que já pude ter: você. — ao vê-lo fechar os olhinhos, o aninhou ainda mais. Acariciou o cabelo dourado tão bagunçado quanto o seu, dando continuidade a conversa — Sei que não levo muito jeito para ser pai, nunca tive um para me dar exemplo, mas farei o meu melhor. É uma promessa — falou com firmeza — e eu nunca quebro as minhas promessas, dattebayo.

Levou o nariz até a rala cabeleira loira, inalando o cheiro natural de bebê que emanava da pele lisa e imaculada. Fechou os olhos, apreciando o aroma.

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— Você torna os meus dias melhores. — confidenciou ao filho em um sussurro quase inaudível — E eu não seria nada sem você.

Mais tarde, Hinata chegou em casa cansada e com a coluna dolorida, mas satisfeita por ter sido útil para a irmã. Mexeu o pescoço de um lado a outro, alongando-o e tirou os sapatos no genkan.

Tadaima. — cumprimentou alto. As luzes da casa estavam acesas, porém o único som que ecoava ali era o barulho do lado de fora da residência — Naruto-kun? — colocou a bolsa na mesa, chamando-o, mas não obteve resposta.

Presumiu que ele estava no quarto e, quando chegou à batente da porta dos aposentos, confirmou suas suspeitas.

O shinobi adormeceu com a cabeça tombada para o lado, segurando o neném protetoramente contra o peito. Boruto também dormia e, ao contrário dos sonos irrequietos já costumeiros — tudo por conta das dores causadas pelo recente nascimento dos dentinhos —, agora parecia sereno, como se estivesse anestesiado; como se a presença do pai fosse um analgésico, um calmante forte.

Sentiu o coração se aquiescer com a visão. Aproximou-se na ponta dos pés para evitar qualquer ruído e depositou um beijo rápido na testa do marido, orgulhosa.