Paternity

Surpresa


Somente duas semanas antes do aniversário de dois anos do filho que Naruto notou que Hinata estava um pouco estranha.

Por mais que o Uzumaki insistisse em realizar uma comemoração arromba para Boruto — utilizando o argumento de que não haviam feito a festinha de um aninho —, Hinata encucou em arquitetar um evento fechado, para os mais íntimos. Teria decoração e tudo, só que mais simples.

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Até aí, tudo bem. Nada incomum.

Hinata passava parte do tempo ocupada com os preparativos, bem mais reclusa que antes. Decidiu se encarregar dos doces e demais comidas para poupar dinheiro; além disso, passou tardes caminhando pelas ruas de Konoha em busca de algum salão de festas menor com equipamentos como pula-pula ou casinha de bolinhas, já que o foco eram as crianças.

Ela andava estressada por conta dos arranjos. Ao menos, era o que o loiro imaginava.

Só notou que a esposa não se encontrava em seu juízo perfeito em uma noite, quando decidiu provocá-la só um pouquinho com suas costumeiras brincadeiras.

— Agora não, Naruto-kun. — exprimiu, sentada no sofá, aparentemente exausta, tricotando um cachecol vermelho, dessa vez para Boruto. A ideia de o filho e o marido combinando fez com que sorrisse internamente. — Não estou para brincadeiras.

Ele insistiu, soltando algumas piadas, imaginando que, como sempre, ela riria.

Tudo o que obteve foi uma expressão contrariada.

Então, vieram as patadas. Recebia uma tirada atrás da outra e o shinobi, nessa altura do campeonato, já não sabia mais o que fazer. Parecia que ela explodiria de raiva a qualquer instante. Toda ocorrência era pretexto para que a kunoichi tivesse um acesso de fúria ou de choro.

Nunca imaginou que a veria nesse estado.

— Hina, o que está acontecendo? — resolveu questionar, aflito.

Ela respondeu que não sabia e ele acreditou. Acreditou porque conhecia Hinata bem o suficiente para saber quando mentia ou escondia algo.

Não era o caso.

As coisas não melhoraram muito no dia da festa. Todos estavam muito ansiosos, é verdade, mas a morena parecia prestes a ter um ataque de nervos.

O único alheio a tudo era Boruto. O menino nem sabia quando era o próprio aniversário, quem dirá que teria uma festa para comemorar ou que sua mãe se tornou uma descontrolada, bipolar, diariamente alternando as emoções entre a raiva, alegria e tristeza.

Boruto estava bem maior, as dobrinhas deram lugar a braços e pernas mais compridas. O garoto parecia ter uma imensa dificuldade para permanecer quieto e vivia tagarelando. Já conseguia nomear objetos, parentes e usava bem a colher na hora de comer.

Naruto sentiu-se melancólico ao pensar que seu pequeno já estava na casa dos dois anos.

Na festa, Hinata incorporou a imagem do que era antes: uma garota acanhada, educada, apresentando ser dona de um absurdo controle emocional.

A decoração ficou linda com o tema castelo medieval. Tudo feito com muito bom gosto e requinte. Naruto sentiu-se orgulhoso da morena.

A festa transcorreu tranquilamente e os convidados aproveitaram a fartura. Antes e após os parabéns, Boruto decidiu, por algum motivo, importunar Sarada com leves empurrões e mordidas — que, evidentemente, foram retribuídos, ainda que a menina fosse mais nova e tivesse um equilíbrio vacilante. Shikadai fez companhia ao loirinho, sempre por perto, mas não o suficiente para se meter no meio das brigas, afinal, se houve algo que herdou do pai foi a inteligencia.

Mais tarde, depois de uma noite cansativa e divertida, o Uzumaki colocou o filho— que já dormia, exausto de tanto correr e brincar — no berço. Caminhou com passos lentos até o quarto e observou Hinata vestida com o pijama e segurando um pequeno objeto com força.

— Hoje foi divertido. — comentou, atravessando a porta, sorridente.

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— Sim, muito divertido.

Silêncio. Retirou o casaco e, por um momento, pensou que nada estava fora do comum, até perceber que a esposa crispava os lábios com o olhar longe.

Geralmente, só o fazia quando estava nervosa.

— Pelo amor de Deus, Hina. Me conta o que está acontecendo. — suplicou, preocupado, afundando ao lado dela na cama. — Você não confia em mim?

— Não é isso, Naruto-kun... — fitou os orbes celestiais, apertando mais o objeto que segurava. — É só que... — ela parecia a beira do choro, de novo. Naruto, não sabendo o que dizer ou o que fazer, a aconchegou em seus braços. — Me desculpe por ser uma grossa esse tempo todo. Eu ia te contar semana passada, mas preferi esperar a festa e eu estava tão estressada e cansada. Meus hormônios estão uma bagunça e...

— Só me diga o que está acontecendo, amor. — interrompeu, com o coração apertado — É algo ruim? — a viu negar, meneando a cabeça. — Então me conte, dattebayo!

Um suspiro escapou pelos lábios rosados e ela voltou a fitá-lo diretamente no rosto.

— Escuta, Naruto-kun. — começou, deixando-o ainda mais nervoso. — O que você acha de começarmos a planejar mais de uma festa como essa?

— Eu não estou entendendo, Hina. Você quer dizer outra festa de aniversário?

— Isso. — confirmou, sorridente. — Daqui a um ano e nove meses.

Naruto manteve-se em silêncio, digerindo a informação jogada em seu colo. Só após alguns segundos que uma sombra de compreensão se passou por seu rosto. Arregalou os olhos.

— Não me diga que... — não terminou de falar. As palavras ficaram presas em sua garganta. Sentiu o interior queimar.

A morena confirmou com a cabeça, sorrindo e estendendo ao marido o pequeno objeto que antes segurava com tanto cuidado. O ninja pegou, trêmulo.

— Fiz quatro exames semana passada e mais esse ontem só para confirmar. — revelou, ciente de que o rapaz sequer a escutava.

O loiro permaneceu encarando o visor do teste de gravidez, as lágrimas escorrendo por seus bochechas.

Lá estava o resultado: uma simples linha vermelha que mudaria sua vida por completo.

Positivo.

Pela segunda vez, Naruto seria pai.