O Lado A

Capitulo II


Segunda-Feira, Faculdade de Ciências Naturais e Humanas de Row City, 8:56 am

—Antônio, Antônio...-Will falou me sacudindo

Eu tentei disfarçar o quanto pude, mas, durante o final de semana inteiro minha cabeça seguia involuntária para o que aconteceu quinta-feira, me pegava pensando na Lara sem nem mesmo perceber.

— O que foi?-falei desorientado

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—Cara, você tá voando desde sábado à noite, eu praticamente embrulhei a Babi para você e você sequer tocou no presente, ela ficou magoada, sabia?! Me diz, o que tá rolando?

Will era o único amigo que me restou do colegial, e praticamente o único da faculdade, apesar dele cursar Física a gente ainda passa muito tempo juntos. Não temos segredos, sofremos bullying juntos no colégio e estamos aqui até hoje. Um dos presentes que a Lara me deu ao ter me abandonado.

—Sabe o que é... Falei o tirando da multidão e o arrastando para baixo das escadas. - A Lara Isabel bateu em minha porta Quinta...-Ele me interrompeu bruscamente.

—COMO? POR QUÊ? E PRA QUE?-Will praticamente surtou, a Lara pra variar era a garota mais desejada da faculdade, afinal, ela namorava com o herdeiro de tudo aquilo, qualquer pessoa ficaria surpresa ao escutar isso vindo de um cara como eu-Por favor, não me diga que ela tá colocando um par de chifres no Mark com você.- Ele falou balançando a cabeça negativamente.

—Você quer me deixar falar? Posso?!- Falei arqueando a sobrancelha

Então eu contei toda a história, desde o dia no beco da taverna até o dia da minha casa e a única coisa que ele sabia dizer era “Caramba”. Aquilo estava acabando comigo, se eu guardasse mais uma semana poderia não acordar vivo, a ansiedade iria me assassinar enquanto dormia, ou em algum momento de insônia o que me parecia mais provável.

—Com a Lara Isabel Gusmão quem é que olha pra qualquer outra pessoa? Cara, eu jurava que vocês se odiavam, lembra da aquela vez...- Eu o interrompi

—Serio, Willian. Por favor... O que você acha que eu devo fazer?- Falei esfregando os olhos, qualquer pessoa me que visse naquela hora percebia o quão perturbado eu estava, eu não sabia o que fazer, o Will tinha razão eu também jurava que a gente, ou melhor, ela me odiava.

—Oi amorzinho!- Will falou sem graça, e eu percebi que era a Marcela que estava se aproximando, sua namorada.

—Oi, Amante do meu namorado e Thuthuco- falou beijando o Will- Do que estamos falando?

—Oi, Traída! Na verdade, Eu estou de saída.- Falei dando um sorriso e virando as costas. A Marcela tinha ciúmes do quão fiel o Will era em relação minhas historias, Ela era daquele tipo de namorada que acha que o namorado tinha assinado um contrato de contar tudo a ela, até os segredos alheios e eu espero de coração que o Will guarde pelo menos os meus.

Quando já está a certos passos de distância o Will gritou “Vai atrás dela Cara, Não foi por acaso. você sabe o que.” Parei e olhei pra ele com uma cara de “Eu vou te matar, Willian” e ele percebeu que falou alto de mais.

O Will tinha razão, Eu precisava falar com ela, não podia deixa-la a deriva, fingir que nada aconteceu. Que tipo de pessoa sou eu? A regra social é bem clara, Uma vez você procura e na outra espera ser procurado, por mais que eu não seguisse regras sociais, essa me parecia uma boa. Mas, por hora fui para as aulas, a Lara Isabel não apareceu em nenhuma delas, enquanto, todas as vezes que eu saia da sala dava de cara com o Mark, desfilando pela faculdade com aqueles gorilas dos seus seguidores.

19:00pm

Quando finalmente cheguei em casa, tentei passar despercebido e ir direto para meu quarto, mas foi em vão.

—Filho, foi você que chegou?- Minha mãe gritou da cozinha.

—Foi sim, mãe! Qualquer coisa estou no quarto. – Continuei subindo as escadas.

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—Pedro Antônio Lorram, está acontecendo alguma coisa?- lá estava minha mãe no inicio do lance de escadas me olhando como se já soubesse de tudo.

—Seu filho está ficando doido, mas, ainda ama muito a senhora.- Fiz um gesto de coraçãozinho com a mão, continuei subindo e ouvi ela murmurar “Você nunca foi normal, Antônio.” e ela tinha razão.

Entrei no quarto que ficava do lado esquerdo do corredor, fechei a porta e olhando ao redor vi que cama que ainda estava por fazer e como todos os outros dias não seria feita, meus posters não casavam com a cor branca da parede e Minha cabeça formulava o que falar quando a encontra-se, nada parecia tão bom, tudo parecia muito inconveniente e inapropriado.

Segui para janela que ficava ao lado da escrivaninha e foi veio automaticamente uma lembrança antiga.

—Antônio, quando eu casar quero que continuemos amigos, preciso de alguém pra quem ligar quando sentir medo do escuro.- Lara falou em uma das nossas ligações.

Estava eu, pendurado ao telefone, vestindo meu pijama das tartarugas ninjas, meus cabelos negros estavam extremamente penteados de lado, e o tom de pele anêmico me fazia parecer o Führer.

—Se tudo tiver escuro significa que não tem energia, Lara Isabel. Telefones não funcionam sem energia, Dãa.

—Então você pode ser meu vizinho? Não vou querer revelar todos meus segredos, minha mãe me disse que isso é o que torna as pessoas interessantes, não quero deixar de ser interessante.

Lembro que ela falou como se isso fosse realmente verdade irrefutável, quem já se viu.

—E se você casar comigo? Sempre que estiver escuro vou estar do seu lado.

Foi constrangedor, mas acabou saindo.

—Não, Antônio. Você sabe dos meus segredos, Eu não seria interessante para você.

Ela gargalhou e eu desliguei o telefone, aos 10 anos não se pode constranger alguém.

Balancei a cabeça como se quisesse que ela voltasse para o presente, Decidi tomar um banho, eu iria a casa da Lara, Precisava ver como ela estava, E foi o que eu fiz.