A cura
Dr. Peter Quill
O primeiro a ser o infeliz azarado foi Kraglin, como sempre. Algum vírus ou bactéria que entrava em contato com os Saqueadores passava uma visita a Kraglin. Gripe Xandariana era surpreendente comum e causava tosse por horas sem fim e mais sono do que o necessário, mas três dias depois ele estava novinho em folha.
No mesmo dia, Yondu descobriu que gripe xandariana também afetava Centaurianos. E era 10 vezes mais forte. Estava tremendo de frio e suando de calor, dor de cabeça, tosse e tudo o que acompanhava a lista de dor e sofrimento.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Depois da tripulação checar se seu obituário estava pronto caso o pior acontecesse — Yondu quis jogar todo mundo pela janela —, Kraglin e os outros ficaram com pena o suficiente do capitão para o colocar em sua cama. Yondu já estava quase no reino da inconsciência para notar alguma coisa. Horas se passaram e tudo o que ele queria era acabar com sua miséria.
— Yondu?
Ah, não. Aquilo era tudo o que ele não precisava agora. Fechou os olhos, não querendo fazer mais nada por uma semana.
— Vá encher o saco do Kraglin, garoto. — Yondu virou de costas para Quill, que apenas foi até o outro lado da cama para olhar o capitão.
— Wow, você tá uma droga. — Yondu abriu seus olhos vermelhos para encarar Peter ferozmente, que só o fitou com um olhar curioso. Seu olhar assassino estava começando a perder o efeito. — Theo me disse que você estava triste por estar doente e que eu deveria vir te alegrar.
— Ele disse isso?
Os dias de Theo estavam oficialmente contados.
Yondu fechou os olhos novamente, esperando que sua morte ocorresse o mais rápido possível. Nem mesmo Kraglin conseguia aguentar o garoto por muito tempo. Minutos depois o tão esperado sono estava quase vindo quando de repente sentiu algo gelado em seu peito. Yondu pularia de susto se tivesse a energia.
— Quê que tu tá fazendo--
— Não se preocupe, Yondu, — Peter disse, segurando um estetoscópio (onde ele tinha arranjado aquilo?) e o pressionando no peito do capitão. — Você vai estar melhor em—
Peter parou e franziu as sobrancelhas, confuso.
— Não tô ouvindo nenhuma batida de coração. Que estranho…
Yondu rolou os olhos e moveu o estetoscópio para baixo até o seu lado direito, perto do rim.
— Ah! Agora estou ouvindo. — Peter declarou sorridente.
— Vai embora, moleque, eu não quero que você pegue essa gripe também.
— Não tem problema, — Ele retirou o estetoscópio. — Kraglin disse que eu sou imum.
— Imune. — Yondu murmurou. — Me deixa em paz. Só quero dormir.
Peter assentiu.
— Ok. É preciso descanso e bastante água. Quer que eu pegue água pra você?
— Você vai precisar sair do quarto pra pegar?
— Não. Tem uma pia bem aqui.
Droga.
Ele ouviu Quill encher um copo d'água e Yondu torceu com todas as suas forças que a água estivesse envenenada para então acabar com seu sofrimento.
— Valeu, — Yondu disse, emburrado, quando tomou a água e devolveu o copo. — Agora chega. Sai daqui.
Peter não saiu.
— Eu posso ajudar mais. Minha mãe segurava minha mão quando eu ficava doente. Quer que eu segure a sua? — Yondu apenas o encarou. — Quer que eu cante pra você?
— Não.
Um silêncio tomou conta dos dois enquanto Yondu observava o walkman do garoto em seu cinto e começou a considerar suas escolhas de vida. Não havia ninguém além deles no quarto e ninguém se atreveria a entrar em um cômodo com um capitão contaminado e um pirralho de oito anos. Com isso em mente, Yondu bufou.
— Quero ouvir seu walkman. — Peter abriu a boca algumas vezes, mas nada saiu. Parou e, ao franzir a testa, murmurou:
— Você tá pedindo o meu walkman. Tá morrendo?
— Provavelmente.
Peter, com hesitação, entregou os fones de ouvido e ligou o aparelho. Uma melodia até que agradável começou a tocar e Quill sentou-se na cadeira ao lado da cama, quieto, enquanto Yondu prestava atenção na música.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Algo sobre um cara que traiu sua esposa com outra mulher só para depois descobrir que a amante era a própria esposa. Depois um outro idiota cantando sobre como ele se apaixonou acidentalmente. Depois de mais algumas canções, Yondu já estava percebendo um padrão.
Terráqueos eram idiotas.
— A música da minha mãe sempre me faz ficar melhor. — Peter disse quando Yondu cansou das músicas e entregou o walkman para o garoto. Yondu rolou os olhos ao ouvir Quill tagarelar sobre sua mãe como sempre até que parou ao ver Peter sentado com suas pernas balançando pra lá e pra cá de um jeito irritante. Tudo nele era irritante.
— Essas músicas são da sua mãe? — Yondu perguntou e Peter deu de ombros.
— São músicas da época dela que ela gostava. Ela me deu esse walkman pra compartilhar essas músicas comigo, — Ele fechou os olhos e suspirou. — Ela morreu logo antes de você me abduzir.
Ah, merda. Então era por isso que o moleque estava inconsolável e não parava de gritar e chorar nos primeiros dias a bordo do Eclector. Yondu passou sua mão em seus olhos cansados e se perguntou porquê o menino não tinha compartilhado aquilo até agora. Não que faria muita diferença.
— Minha mãe me deixava deitar com ela quando ela tava doente e disse que isso a fazia ficar melhor, - Peter disse. – Posso deitar aí do seu lado?
— Não.
— Eu não vou te atrapalhar, eu juro—
— Não, Quill! — Yondu rosnou. — Vai embora!
Peter prendeu a respiração e mordeu o lábio, sua expressão derrotada. Ele olhou para o chão e não falou nada. Yondu suspirou e xingou silenciosamente todas as entidades divinas conhecidas pela galáxia.
— Tá bem, — murmurou e deixou um pequeno espaço na cama. — Mas se você me acordar eu te empurro e deixo você cair.
Peter sorriu e subiu na cama perto de Yondu, se remexendo até ficar confortável. Yondu rolou os olhos e depois os fechou, recebendo o sono de bom grado. Peter agarrou o casaco do capitão e encolheu-se em seu peito.
—
Algumas horas depois, Yondu acordou com o cabelo de Peter em seu rosto. Abriu os olhos e viu o garoto ainda dormindo com um leve sorriso nos lábios. A calma e tranquila atmosfera foi logo quebrada ao avistar Kraglin encostado na porta do quarto com os braços cruzados e uma expressão extremamente satisfeita.
— Estou interrompendo algo, capitão? — Kraglin disse. O olhar que Yondu enviou em sua direção simplesmente gritava “se você contar isso para alguém eu vou te esfolar vivo e te tacar pela janela”. Kraglin não se intimidou, entretanto. — Como está se sentindo?
Yondu checou brevemente seus sintomas e ficou surpreso ao descobrir que, na verdade, estava se sentindo bem melhor.
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