Toujours Pur

Prólogo - Festa de um Homem Morto


O tilintar dos talheres enchia a sala enquanto as conversas mantinham o tom mais baixo possível. Havia pelo menos uma dúzia de pessoas sentadas à mesa, todas vestidas da maneira mais elegante possível enquanto comiam e lançavam olhares ansiosos ao anfitrião, um homem com pele pálida e olhos vermelhos que ainda não havia dito nenhuma palavra de boas-vindas para as famílias que havia convidado.

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— Onde está seu irmão? — cochichou Walburga Black para a menina ao seu lado, sua filha Lily. As duas olharam para o lugar vazio ao seu lado, onde Sirius deveria estar, antes de voltarem a comer tão calmamente quanto os outros. — Juro que se aquele imprestável faltar hoje… uma honra tão grande para nossa família e ele falha em ao menos aparecer...

— Eu não sei, mamãe — ela respondeu, colocando um pedaço de carne em sua boca e mastigando com vontade. — Sirius é uma força imprevisível da natureza.

Os olhos de sua mãe se estreitaram antes de ela abrir a boca novamente, para criticar algo sem dúvida.

— Fiquem quietas — ralhou o patriarca, Orion. — O Lorde das Trevas pode notar.

Walburga lançou um olhar odioso ao marido antes de voltar a comer, silenciosamente o amaldiçoando de todos os tipos de coisa. Lily, por sua vez, tentou beber mais um pouco do vinho amargo que haviam servido, mas se descobriu incapaz de engolir uma gota sequer. Estava nervosa demais para isso. Sirius tinha a mania de não seguir o protocolo em eventos assim, algo que ela tolerava, mas ele sempre aparecia; atrasado, talvez, mas aparecia. Apertava o seu coração em pensar na possibilidade de algo ter acontecido com o seu irmão. Inúmeras ideias cruzavam sua mente, entretanto nenhuma parecia certa.

Regulus poderia ter alguma hipótese sobre o acontecido, ele sempre possuía alguma ideia de onde Sirius estava, mas acabou recusando a oportunidade, preferia ficar em casa estudando para o novo ano em Hogwarts do que jantar com o Lorde das Trevas e as pessoas mais importantes do Ministério da Magia. Lily simplesmente não entendia o motivo de estudar se ele não poderia fazer as conexões necessárias para os melhores empregos.

Suspirou e se forçou a tomar mais um gole de vinho. Às vezes, Lily tinha a sensação de que era a única pessoa sensata de sua família.

Ela observou as pessoas ao seu redor, absorvidas em suas próprias conversas e engoliu uma garfada de ervilhas. Elas não pareciam notar que havia alguma coisa de errado com eles e isso permitiu que o aperto no coração dela afrouxasse, atualmente aparências eram tudo e as do Black deveriam continuar intactas; a desconfiança de ser parte trouxa ou, Merlim a livre, membro da famigerada Ordem da Fênix poderia destruir uma vida.

O anfitrião se levantou, um sorriso leve no rosto e disse algumas palavras frias antes de se sentar novamente. As pessoas sorriram para ele, mas ninguém ousou iniciar uma conversa, pareciam nem reconhecer sua gloriosa presença. Lily não os entendia, como não se sentiam atraídos à magnificência dele? Como não viam a honra de terem sido escolhidos? A possibilidade de se referir a ele como aliado? Era inebriante apenas o fato dele estar ali, o Lorde das Trevas em pessoa.

Ela nunca ousou chamá-lo pelo nome, nem em sua própria mente, por isso preferia se referir a ele como milorde ou o Lorde das Trevas apesar de seus pais gostarem de chamá-lo de o Salvador.

Lily definitivamente via o apelo, afinal aquele homem havia impedido que os trouxas exterminassem a raça bruxa, os rebaixando até que não fossem nada mais do que criaturas patéticas que mereciam tudo que estavam recebendo. Ele era definitivamente o Salvador, mas ela não era digna de chamá-lo assim, deveria se provar primeiro apesar de não ter nenhuma ideia como.

— Lily? — uma voz calculada lhe chamou. Lily se virou e suas bochechas esquentarem gravemente ao notar que era o próprio Lorde das Trevas que a chamava. Será que tinha feito algo errado?

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— Sim, milorde? — perguntou levemente, erguendo os olhos para encará-lo. Seu coração batia forte contra seu peito, seus dedos tremiam sem controle e ela já conseguia visualizar o tipo de tortura que lhe seria infligido.

Lily se perguntou se sua mãe iria chorar, provavelmente não.

— Você ainda estuda em Hogwarts? — ele perguntou por fim, mastigando um pedaço de carne que havia colocado na boca.

Foi como se um peso tivesse sido retirado de seus ombro e Lily conseguiu respirar sem que uma parte de si mesma lhe dissesse para correr para longe dali.

— Sim, milorde — ela respondeu confiante. — Irei começar meu sétimo ano em breve.

— Aluna de Slughorn então? — o Lorde das Trevas se virou para o corpulento homem ao seu lado que agora parecia bastante nervoso pela atenção em si.

— Sim, sim. Lily é uma das minhas melhores alunas. Um exemplo para todos os outros membros da Sonserina.

As casas de Hogwarts ainda existiam, sim, mas todos sabiam que era muito melhor você ser da Sonserina do que ser das outras casas. Ser uma cobra te tornava praticamente realeza e eram poucos os dignos o suficiente para pertencerem a casa do Lorde das Trevas. Lily teve a sorte de ser uma dessas poucas.

— Excelente — o anfitrião murmurou com as mãos em seu queixo. Lily não conseguia deixar de sorrir para si mesma apesar de ter feito o seu melhor em disfarçar. — O que sabe sobre James Potter?

James era o melhor amigo de Sirius. Lily não o conhecia muito bem.

— Está no mesmo ano que eu. Da Grifinória. Puro-sangue. Membro do time de Quadribol. — ela engoliu em seco, não queria dizer, mas era preciso. — Melhor amigo do meu irmão Sirius.

— Entendo — sussurrou o Lorde. — Poderia me fazer um favor, Lily?

Ela não sabia o porquê de ele estar perguntando. Lily faria qualquer coisa pela causa, pensou estar claro em sua expressão ansiosa.

— Mas é claro, milorde.

— Fique de olho em James Potter. Tenho suspeitas sobre aquele garoto e preciso de alguém confiável com ele. — ele voltou a comer.

Lily poderia explodir naquele exato momento. A honra, a grande oportunidade e tudo seria dado para ela! Oh, como queria gritar de felicidade!

— Será um prazer, milorde — disse enfim com um sorriso leve no rosto. — Farei o meu melhor.