Mar das Caraíbas 1684

Um grande navio da marinha britânica avistou um galeão à deriva no mar, não havia qualquer iluminação, ou algo que indicasse vidas a bordo. Ao se aproximarem notaram os buracos feitos por balas de canhões em todo casco do navio, rapidamente colocaram a prancha para irem até a outra embarcação. Procuravam por sobreviventes e pelo diário de bordo, mas tudo que encontraram eram corpos e mais corpos em decomposição, mortos em pura barbárie.

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— Comodoro, comodoro! — Um dos oficiais corria da sala dos mapas para o convés a procura de seu superior — O senhor precisa ver isso!

Logo o comodoro seguiu o homem para a sala que tinha o odor de putrefação mais ameno. O ambiente estava bagunçado, entretanto, o que chamou a atenção dos oficiais não fora isso, mas sim o que estava atrás da porta de cor bege. Nela havia um ponto de interrogação desenhado com sangue, marca já conhecida por eles.

X

O navio real retornou à cidade para relatar a infortúnio ao governador que aguardava ansioso. O Império, galeão britânico, trazia em seu compartimento especiarias, jóias,muito pesos em ouro e um item muito importante, destinado a aportar em Port Royal, porém seu atraso de dois dias chamou a atenção do governo. Então o governador mandou que os oficiais traçassem a rota que a embarcação faria para chegar a cidade, e assim partiram em missão.

— Senhor, o comodoro. — O guarda anunciou a entrada do oficial a sala do governador

— Bom dia senhor governador, tenho notícias a respeito do Império — Iniciou o homem, notando que o outro não lhe dava qualquer atenção, apenas mantinha seu olhar preso a uns papéis — O navio foi atacado por piratas, não há sobreviventes ou vestígios da carga aguardada...

— Algo que não seja óbvio?

— Bem, o navio foi atacado pelos piratas da tripulação do demônio — Nesse momento o governador fitou o oficial,mas não parecia surpreso.

Ele se levantou de sua cadeira e começou a caminhar pensativo, o tom de sua pele avermelhada mostrava a raiva que ele tentava conter.

— Comodoro, partiremos a Inglaterra amanhã, esses malditos piratas já zombaram o suficiente de nós.

— O que pretende governador — Questionou o homem.

— A captura desses malditos e o extermínio de todos os piratas existentes.

– – –

Port Royal, dois meses depois…

A cidade localizada na Jamaica estava agitada, a movimentação da guarda real e oficiais da marinha criavam especulações sobre o que poderia está acontecendo no forte, poucos sabiam do que se tratava pois o evento era algo privado por exigência do novo governador, Robert Brodbeck.

Na casa de sua família não era diferente, Katherine junto às criadas subiam e desciam as escadas afoitas para que tudo estivesse pronto a tempo.

De frente para o espelho Moira fitava seu reflexo, ela trajava um longo vestido branco, com rendas e pérolas, e seus cabelos presos a uma trança de raiz. Katherine se aproximou da filha com uma tiara presa a um grande véu, ela o colocou sobre o alto da cabeça de Moira e o arrumou.

— Oh, você está linda… — Katherine se emocionou por ver sua filha tão bela.

— Não chore mamãe, assim vai me deixar triste — Moira forçou um sorriso

— Me desculpe querida, é que… esse é um momento tão especial — A mulher tocou o rosto da outra — Minha princesa…

— Mamãe… — A jovem abraçou a mãe com ternura.

O contato foi partido quando uma empregada da casa adentrou ao quarto para chamar Katherine, pois precisava de sua ajuda, a mulher então beijou a testa de sua filha e logo seguiu a criada. Moira voltou a fitar o espelho.

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Dois anos haviam se passado desde a busca pelo coração de Nirina. Ela retornou a Port Royal, e com uma história criada por ela e Daniel no trajeto até a cidade, eles explicaram o que supostamente haviam passado presos por ordens de um terrível pirata chamado Morgan. E talvez, se tivessem dito a verdade pouco seria impactante quanto a descoberta que tiveram quando chegaram.

Heloísa desesperada pelo desaparecimento do filho seguido de Moira, contou a família Brodbeck o que ela e o marido Peter haviam feito na noite em que o filho do casal nasceu. Robert e Katherine ficaram chocados com a revelação, e motivados pela mágoa, queriam condenar o casal a prisão alegando ser um crime sem clemência, entretanto, Alec que sorrateiramente ouvia a discussão, pediu aos pais que refletissem melhor sobre o ocorrido. Eles amavam Moira de todo coração e o casal que havia criado James/Daniel, também o amava, criando-o como um bom cidadão, Alec também disse aos pais que os irmãos ficariam magoados se voltassem a cidade é soubessem o que haviam feito. Diante das palavras do menino, seus pais decidiram não sentenciar a pobre família Connor.

Moira ainda se perguntava como teria sido sua vida, caso Heloísa e Peter tivessem a criado, e se Daniel teria motivos para partir de Port Royal como fez…

A moça suspirou pensativa, muita coisa havia mudado nos últimos anos, mas algo em seu coração permanecia intacto e voraz como as chamas da fênix.

— Parece que vai ocorrer um evento importante no forte, e a julgar pela sua roupa imagino que seja um casamento, o seu casamento.

A voz um tanto enigmática e o aroma forte de rum fez a jovem saltar para trás assustada. Na janela do seu quarto,sentado despreocupadamente estava um velho amigo.

— V-você?! — Ela exclamou.

— Em carne, osso e rum amor — Ele sorriu. Desceu da janela e seguia em passos desajeitados até ela. Quando chegou, o pirata recebeu um tapa no rosto. automaticamente colocou a mão no local acertado. — Acho que não merecia isso...

— Roubou o meu colar! — Exclamou irritada — Você se aproveitou da minha fragilidade para me enganar!

— Tecnicamente foi você que deixou ser enganada, afinal correspondeu ao meu beijo com bastante fervor — O pirata sorriu vitorioso. Moira sentiu suas bochechas arderem.

— Não importa, devolva-me o colar agora Sparrow!

— Não, isso não será possível senhorita, pois o seu precioso colar estava a bordo do Pérola, sim, ele foi novamente tomado por Barbossa que enfrentou Barba Negra e agora é o capitão do vingança da rainha Ana e nada mais faz sentido quando o meu navio se tornou isto — Jack mostrou a Moira o navio que estava preso dentro de uma garrafa.


Os olhos dela estavam assustados, era difícil acreditar que um grande navio como o Pérola Negra fora transformado em um pequeno objeto de decoração. Ela pegou a garrafa e olhou mais a fundo, vendo o macaco Jack dependurado em uma corda.

— Isso…isso é inacreditável… — Expôs

— Ah! Barba Negra tinha uma verdadeira esquadra em seu navio, acho que vai gostar de ver isso — O pirata pegou uma segunda garrafa com outro navio aprisionado.

— O Carmem de La Rosa! — Moira entregou o Pérola para Jack e em seguida pegou a outra garrafa. Ela se sentou a beirada da cama — Não pode ser… Jack o que está havendo? Como isso aconteceu? E como pretende retirá-los das garrafas?

— Não faria sentido voltar a Port Royal se eu tivesse uma resposta para a última pergunta, mas você tem — Ele logo sentou ao lado da jovem — Pode me ajudar a libertar o Pérola e os outros navios não é, não deve ser difícil para uma deusa, semideusa ou filha de uma.

— Jack não sou uma bruxa, nem tão pouco tenho poderes lembra-se?

— Deveras, mas uma vez sendo ligada a bruxa do mar-

— Esqueça Sparrow — Moira o interrompeu e levantou da cama — Não vou pedir nada a Calipso, se quer a ajuda dela procure você mesmo um meio para isso — Ela entregou o Carmem ao pirata e seguiu até sua penteadeira, pegando seu bouquet de rosas amarelas — Agora se me der licença, não é de bom tom uma noiva se atrasar mais que alguns minutos.

— Oh, então o garoto conseguiu… — Jack arqueou a sobrancelha enquanto acariciava sua barba.

Moira apenas esboçou um sorriso de canto com as palavras ouvidas, o que deixou o pirata intrigado. Entreabriu os lábios para dizer algo, até que batidas na porta foram ouvidas,deixando Brodbeck angustiada.

— Moira querida, a carruagem já está à sua espera!

— J-já estou indo mamãe! — Ela caminhou até a porta, colocou o ouvido junto a madeira a fim de averiguar se sua mãe já havia descido — Como veio parar aqui mesmo?

— Como da primeira vez — Jack sorria orgulhoso mas logo fez uma expressão contrariada — E mais uma vez me encontro sem um navio...A propósito, há mais cadáveres de piratas enforcados na costa do que antes — Moira abriu a porta, e antes de partir fitou o pirata.

— Sugiro que vá embora de Port Royal o mais depressa possível, as coisas não andam nada favoráveis para os piratas. No lado leste da cidade é o lugar com menos guardas, lá tem um navio ancorado que está sendo preparado para uma viagem, garanto que irá lhe servir. Adeus Jack Sparrow — Moira fechou a porta, deixando o pirata a observar.

— É capitão, capitão Jack Sparrow.