Outra Dimensão

Visitante inesperado


Os três Anbus se acercaram cautelosamente da pessoa caída próxima a um agrupamento de árvores, suas armas em punho, até finalmente com um salto pousaram ao lado do indivíduo deitado de bruços e vestido estranhamente.

O homem tinha estranhos cabelos brancos e, pelo rosto jovem, dava para perceber que a coloração era de nascença. O que era muito raro de se ver e para completar o visual a roupa que ele vestia dava um ar ainda mais misterioso. Parecia algo saído dos livros de história que eram obrigados a decorar na Academia.

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A mulher com a máscara em forma de gato tocou o ombro do homem inconsciente e imediatamente fez uma averiguação de seu estado físico. Ele tinha diversos ferimentos internos e algumas costelas quebradas. Seu chakra continuava oscilando, totalmente fora de controle, e isso não era nada bom.

— Washi, Kamereon... Precisamos levá-lo imediatamente para o hospital, ele está com uma forte hemorragia interna. Precisa ser operado com a máxima urgência.

— Como? Nós nem sabemos quem ele é... - disse o de cabelos azulados, atropelando as palavras.

— Eu não posso operá-lo aqui e certamente o Hokage prefere interrogar ao invés de receber um relatório de autópsia.

— Kame tem razão, Hyou - disse o moreno, balançando a cabeça. - Temos que presar pela segurança do aldeões.

A moça pensou rápido.

— Então, vá ao hospital e traga a senhora Uchiha até aqui. Porque certamente eu não vou conseguir operá-lo sozinha - disse, olhando ao redor. - Tem um abrigo aqui perto, nos vemos lá.

Assim a equipe se separou. Kamereon foi ajudar a companheira a levar o ferido para o abrigo na floresta enquanto que Washi foi em direção ao hospital encontrar a diretora.

Ao chegar a pequena cabana, Hyou acomodou o ferido sobre uma das camas enquanto que o azulado cuidou de vigiar a porta.

— Ei, venha aqui me ajudar. Vou precisar de ajuda para despi-lo.

O outro revirou os olhos. Embora sua mãe fosse médica e seu pai um cientista, ele nunca se interessou nessa área, mas era um especialista em venenos e armadilhas. Espionagem era com ele mesmo, mas quando o assunto era delicadeza e cuidados era uma negação.

Com muito esforço, os dois conseguiram desfazer a série de nós e laços que prendiam a armadura que protegia o corpo do homem, mas mesmo assim deu trabalho removê-la.

— Como ele consegue se mover com essa coisa? - comentou Kame, recebendo um olhar de repreensão da companheira. - O quê?

— Vigie a porta para ver se Washi vai demorar. Preciso de concentração aqui.

O outro resmungou, mas voltou para a sua posição junto a porta.

Agora olhando mais nitidamente, a Anbu percebeu que ele não era jovem. Certamente, já passava dos quarenta anos e seu corpo coberto de cicatrizes atestavam uma vida de duras batalhas.

— Por que eu tenho a sensação de já ter te visto em algum lugar? - sussurrou, analisando o corpo e mapeando o local das hemorragias. O pulmão esquerdo estava entrando em colapso, tinha de operá-lo com urgência. - Oh, droga!

Ela abriu uma incisão, deixando o companheiro abismado, mas ele nada disse porque sabia que levaria uma surra mais tarde se tirasse sua concentração. Só desviou o olhar, torcendo para que a médica e seu amigo chegassem logo.

Ela pegou sua garrafa de água, removeu o tubo e introduziu na incisão, liberando o ar, mas junto saiu sangue.

— Merda! Não se atreva a morrer agora, lindinho, ainda quero saber quem você é...

De repente, ouviu-se um barulho do lado de fora, mas Hyou não parou o que fazia. No entanto, disse, quando sentiu alguém parar ao seu lado:

— Ele está com pneumotórax de pressão do lado esquerdo. Já liberei o ar, mas parece que tem sangue...

Suas mãos foram substituídas e logo ouviu a voz calma de sua sensei:

— Examine a cavidade abdominal procurando por lesões principalmente no fígado, baço e rins.

Ela assentiu e logo as duas se concentraram na árdua tarefa. O homem tinha mais de uma dúzia de ossos quebrados além de marcas de queimadura e cortes em toda parte superior do tórax e abdomem. Seu braço direito estava em carne viva além da ulna estar em pedaços.

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— Parece que acabou de chegar da guerra - comentou, passando para a parte inferior do corpo onde mais ossos se encontravam trincados.

Mas Sakura não respondeu, deixando-a intrigada a ponto de erguer o olhar e vê-la estranhamente tensa. Chegou a abrir a boca para perguntar o que estava acontecendo, mas fechou achando que o momento não era oportuno.

Enfim, depois de três horas de muito trabalho, conseguiram terminar os curativos, mas o homem estava febril. O que não era de se espantar devido a gravidade de seus ferimentos.

— Agora que ele está estável, quero que façam algo para mim - disse, fazendo os três Anbus assentirem. - Washi, vá até o Distrito e traga Sasuke e depois vá a Torre e avise Naruto. Infelizmente, é mais seguro para ele permanecer aqui.

Os três olharam de um para o outro, mas nada disseram. Os dois rapazes saíram para cumprir as ordens enquanto que Hyon permaneceu ali para auxiliar.

— Comigo não precisa usar máscara, Yoko. Pergunte o que tanto quer?

— A senhora o conhece? - disse, mas recebeu como resposta apenas o silêncio. - É que eu tive a impressão de já tê-lo visto em algum lugar, mas nada me vem a memória.

— Na verdade, você já o viu sim, assim como todos aqueles que nasceram na Aldeia da Folha ou passaram por aqui pelo menos uma vez na vida.

— Quem é ele?

— Ele é Tobirama Senju, o Nidaime Hokage.

Levou algum tempo para que Sasuke e Naruto chegassem a cabana e não pareceram nem um pouco felizes com o estranho escondido na Floresta. Será que esses portais nunca vão parar de dar dor de cabeça?

— Como ele está, Sakura?

— Estável, é mais forte que um touro - disse a médica, se acercando de seus dois antigos companheiros.

— É impressão minha ou ele parece ter quase a mesma idade de quando supostamente morreu? - questionou Naruto, inclinando a cabeça em dúvida. Lembrava ligeiramente da vez em que viajaram no tempo e se depararam com a versão bem mais jovem do homem a sua frente.

— Não é impressão, Naruto - disse a mulher, massageando a nuca. - Suponho que ele estava em meio a sua suposta última batalha quando foi arrastado para cá. Daí a extrema gravidade de seus ferimentos.

— E o fato de você ainda estar aqui - disse Sasuke, balançando a cabeça.

De repente, o homem começou a gemer e a se mexer na cama, surpreendendo a plateia. Espera um momentinho, ele não estava quase morto?

— Aonde eu estou? - disse, sua voz quase inaudível.

— Na Floresta da Morte, Hokage-sama - disse a médica, tocando o tórax do doente e se inclinando em sua direção. - Nós o encontramos, mas não podemos movê-lo por causa da gravidade de seus ferimentos.

Os olhos castanho-avermelhados moveram-se em direção a voz, tentando focalizar, mas sua visão estava turva.

— Sakura...

A mulher ficou sem graça, mas sorriu quase automaticamente.

— Durma! Vai estar melhor em algumas horas.

Mas, assim que o dia amanheceu, ele abriu os olhos novamente olhando ao redor. Sua visão estava bem melhor, mas sua cabeça doía além de várias partes de seu corpo. Ele ergueu a mão direita e percebeu a bandagem e a tipóia.

Tentou se sentar, mas deu um grito que chamou a atenção da médica que estava no outro cômodo. Ela o obrigou a voltar a se deitar e o examinou. Felizmente, ele não arrebentou nenhum ponto.

— Será que não consegue ficar parado nenhum um minuto? Você quase morreu nas minhas mãos ontem, não vou admitir que jogue todo o meu trabalho no lixo - ralhou, fazendo-o arregalar os olhos.

A moça de máscara verificou a mangueira do soro e tocou em algo em sua orelha.

— Diga a Sakura-sama que o paciente acordou...

— Quem é você? Eu conheço todos os Anbus de Konoha, mas nunca te vi antes.

— As coisas são um pouco complicadas de se explicar. Vou deixar para meus superiores a nuances do que de fato aconteceu...

— Eu ordeno que me explique o que está acontecendo!

— Tenha paciência. Uma amiga está vindo aí para te explicar tudo.

Ele tentou voltar a protestar, irritado, mas a porta do quarto tornou a se abrir e uma figura surgiu parecendo infinitamente surpresa ao vê-lo já acordado.

— Obrigada, Yoko! Vejo que está tendo dificuldade em manter nosso amigo na linha.

— É, parece que a teimosia é genético.

— Vou fingir que não entendi a insinuação - disse a médica, detendo-se ao lado da cama e sorrindo ao vê-lo assustado. - Como está se sentindo?

— Como se tivesse sido atropelado por uma manada de búfalos - disse, olhando ao redor. - Você é que vai me explicar o que está acontecendo?

— Parece que sim...

Ela inclinou a cabeça e a jovem mascarada se foi na mesma hora.

— O senhor está em Konoha, como bem já deve ter percebido, mas... Qual é a última coisa de que se lembra?

— Que eu não estava nem perto da Aldeia - respondeu, fazendo uma careta ao tentar novamente se mover. - Se eu estava tão ferido quanto parece, como me trouxeram de volta, mas não para o hospital?

— Esse é o ponto. O senhor foi encontrado dentro da Aldeia, mas cem anos depois do dia em que supostamente se refere.

— O quê?

— Você transpôs um portal... De vez em quando nos deparamos com situações semelhantes a essa por causa desses portais que não somos capazes de fechar... ainda.

— Isso explica porque se parece tanto com Sakura, mas não é ela - comentou, surpreendendo-a. - Embora sua aparência engane, seus chakras são diferentes. Você é neta dela, não é?

A mulher sorriu.

— Trisaneta, na verdade - concertou, sentando-se ao pé da cama. - Vamos ter que mandá-lo de volta, Tobirama-sama...

— Eu entendo o porquê... Tenho algumas coisas para resolver no meu tempo. Eu agradeço por terem cuidado de mim.

Ela ia dizer mais alguma coisa, mas a porta foi subitamente aberta e um rapaz moreno com olhos iguais aos dela entrou esbaforido.

— Mamãe, Sarada desapareceu...