Segredos

Flashback on

O grupo de guerreiros se reunia na sala da Hokage aguardando as ordens pacientemente, mas a mulher se encontrava estranhamente calma e silenciosa com os cotovelos sobre a mesa e o queixo apoiado neles.

Por fim, ela suspirou e voltou-se para os guerreiros.

— Vocês partirão imediatamente para Amegakure ao encontro de Jiraya e os outros.

— Senhora, se me perdoe a intromissão, mas essa devia ser uma missão de espionagem, mas com tantos guerreiros faz parecer até mesmo que estamos esperando uma guerra – salientou Asuma, de braços cruzados.

— Você não está errado. Mandei alguns Anbus até a capital do País da Tempestade e eles regressaram com noticias perturbadoras. O Damayo se recusa a tecer qualquer comentário sobre a Aldeia e isso está me incomodando. Tenho a impressão de que os mandei em uma missão suicida.

Os outros assentiram, preocupados.

— Se é mesmo a base da Akatsuki, não me espanta que o Damayo não queira tecer comentários – comentou Shikamaru, muito sério. – No lugar dele, duvido que qualquer um se metesse nisso.

A Hokage recostou-se na cadeira olhando os ninjas um a um.

— Se mantenham incógnitos… só interfiram se tiver problemas. Podem ir!

Todos saíram da sala em silencio, mas Akira deteve-se na porta e olhou para a mãe.

— Licença para falar livremente – disse, curvando-se, fazendo a mãe erguer uma sobrancelha. – O que realmente está acontecendo, okaa-chan? Aquele grupo que enviou é capaz de enfrentar um exercito, não é preciso mandar reforços.

Tsunade voltou a suspirar.

— Quando eu era criança, sempre escutei que uma das minhas obrigações era dar prosseguimento a nossa linhagem já que restava apenas nós da linhagem principal da família. Tomei isso como minha obrigação particular quando meu tio morreu sem deixar herdeiros e meu único irmão, Nawaki, morreu jovem. Mas foi somente quando eu estava grávida de Ken e Ran que meu pai, em seu leito de morte, me revelou que não éramos os únicos.

O rapaz a olhou em choque.

— Esse jovem provinha de uma família que, desde antes da fundação de Konoha, era leal aos Senjus. Sua antepassada fora companheira de infância de Tobirama e Hashirama e sua linhagem era tida em grande estima por eles principalmente por causa de sua grande habilidade médica. Mas foi somente quando o Nidaime faleceu foi que eles entraram em desgraça quando uma criança bastarda veio ao mundo menos de um ano após a morte de meu tio – disse a mulher, erguendo o olhar. – Para que não envergonhassem a linhagem dos fundadores, o Conselho ordenou que fosse executada, mas meu tio, meu pai e o Sandaime intervieram. Contudo, o máximo que conseguiram foi que o pobre bebê fosse poupado. Foi decidido então que seu chakra fosse selado, condenando-o a uma vida eterna como civil, assim como toda a sua descendência, escondendo assim sua verdadeira origem.

A mulher se ergueu colocando-se ao lado da janela.

— Toda vez que um descendente dessa criança nasce metade de seu chakra é selado, deixando para trás apenas o suficiente para que nunca chegue a ser mais do que um soldado raso. Por três gerações foi assim, mas agora… Sinto que o selo está enfraquecendo e a última herdeira pode trazer a tona esse segredo. Imagina se a Akatsuki ou até mesmo Danzou coloque as mãos nela antes que o Selo se rompa totalmente ou ela possa canalizar toda essa energia?

— Quem é ela?

— Quando eu a vi pela primeira vez, não fazia ideia dessa história, só fiquei sabendo alguns anos depois. O nome da amante de Tobirama Senju era…

Flashback off

Sakura Haruno.

Akira Senju corria junto aos companheiros lembrando-se das palavras de sua mãe. Não era coincidência que a jovem discípula de sua mãe possuísse o mesmo nome de sua antepassada.

O destino vinha dar um tapa na cara dos arrogantes do Conselho nomeando como um dos salvadores do mundo justamente aquela cuja existência quase fora comprometida por eles, pensou o rapaz, sorrindo.

Mas logo ficou sério. Sua mãe também lhe revelara que ela possuía o marcador genético responsável pelo Mokuton, a kekei genkai da família, mas que nunca conseguira revelar por causa do Selo que retinha seu chakra. Agora que ele estava perto de se romper…

Assim que ele e sua irmã foram identificados como portadores do Mokuton, foram submetidos a um exaustivo treinamento para aperfeiçoar o domínio dele. Às vezes, pensava no quanto Ken fora sortudo por ter nascido sem o marcador… embora na infância seu irmão mais velho não pensasse assim.

Não era hora de pensar nisso, pensou, acelerando o passo. Era hora de encontrar sua prima.

O som das explosões quase simultâneas chamou a atenção do grupo de Naruto. O rapaz ficou imediatamente preocupado com os companheiros.

— Será que eles estão bem?

Jiraya parou ao ouvir o que o discípulo disse, mas não se voltou.

— Não se preocupe! Seus amigos sabem se cuidar.

Ele continuou seguindo o sensei, mas seus pensamentos ainda estavam em seus companheiros.

Desde muito jovem, fora submetido a treinamentos exaustivos, mas era quase como se eles não o vissem. Só estavam lá para ensiná-lo e haviam deixado claro desde do primeiro dia. Somente Sarutobi-sama lhe dispensava alguma atenção e carinho e continuara assim até mesmo quando entrara na Academia.

Até o dia em que se deparara com dois outros jovens em um dos campos de treinamento em uma disputa mano a mano. Não sabia então que se tornariam seus primeiros e melhores amigos.

Por vários minutos, ele observou os dois jovens. Até uma Bola de Fogo quase acertá-lo e usar o Sushin para se desviar.

— Nunca pensei que você pudesse dar uma surra no Sasuke, Sakura! Está perdendo o jeito, Uchiha?

Sasuke rosnou, colocando as mãos nos joelhos arfante.

— Que tipo de treinamento a Senju está lhe dando?

A menina riu, afastando as mexas de seu cabelo. Ela colocou as mãos na cintura, sorrindo vitoriosa.

— Todos os dias ela me manda para casa com um pergaminho para eu estudar e me faz correr ao redor da Aldeia se eu não o decorei. E ela é uma professora bem exigente. Uma vez ela me fez passar um fim de semana inteiro meditando para dominar apenas um jutsu.

— Por que não nos mostra?

— Nem pensar! Quase me deixa sem chakra apenas se eu usar um terço do poder de fogo.

Naruto desceu da árvore, rindo. Lembrava-se que, apenas uns meses antes, ela nem mesmo conseguia socar alguém e agora dava cansaço em um Uchiha.

Voltando ao presente de repente, Naruto se deteve quando uma série de bolas de lama surgiram sendo jogadas contra eles. O grupo desviou, mas depois uma série de bolas de pedra surgiram.

Jiraya invocou várias bolas de fogo destruindo as pedras, mas não revelou os inimigos. Naruto ativou o Modo Senin e Hinata o Byakugan.

— Dois a direita, entre os prédios…

— Três a esquerda…

Jiraya assentiu, então Naruto invocou um Rasengan em forma de bumerangue, acertando em cheio vários inimigos.

Os três saíram do esconderijo, atentos a qualquer movimentação, mas Hinata foi pega de surpresa ao sentir alguém aproximar-se por trás. Ela não pensou, apenas reagiu, acertando o ninja com um golpe preciso no peito. O homem paralisou por segundos, até por fim guspir sangue e cair de lado, os olhos nublados e mortos.

Ela ficou em choque por segundos, olhando para o corpo caído. Foi então que sentiu uma mão pousar sobre o seu ombro e voltou-se.

— Você está bem?

— Hã… Claro, é que…

— É o primeiro corpo?

Ela fechou os olhos e finalmente baixou a mão.

— Vou superar – disse, saindo andando.

— É, o primeiro não se esquece – resmungou Jiraya, observando a menina. – Eu gostaria de dizer que fica mais fácil, mas a triste verdade é que você tem de se preocupar quando e se algum dia isso acontecer.

Hinata apenas assentiu, seguindo-os.

Eles nem perceberam que alguém os observava na escuridão.