Missão em Amegakure

Os três jovens amigos caminhavam despreocupadamente pela Aldeia. O loiro, entre os dois outros, tagarelava sem parar enquanto o moreno mantinha a expressão neutra respondendo apenas com monossílabos o companheiro. A única moça apenas sorria, divertida.

A Hokage havia solicitado a presença dos três companheiros, mal permitindo que Sasuke aproveitasse o tempo com sua família. Só soubera do casamento irmão tarde demais para comparecer, pois foi uma cerimônia realizada as pressas. Ninguém ficara satisfeito com a situação e a ele só restara mandar uma carta de congratulações.

Foi assim também que só conhecera seu sobrinho, Madara, ao retornar.

Minutos depois, eles se encontravam as portas da sala da Hokage que surpreendentemente estava aberta. Tsunade analisava alguns pergaminhos com ar muito sério, mas não demorou a encará-los.

— Ah, finalmente chegaram! Entrem…

Os três amigos entraram, estranhando o ambiente, e só então perceberam que a Hokage não estava sozinha. Também estava o Time Ino-Shika-Chou e o Time 8 além de Jiraya e Temari, a filha mais velha do Kazekage.

— Antes de tudo, bem-vindo de volta, Sasuke – cumprimentou, sorrindo, mas logo assumiu um ar serio: – Eu os reuni aqui, como as melhores equipes de nossa Aldeia, porque vou enviá-los em uma missão especial de espionagem…

— Tsunade, eu disse que isso não era necessário – interrompeu-a Jiraya, agastado, cruzando os braços. – Eu posso muito bem realizar essa missão.

— Se for sozinho, será uma missão suicida – retrucou a mulher, encarando-o desafiadora. – Por isso estou enviando-os como suporte.

— Chamaria muita atenção. Atenção que não podemos nos dar ao luxo.

— Não vai sozinho, fim de papo. Pode, no entanto, escolher quem irá com você.

Percebendo que Tsunade não cederia além dali, Jiraya pensou por vários segundos e finalmente disse:

— Quero Shisui, Hinata, Sakura e Sasuke. Como segundo em comando, vou levar Kakashi.

— Eu vou também – ofereceu Naruto, chamando a atenção dos demais. – Meu sensei e minha equipe não vão em uma missão arriscada dessas sem mim.

— Essa não é uma missão para você, Naruto! – contrapôs Jiraya, fazendo-o pular para trás, surpreso.

— Eu vou, o senhor permitindo ou não – disse o menino, cruzando os braços e virando o rosto. Mesmo com a tensão no ambiente, o sensei foi obrigado a rir.

— Vou informar a Kurenai e os Hyuugas que Hinata estará em missão e indisponível pelos próximos dias – avisou a Hokage, surpreendendo a jovem de olhos brancos. Ela olhou para os seus dois companheiros que apenas sorriram, encorajadores. – Estejam nos portões da Vila amanhã ao amanhecer.

O grupo assentiu, mas, antes que pudessem sair, Tsunade chamou o Time 7:

— Não estão esquecendo de nada? – perguntou, apontando para uma pilha em um canto da sala. O grupo se aproximou e cada um pegou um pacote identificado com os respectivos nomes.

— Parabéns! Como acordado, agora são Chunins.

Naruto sorriu de orelha a orelha, assim como Sakura, mas Sasuke apenas resmungou um agradecimento.

No horário marcado, o grupo se reuniu na entrada da Aldeia. Quando Sakura e Hinata apareceram, conversando alegremente e ajeitando seus coletes, Kakashi, Shisui e Jiraya conversavam em voz baixa, mas se interromperam quando sentiram as duas meninas se aproximarem.

Logo depois Sasuke apareceu e por último, como sempre atrasado, chegou Naruto todo bobo. A calça laranja inseparável, mas agora usava um agasalho cumprido preto por cima do colete verde.

— Atenção – disse Jiraya, fazendo os quatro jovens ficarem sérios. – Nossa missão é na Aldeia Oculta da Chuva, no País da Tempestade, investigar rumores de que lá é a base de operações da Akatsuki. É uma missão nível SS, há uma boa chance de não voltarmos… Se quiserem desistir agora…

Nenhum se manifestou, nem mesmo Hinata que nunca participara de uma missão daquelas, mas agora que chegara ali não voltaria.

— Vamos, então!

O grupo se afastou da Vila rapidamente, saltando por entre as árvores.

Jiraya observava Hinata pelo canto dos olhos, atento a jovem herdeira Hyuuga. Sabia que a escolha mais adequada seria Neiji como batedor, mas sempre achara que subestimavam a menina.

Sem querer lembrou-se da conversa que tivera com Hiashi e o Conselho dos Hyuugas na noite anterior:

Flashback on

— Solicitamos que leve Neiji no lugar dela – exigiu o primeiro Conselheiro, na sala da casa dele ao receberem a noticia que Hinata fora convocada para acompanha-lo. – A herdeira do Clã não pode ser colocada em uma missão suicida. É o futuro dos Hyuugas que está em jogo.

— Eu não vou voltar atrás em minha decisão. Já está na hora de Hinata crescer, se quer se tornar realmente uma líder capaz deve saber tudo o que a espera e mostrar seu valor. Não podem protegê-la para sempre.

— Antes de ser uma kinoichi de Konoha, ela é uma Hyuuga, antes de tudo, e em uma missão como essa um membro da família secundária deve assumir seu lugar.

— Um que já tenha o Selo de Submissão que selará seus olhos se morrer – completou outro, o ar superior e frio.

O Senin dos Sapos suspirou com os braços cruzados.

— Eles inventaram isso agora ou essa exigência já existia, Hiashi? – perguntou ao líder que não dissera uma única palavra desde que chegaram.

O homem nada disse.

— Será que vocês não entendem? Essa história de família principal e secundária já destruiu vidas, inúmeras, simplesmente porque vocês foram arrogantes e presunçosos demais para assumirem que estavam errados. Porque não queriam mudar. Se Hisame tivesse ouvido Boruto trinta e sete anos atrás Hizashi poderia estar aqui agora.

Os Conselheiros soluçaram enquanto Hiashi o olhava com espanto.

— O que quer dizer com isso? O que o meu irmão tem a ver com essa história?

— Um dos viajantes era seu neto, Hiashi, filho da Hinata e…

— Já chega, Jiraya-sama – ameaçou um dos Conselheiros, muito sério.

— Já chega digo eu – disse Hiashi, rosnando, fazendo-os o olharem com espanto. – O que estão me escondendo?

Nenhum deles respondeu.

— Há anos, principalmente desde que Hizashi morreu, sinto que vocês me escondem alguma coisa. De repente, vocês passaram a me vigiar, nunca consideraram sequer que Hinata fosse destituída como herdeira apesar de sempre ter se mostrado inapta. Por quê?

— Boruto avisou seu pai que as práticas desumanas do Clã provocariam a morte do seu irmão – revelou Jiraya, fazendo-o olhá-lo em choque. – Desgraçadamente, ele não viveu para constatar que ele lhe dizia a verdade e Hiruzen-sensei não conseguiu convencer seu irmão nem muito menos o Conselho a desistir de seu intento. Eles levaram seu irmão a morte para manter seus próprios privilégios.

Hiashi os encarou, mas eles evitavam seu olhar, incapazes de negarem o que o Senin dizia.

— Vocês não fizeram isso…

— Isso não é algo para se discutir aqui – começou um deles, mas um olhar do líder o fez se calar.

— Vamos embora – ordenou, sem aceitar contestações, mas, antes de sair, olhou para Jiraya e disse: – Tomará ciência de minha decisão amanhã.

O Senin apenas assentiu e os viu sair sem saber se fizera bem ou não revelar a verdade a Hiashi.

Flashback off

Agora vendo a menina, em silêncio, seguir os companheiros, pensou que talvez fosse uma das mudanças positivas que tudo aquilo provocaria.