Demorou alguns dias até Rebeca confiar completamente em Gabriel.

Mas o que ajudou a confiar nele? As atitudes. Era estranho, mas ele continuava o mesmo. Era fofo, leve e atencioso. Sempre espontâneo e engraçado, mesmo que sem querer.

Gabriel começou a estudar na escola de Rebeca, e apesar de seus pais quererem que ele voltasse, já que estava completamente bem, ele não quis.

Rebeca apresentou ele à Maria e explicou tudo. Ela ficou chocada, mas gostou de como as coisas ficaram.

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— Quando eu vou poder ver seu quarto? — Gabriel perguntou, sentado na mesa, na cozinha.

— Para que você quer ver meu quarto? — Rebeca parou de comer.

— Sei lá, eu queria ver.

Ela suspeitou, mas quando eles terminaram, disse para subirem

— Não tem nada demais. — Rebeca disse entrando no quarto.

Gabriel olhou todos os cantos possíveis. — "Dejevu" de novo.

Rebeca revirou os olhos e sentou-se em sua poltrona, o vendo analisar tudo. Ele parou, olhando para algo. Quando Rebeca percebeu o que ele ia fazer, já era tarde.

Tentou pegar o porta-retratos que ele pegara do criado mudo de volta.

— Não olha isso! — Ela quase berrou.

— Por quê? — Achou graça e olhou a foto. — Uau, olha eu aqui!

— Não é você! Me dá!

— Se não sou eu, quem é? — A olhou. — Porque parece muito comigo.

— Para de graça!

Ele sorriu e devolveu a foto. Rebeca a colocou no lugar, sentindo seu rosto quente.

— Não precisa ter medo de demonstrar seus sentimentos. — Ele falou, sentando na cama. — Eu sei que você gostava muito dele.

— É meio óbvio — disse grosseiramente.

— Ainda bem que sou imune às suas grosserias. — Revirou os olhos.

Rebeca acabou rindo. — Eu já ouvi isso.

— Deve ouvir de todo mundo...

— Não, ouvi de você... quer dizer... É, de você.

Gabriel sorriu e deitou para trás. Olhou os dois bichinhos de pelúcia que estavam ali, e pegou o coelho.

— Engraçado, eu já vi esse coelho em algum lugar.

— Tecnicamente, ele é seu. — Rebeca falou sem vontade.

— Sério? — Ficou surpreso, olhando o bichinho.

— Ganhamos esses dois bichos em um festival de verão que teve aqui.

— Hm... Roda gigante...? — Olhou para Rebeca, parecendo fazer força para se lembrar.

— É, andamos de roda gigante — disse, lembrando. Levantou. — Vem, vou te mostrar uma coisa.

Eles saíram de casa, e andaram até o celeiro. Ela subiu as escadas e andou até a cama de feno, que estava arrumada. Olhou para trás, querendo ver a reação dele.

Gabriel terminou de subir e parou, analisando o lugar. Andou devagar, observando cada coisa que havia no espaço, e foi diretamente até onde estava a mochila com as roupas, que estava meio escondida, no lugar onde Aloys sempre a deixava para ninguém ver.

Mas ele a pegou como se já soubesse onde estava.

Colocou ela na cama e sentou do lado dela. A abriu e começou a tirar as roupas dali.

— O que está fazendo? — Rebeca perguntou.

Ele sorriu, parecendo ter achado o que estava procurando. Tirou a camiseta de banda e a desdobrou.

— Eu amo essa banda.

— Desde quando?

— Desde sempre, mas desde que eu cheguei aqui, tinha a impressão que tinha esquecido uma camiseta dessa banda em casa. Mas uma parte de mim falava que eu nunca tinha tido uma camiseta assim, já outra dizia que eu tinha.

Rebeca sorriu, querendo não acreditar.

Parecia que tudo tinha mudado, mas ao mesmo tempo parecia que nada tinha mudado. Era o mesmo cabelo, o mesmo rosto, o mesmo corpo, o mesmo jeito e a mesma personalidade. Mas com conhecimentos diferentes.

Não tem jeito. Ele é o meu Aloys...

— O que foi? — Ele perguntou a olhando. — Por que essa cara triste?

— Nada...

Buscou a corrente no pescoço e a puxou para fora da cabeça. Sentou mais perto e colocou a corrente nele.

— O que é isso? — Olhou para baixo.

— É seu. Era de Aloys, na vida dele. Amice deu para ele de aniversário. Quando ele veio pra cá, não tinha percebido, mas tinha perdido essa corrente. Ele só percebeu porque eu a achei no lago, entre as pedras. Dei pra ele de volta... — Segurou o crucifixo, sentindo vontade de chorar. — Mas quando ele se foi, deixou ela para trás. Eu nunca tirei ela do pescoço, e ainda tinha esperança de devolvê-la de novo. — Algumas lágrimas escorreram. — Bom, acho que chegou a hora. — Deu um sorriso fraco.

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Gabriel segurou o rosto dela e secou as gotas de água. — Obrigado, então.

Rebeca fungou, não conseguindo parar de chorar.

Ele a puxou para seu peito e a abraçou. Um tempo depois, ela ainda chorava, e ele a afastou um pouco para olhá-la.

— Não gosto de te ver assim — sussurrou.

— Desculpe. — Passou as mãos nos olhos.

Então Rebeca sentiu algo quente encostando em sua boca, e quando abriu os olhos, viu que ele estava a beijando. Ela sentiu aquela mesma sensação de acolhimento quando Aloys a beijou a primeira vez. Ou melhor, quando eles se beijaram todas as vezes.

Ele se afastou e a encarou

— Por que fez isso? — Rebeca perguntou baixo.

— Não sei... Achei que ajudaria.

Rebeca não conseguiu segurar o riso. Se jogou no peito dele e o abraçou com força.