Smoke and Fire

Capítulo 1 - Memories and new teacher.


Capítulo 1.

“Eu não sou a garota que costumava ser.

O que está errado? O que está certo? Tudo mudou. E parece tão estranho.” — Anna Blue.

Por: Bubblegum.

Memories and new teacher.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

“O vento soprava forte dando um clima oposto esperado pela estação.

A voz grave e suave ecoava junto ao som das cordas do violão.

O homem cantava animado sorrindo para a filha pequena ao seu lado. A garotinha de 10 anos de idade sorria enquanto seus olhinhos brilhavam a cada palavra cantada pelo pai”.

Acordei em um pulo, escutando o despertador tocar. Ofeguei ao perceber que tive um sono agitado.

Mais um vez havia sonhado com meu pai. Bem, não é bem um sonho. É uma lembrança.

Suspirei e peguei o celular. Olhei as horas, porém minha atenção parou na data de hoje.

“Hoje ele completaria 51 anos”, pensei sentindo um nó na garganta. Hoje é aniversário de meu pai.

Antes eu e meus pais comemorávamos esse dia numa empolgação total. Mamãe sempre fazia um bolo delicioso e eu adorava ver meu pai todo feliz ao batermos parabéns. Depois ele me pegava no colo e dizia: “Me ajuda a apagar a velinha princesa?”, e então eu sorria animada e nós assoprávamos juntos. Mas tudo mudou quando meu pai chegou do trabalho mais cedo em um dia quente de verão, e eu e minha mãe ficamos surpresas por ele chegar antes do horário normal.

Aquele foi o primeiro dia de tristeza na minha família.

Lembro que com os olhos meio vermelhos e opacos, meu pai entregou um papel a minha mãe e ela ao ver, começou a chorar. Uma semana depois eles resolveram me contar que meu pai estava com câncer e que tinha poucos meses de vida.

Depois que meu pai faleceu, minha mãe teve que ficar com o papel dele. E desde então ela nunca mais comemora o aniversário dele ou ao menos fica em casa. Ela trabalha o dia todo e chega mais tarde do que o normal.

Suspirei e interrompi meus pensamentos tristes. Levantei da cama e fui para o banheiro. Fiz minha higiene matinal, coloquei uma roupa, peguei minha mochila e sai de casa. Não estava com muita fome, então fui comendo uma maçã.

Como demorei para levantar e não me apressei no banho, estava um pouco atrasada. Se não andasse rápido, chegaria depois do toque do sinal, o que pra mim não é bom.

Quando entrei na escola não avistei Grace ou Annie, então fui direto para a sala. Por sorte quando entrei não tinha ninguém. Fui para o meu lugar e peguei meu celular. O assovio ecoou mostrando uma mensagem. Abri a mesma.

“Bom dia. Sai mais cedo hoje. Tudo bem?” Era minha mãe. Ela estava online.

“Sim. Talvez eu fique na casa das meninas hoje.” Respondi.

“Ok. Tchau.” Revirei os olhos e tirei da conversa, bloqueando o celular em seguida.

Ela sempre fazia isso. Eu já estava acostumada, mas ainda ficava deprimida.

O sinal tocou e os alunos entraram. Grace e Annie passaram por mim acenando e sentando nas cadeiras atrás da minha.

— Soube que teremos uma nova professora esse ano. – Comentou Annie no meu ouvido.

— Professora de que? – Perguntei curiosa.

— Não faço ideia. – Respondeu, dei de ombros.

Segundos depois uma mulher branca, baixinha, loira e de olhos azuis entrou na sala. Se apresentou para a turma e pediu para todos dizerem seus nomes um por um.

— Olá pessoal. Meu nome é Tinker, serei a nova professora de literatura de vocês. Por favor, se apresentem um por um. – Ela pediu, e indicando com o dedo a cada um todos foram dizendo seus nomes.

— Por que ela só veio trabalhar uma semana depois do início das aulas? – Indagou Annie. Dei de ombros.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Observei a mulher apontar com o dedo para mim, indicando a minha vez de me apresentar.

— Sou Kethelyn. Kethelyn Chang.

— Prazer, senhorita Chang. Gosta de literatura? – Perguntou. Afirmei com a cabeça. Ela murmurou um “bom” e apontou para o menino a minha frente.

A aula de Tinker era uma aula bem legal, até a hora em que ela passou um trabalho...

— Bem, pessoal eu vou passar um trabalho para vocês. Vai ser um trabalho para ajudar na nota da prova caso alguém fique abaixo da média. Não é coisa difícil. – Ela disse, ouvi algumas pessoas bufar. – Bem, eu tenho percebido no meu dia à dia como as histórias, contos de fadas, estão sendo esquecidos pelas pessoas. – Olhei ao redor vendo alguns afirmarem com a cabeça enquanto ela continuava: - Tenho certeza que todos vocês já escutaram falar sobre Cinderela, bela adormecida, a pequena sereia... Enfim, o trabalho de vocês será escrever a história e no final fazer sua conclusão sobre ela. Eu irei fazer um sorteio e com certeza alguns ficaram com a mesma história e outros não. – Ela direcionou rapidamente seu olhar para mim. – Porém a opinião de cada um será diferente e eu costumo dizer que a sua opinião nunca está errada.

A sala estava em silêncio e a professora pegou uma caixinha e de um em um foi fazendo o sorteio. Demorou um pouco e ela passou pela minha fileira, chegando rapidamente em mim.

— Sua vez senhorita Chang. – Disse, estendendo a caixa. Mergulhei minha mão dentro sentindo os vários papeizinhos. Sem enrolação peguei um deles.

Ao final do sorteio, Tinker guardou a caixinha e se encostou na mesa.

— Certo, podem falar qual conto pegaram. – Todos falaram um junto do outro e eu pude escutar vários dizendo que pegaram a bela e a fera, Cinderela, etc. – Certo, certo. Qual foi o seu senhorita Chang? – Perguntou, estranhei o fato dela ter perguntado em individual apenas para mim.

— Ah... – Desdobrei o papel e li o que estava escrito. – Peter Pan.

Tinker levantou as sobrancelhas e logo as abaixou, sorrindo de lado em seguida. É só eu que estou achando essa mulher estranha?

— Ok. Escrevam a história, façam sua conclusão e tragam para mim na próxima semana. Uma dica: vocês vão encontrar todos esses contos na biblioteca da escola. – Afirmou. O sinal tocou e ela nos liberou.

Sai da sala ao lado das meninas. E senti um pequeno arrepio ao passar ao lado de Tinker, mas ignorei.

— Aff, já não gostei dela. – Resmungou Grace de cara emburrada.

— Nunca vi ninguém passar um trabalho assim. – Afirmou Annie, pensativa.

— Ufa, pensei que só eu tinha achado ela estranha! – Brinquei rindo. – Então qual vocês pegaram?

— Branca de neve.

— A bela e a fera.

Elas responderam juntas. Annie revirou os olhos ao dizer o conto romântico e Grace fez uma cara de nojo ao dizer branca de neve. Um fato que precisam saber sobre Grace é que ela detesta Branca de neve. Por que? Não sei.

- Hm, eu peguei Peter Pan. – Falei.

— Não acha estranho só você ter pego Peter Pan? – Perguntou Grace. – Tipo, todos os outros pegaram contos iguais e só você pegou um diferente. Só você. – Ela falou, dei de ombros.

Entramos na cantina, pegamos nossos lanches e nos sentamos.

[...]

— Gente vamos no McDonald’s?! – Perguntou Grace pulando animada. Ela adora o McDonald’s.

— Vamos, quero tomar um sundae. – Eu disse. Annie afirmou do meu lado e a loira pulou ainda mais animada.

Grace nos arrastou para fora da escola e fomos conversando e rindo até lá.

Uma das coisas que mais gosto nessas duas, é o jeito como elas me fazem esquecer as coisas. Por uns minutos eu esquecia que hoje é aniversário de meu pai.

O sininho do lugar balançou indicando nossa chegada e fomos direto para o balcão. Felizmente não tinha muitas pessoas ainda e a fila estava pequena.

— Eu planejava chegar em casa e fazer as minhas unhas, ver um filme, mas não. Vamos lá, vamos ir escreve sobre meu conto preferido! – ironizou Grace. – Eu detesto Branca de neve. Prefiro chapeuzinho vermelho.

— Que tipo de pessoa troca Branca de neve por chapeuzinho vermelho? – Annie perguntou.

— Eu troco! – Respondeu a loira, dizendo seu pedido em seguida.

— É porque você tem demência. – Annie murmurou no meu ouvido e nós rimos.

Fomos nos sentar e conversamos animadas. Grace e Annie discutiram de brincadeira e jogamos um pouco de comida umas nas outras. Annie roubou uma colher do meu sundae e eu sujei o nariz de Grace com ketchup.

Já era de tarde quando saímos do McDonald’s. Nós três fomos para a casa de Grace e ficamos conversando e vendo filmes.

Estava anoitecendo e eu planejava dormir lá. Era melhor do que ficar em casa sozinha, afogada em lembranças tristes. Afinal, eu tenho certeza que a minha mãe não vai chegar nem tão cedo em casa.

[...]

Continua...