Revenge

Nukenins


Todos já estavam exaustos. Depois de horas de caminhada incessante, carregando os feridos, depois de pararem por poucos momentos para coletar água, ninguém em sã consciência pediria para continuarem.

A tensão da última semana cobrava seu preço de todos. Todos pareciam alternar entre a raiva e a depressão, mas sabiam que tinham de continuar. Disso dependia suas vidas e era o bem mais precioso que dispunham no momento.

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Para trás, haviam deixado tudo o que haviam conhecido, mas retornar não era uma opção. Atrás deles, só havia a morte e saber disso parecia derrubar o ânimo de todos ainda mais.

Quando eles se abrigaram na caverna e organizavam grupos de vigia, um homem moreno e corpulento depositou seu pesado fardo cuidadosamente na parte mais protegida da caverna. Eles haviam se revezado para levar a criança quase em estado comatoso pelo longo caminho.

Logo que ele deixou-o, as outras crianças se reuniram ao redor do amigo, nos rostos cansados de cada um havia um brilho incomum para suas idades. Algo que somente o período das guerras havia visto e ver isso parecia mais duro do que a própria realidade que os adultos enfrentavam.

— Não podemos continuar assim – comentou o homem de cabelos brancos, ao lado da fogueira, suspirando. – Estamos muito expostos com uma caravana tão grande

— Talvez nos dividir seja uma opção – comentou um homem grisalho, com parte do rosto coberto por uma mascara e um pedaço de pano cobrindo o olho esquerdo.

— Eles não vão aceitar – disse o moreno, sentando-se. – Ver todos ao redor agora é a única coisa que parece mantê-los sãos e o que menos precisamos é um bando de pessoas tendo um ataque de pânico.

— Tem outra opção – disse um homem de olhos perolados, sério. – Se nosso destino está tão longe, nossa primeira providência é encontrar lugares seguros para pernoitar e planejar nosso caminho, certo?

— Certo – disse o homem de cabelos brancos, pensativo.

— Então precisamos de alguém que sabe andar cautelosamente ao redor.

O homem de cabelos brancos e a mulher loira que se manteve em silencio todo o tempo o fitaram por longos momentos, antes de dizerem ao mesmo tempo:

— Não!

— Ele se manteve incógnito por anos, só é visto quando ele quer que o vejam.

— Ele abdicou da Aldeia anos atrás… abandonou a todos nós. O que o faz crer que ele quereria nos ajudar agora?

— Não temos muitas opções – comentou o moreno, tentando achar uma melhor posição para o corpo dolorido. – Meu pai dizia que ele tinha esconderijos por toda parte. E é bom começar a cogitar a possibilidade de viajarmos a noite.

Se fez silencio novamente até uma das crianças se aproximar rapidamente, esbaforida.

— Tsunade-sama, o Naruto…

A menina quase não conseguia falar direito, então a mulher loira se levantou e foi até onde o menino jazia. E viu qual era o problema.

A pele naturalmente branca estava arroxeada e o menino nitidamente encontrava grande dificuldade para respirar. Ao pousar uma das mãos sobre ele, logo percebeu o problema.

— Tirem todos daqui, preciso de espaço.

Ninguém questionou, apenas se afastaram. Afinal, ela era a melhor médica do mundo.

Os outros apenas esperaram longos momentos antes da mulher voltar, nitidamente exausta.

— Como ele está? – perguntou Jiraya, visivelmente preocupado.

— Odeio admitir, mas precisamos do Orochimaru.

— O quê? O que ele tem? – perguntou Asuma, olhando para onde o garoto estava novamente rodeado pelas crianças.

— Precisamos refazer o Selo – disse a mulher em voz baixa.

— Mas o selo foi rompido – questionou Kakashi, surpreso.

— Foi, mas o poder não foi totalmente removido – disse, pegando todos de surpresa. – Minato fez um selo tão complexo porque foi obrigado a aprisionar todo o chakra da Kyuubi dentro de um bebê, pois não lhe restava alternativa. O problema que está acontecendo é que apenas metade do chakra foi retirado pelos Uchiha e o corpo de Naruto está se revelando incapaz de conter o poder venenoso dentro dele. Se não selarmos o que resta do poder, ele não vai sobreviver.

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— Então, foi por isso que ele sobreviveu – disse Jiraya, balançando a cabeça.

— Precisamos do pergaminho de Selos de Orochimaru para sabermos qual seria o mais adequado diante da atual situação.

Jiraya xingou. Minato fora, de longe, o mais promissor de todos os ninjas que treinara e ficara honrado quando ele o escolhera como padrinho de seu único filho. Ficara longe tantos anos após sua morte esperando que o garoto crescesse e se tornasse apto para o inicio de seu treinamento. E agora via-se diante de uma escolha que poderia significar a sobrevivência dele.

— Qual é o problema? Deixe-o morrer – resmungou alguém, sem se preocupar se o ouviam. – Ele é apenas um peso morto.

Ninguém o viu se mover, somente o viram de súbito surgir diante do homem e agarrar seu colarinho. O homem empalideceu, vendo a fúria em seus olhos.

— Tenho uma ideia melhor. Que tal deixar você para trás? – questionou o Senin, enquanto todos se mantinham em silencio o olhando em pânico. – Se Naruto morrer, todo o poder preso dentro dele vai ser liberado e não vai sobrar ninguém aqui. Se te interessa saber…

Tsunade se manteve em silêncio apenas olhando, mas no fundo concordava com o amigo. Jiraya sempre fora impulsivo e ela era obrigada a trazê-lo de volta a realidade, mas aquele homem definitivamente carecia de uma lição. Deixar qualquer um deles para trás não era uma opção, afinal todos sabiam que significaria a morte, e era bom deixar isso bem claro.

— O Selo que fiz nos deu tempo, mas não dá para saber o quanto aguentará. Terão de sair o mais depressa possível.

O Senin assentiu, mas de súbito ficou tenso, olhando o horizonte. Logo vários ninjas estavam ao seu lado em posição de defesa.

Um homem se aproximava deles cautelosamente, fazendo o possível para se manter incógnito, mas não para eles. Ele vinha em linha reta e logo perceberam que ele não estava sozinho. Quando viu a figura sombria que se aproximava, Jiraya e Tsunade ficaram sem palavras por longos momentos, mas disseram quase ao mesmo tempo:

— O que diabos está fazendo aqui?

O grupo se movia cautelosamente pelos corredores escuros. Mesmo a desconfiança inerente a aliança improvável, tinham de fazer algumas concessões para sobreviver.

Ao chegarem a um enorme salão, o shinobi com olhos de cobra voltou-se para o grupo e estalou os dedos. Instantaneamente um homem desconhecido surgiu e fez reverencia.

— Apresente as acomodações aos nossos hospedes.

O homem assentiu sério.

— Acompanhem-me…

O grupo olhou para os lideres, ainda desconfiado, mas eles assentiram e eles se foram. Ficaram no salão Jiraya, Tsunade, Kakashi e Asuma que trazia Naruto pendurado nas suas costas.

— Tragam-me o garoto…

Ele foi se afastando, acompanhado pelos outros.

Eles cruzaram outro longo corredor até uma sala que ficava nos fundos do esconderijo. Havia uma mesa de metal polido no centro e junto a parede uma outra de madeira atolada de pergaminhos. Mais ao fundo havia um balcão cheio de utensílios cirúrgicos.

— Coloque-o em cima da mesa – pediu, mas sua voz saiu quase como um comando enquanto remexia os pergaminhos.

Ajudado por Kakashi, Asuma colocou a criança sobre a mesa de metal enquanto ele se aproximava com um pergaminho e abriu-o.

— Esse jutsu de selamento não é tão resistente quanto o que Namikaze originalmente usou, mas deve servir. Mas devo avisá-los que, na atual situação em que se encontram, é bom que alguém o ensine a usar esse poder o quanto antes para poder se defender. Afinal, não vai ter sempre alguém para defendê-lo.

Todos assentiram, então ele voltou-se para Jiraya:

— Vou precisar de ajuda aqui.

Os dois se juntaram. Foi preciso um longo tempo para que conseguissem aprisionar toda a energia maligna dentro do Selo e o esforço quase consumiu a energia de ambos.

— Agora é com você, Tsunade. Ele precisa ter pelo menos sessenta por cento de seu chakra ativo antes de pensar em movê-lo novamente.

— Quanto a isso não se preocupe – disse Jiraya, olhando para o afilhado. – Não planejamos continuar nossa viagem antes do próximo anoitecer.

— Finalmente, adquiram um pouco de juízo. Um grupo tão grande de nukenins não viaja a luz do dia. É muito arriscado.

Asuma e Kakashi o encararam em fúria ao ouvir a palavra ofensiva.

— O quê? É o que vocês são, segundo o Godaime Hokage e o Senhor Feudal do País do Fogo. Deram uma semana para todos retornarem a Konoha, mas a ordem saiu uma semana após o inicio do prazo. Ou seja, qualquer idiota entendeu que já os consideravam desertores desde do inicio.

— Pagamos nossos impostos, somos leais e obedientes e acabamos assim. Traídos por nossos próprios senhores – disse Kakashi, suspirando. – Vou informar aos outros.

Ninguém disse nada enquanto ele se afastava, pois, na verdade, não havia nada a dizer.