nada mais importava

JULIE, 12 ANOS.

Julie pensou em qual foi a última vez que chorou e não sabia dizer – as memórias estavam todas embaçadas, suas lembranças eram confusas e escuras e sem sentido.

Julie pensou se chorou há três dias antes, um segundo antes de ver o carro bater, um segundo depois de ver seu pai morrer ou no mesmo momento que sentiu que suas pernas não funcionavam e ela era fraca e não podia fazer nada.

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Julie pensou se o fato de não estar chorando agora era porque não tinha lágrimas, porque tinha chorado de mais e estava seca, ou porque ainda não tinha entendido o que aconteceu.

Mas não importava.

Julie podia ter chorado, mas não choraria mais – não porque era fraca e agora seria forte, mas porque agora não importava mais.

Suas lágrimas não importavam, o que ela era ou deixou de ser não importava, o que aconteceu e o que aconteceria não importava, o que importava não estava com ela e nunca mais estaria e chorar não faria diferença.

Seu pai não estava ali.

Seu pai não estava ali.

E Julie não choraria, porque não tinha mais lágrimas.

Julie não choraria porque...

Não importava.

Nada mais importava.

Seu pai não estava ali.

Nada mais importava.