Pecado

Parágrafo 18, versículo 18.7


Hawthorne não se considerava um pecador, mesmo naquele lugar cheio deles, pelo contrário, acreditava estar lá para punir àqueles desvirtuados.

Infelizmente, nem mesmo ele seria poupado das tentações do Diabo, e uma das suas melhores servas estava encarregada de tentá-lo.

Margaret Mitchell à primeira vista era uma metida, esnobe, filha de uma longa linhagem de nobres, mas era bem mais que isso. Provocativa, arrogante, egoísta, e mesmo estando na Guilda para recuperar a honra da sua família, suspeitava que fosse tão ruim quanto eles deveriam ser.

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Todo o caminho para o Japão teve que ouvi-la ralhando nos seus ouvidos, xingando tudo que a aborrecia com todos as palavras de baixo calão que deveriam existir em inglês, Nathaniel não ficaria surpreso se ela já tivesse se envolvido carnalmente com algum homem antes. Poderia adicionar assassina à lista, porém, acreditava que apenas os pecadores que se envolveram com a Guilda.

Estavam quase no país de destino quando fora obrigado à tomar chá com a mulher e ela foi gentil. Assim como todos na Guilda tinha um bom lado, ela poderia ter, talvez toda aquela aparência arrogante fosse um disfarce, apenas. Com isso em mente, acabou abaixando a guarda. O que não foi a melhor das suas decisões.

Se amaldiçoava por não ter prestado atenção na conversa antes de julgá-la um pouco inocente em sua consciência.

— Hawthorne, você já sequer tocou alguma mulher, sei lá, na mão? – Nathaniel questionava bastante o que ela deveria pensar dele.

— Margaret, eu apenas não devo me envolver com mulheres por desejos carnais, na verdade, acho que mesmo uma relação envolvendo amor, e de acordo com as leis de Deus, seria um empecilho em minha missão. – A mulher o encarou com os olhos semicerrados, como quase sempre fazia quando conversavam.

Como disse, se estivesse com a guarda alta, não teria nunca sido pego de surpresa pelo beijo que Margaret depositou em seus lábios.

— Isso é um beijo. Um selinho, para ser mais exata. – A mulher seguiu para fora da sala em seguida, mas antes avisando que no dia seguinte o ensinaria a beijar com a língua.

No dia seguinte, Nathaniel evitou sentar perto da pecadora nas refeições e se afastou o quanto pôde pelo resto do dia, mesmo assim, quando estava saindo do escritório do Sr. Fitzgerald, a mulher bateu em seu ombro e aproveitou para cumprir o que havia sentenciado no dia anterior. Na ponta dos pés, Mitchell beijou-o, segurando forte seu rosto e pescoço. Fora deveras intrigante a sensação de ter sua língua em contato com outra, ainda mais uma que parecia extremamente habilidosa como a dela.

O sorriso de vitória da mulher ativou sua lucidez, mas já fora tarde demais.

Margaret seguia pelo corredor como se nada tivesse acontecido, cantarolando a palavra inocente repetidas vezes.

À noite, estava para rezar a terceira vez a mais, implorando perdão pelo pecado que tinha cometido, quando ouviu baterem na porta. Suspeitou que fosse o jovem Twain reclamando, mais uma vez, das suas conversas com Deus, porém, a senhorita que lhe caçava não parecia estar disposta a lhe dar um segundo de sossego.

Nathaniel não conseguia usar força bruta contra uma mulher e, infortunadamente, Margaret adentrou seus aposentos, não poupando tempo em olhar cada canto do cômodo.

— Normal. – Sussurrou.

Permaneceu imóvel perto à porta, alerta aos movimentos da mulher. A Srta. Mitchell andou até ele, sorrindo maliciosamente e se manteve à alguns centímetros dele, apenas isso por um tempo. Não abaixou sua guarda, e mesmo assim, não resistiu quando, finalmente, Margaret puxou-o para mais um beijo de língua, o seu segundo em toda sua vida.

Sentiu-se ser arrastado para a cama e, antes de cair nela, acima de Mitchell, só conseguiu pedir perdão à Deus por sucumbir aos desejos carnais.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.