Resilience
Prefácio
"Toda vez que chove... eu lembro dela"
Enquanto os filetes de água escorriam pela enorme janela da psiquiatria, eu me lembrava da primeira vez que eu a tinha visto. Naquela época, pouca coisa me chamava a atenção. Mas seus olhos me hipnotizaram de uma maneira tão intensa quanto os buracos da minha alma.
— Gray, você está comigo?
Meus olhos caíram sobre a figura feminina atrás da enorme mesa de madeira nobre. Ela repousava as costas na cadeira aveludada enquanto me encarava com expressão puramente avaliativa.
— Onde mais eu poderia estar, senhorita Evergreen?
— Não sei, me diga você.
Minutos se passaram enquanto nossos olhos mantinham-se fixos numa batalha silenciosa e indecifrável.
— Você continua tomando a medicação?
— Sim.
— E como tem se sentido?
Eu poderia detalhar com exatidão cada sentimento que tinha passado por mim desde o dia em que ela me deixou. Desespero, angústia, ódio, raiva, tristeza... tanta coisa. Além da insuportável vontade de morrer.
— Bem.
Ela me olhou, desafiando-me. Era óbvio que sabia que eu estava mentindo.
— Os monitores relataram que você tem andado bastante com a senhorita Heartfilia - ela deu uma pausa,esperando inutilmente um comentário meu - É uma coisa positiva. Assim vocês podem se ajudar a superar a perda recente.
Eu ri. Alto. Sem humor. Indignado com a afirmativa mais absurda que eu já tinha escutado na minha vida.
Olhei pra ela, tentando esconder a desolação nas minhas palavras enquanto meu coração sangrava, em desespero.
— A morte dela... não dá pra superar...
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