Forget About Me

Capítulo 9 – That Green Gentlemen


I never said I missed her when everybody kissed her

Layla permaneceu chorando nos braços de Draco por algum tempo. Na cabeça dele, corria um turbilhão de pensamentos. Não esperava esse tipo de reação dela. Achava que iria despertar raiva o suficiente para, com sorte, fazer a garota largar os seus hábitos autodestrutivos. A possibilidade de uma crise de choro não tinha sido algo que tinha imaginado ou sequer estava preparado. Não sabia se poderia consolá-la após o discurso mentiroso que tinha acabado de dar. Draco foi surpreendido mais uma vez quando a garota voltou a falar.

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— Eu estou delirante.

— Layla, não é assim também. É só uma expressão.

— Não é uma expressão. Eu escuto a minha mãe morta falando comigo, o tempo todo. Eu cheguei a ver ela um vez. Por isso, eu terminei com Fred.

Layla não sabia por que tinha acabado de contar isso para Draco Malfoy, que estava tão determinando em humilhar ela. Não tinha sido capaz de confiar nos seus amigos mais próximos ou na sua própria família. Mas ela estava cansada e precisando de ajuda. Não se importar com a opinião de Draco tornava a confidência mais fácil.

— Você viu a sua mãe como um fantasma?

— Não, como uma aparição mesmo. Ao menos, eu acho que é só coisa da minha cabeça. – Layla recuperou sua compostura, se soltando dos braços dele - Só se fosse medibruxa poderia ter certeza.

— Isso é algo sério. – A revelação dela fez ele se sentir culpado - Nem sabia que sua mãe tinha morrido.

— É uma história complicada. Meu pai mentiu sobre como ela morreu, até escondeu as memórias que eu tinha dela. Ela me odiava.

Draco colocou sua mão no rosto dela, cobrindo com seus dedos finos o seu queixo.

— Eu duvido que ela te odiasse. É difícil não gostar de você.

Layla deu uma fungada, parando de chorar e limpando a garganta para dar uma risada seca. Retirou a mão dele do seu rosto.

— Você me chamou de patética cinco minutos atrás.

— A sua manobra de flertar comigo para ganhar a discussão foi patética. Não você, nunca você.

— Entendi. – Ela falou, sarcástica, sem convicção – Me sinto muito melhor, obrigada.

— Você parece exausta. Se o que me falou é verdade, você precisa procurar ajuda, Layla.

— Talvez eu precise. Só não sei por que você se importa. Achei que era apenas uma mestiça envolvida com um traidor de sangue para você.

— Você está mudando de assunto. E, para mim, o Weasley, assim como toda a família dele, é uma piada. Eu não sabia que você era mestiça, ou filha de um aborto, mas, nesse momento, não acho que faz diferença. Você é elegante, inteligente e tem desenvoltura para fazer qualquer coisa. Eu respeito você, independente de sangue.

— Como todos sabem, o sonho de toda garota é ter o seu respeito, Malfoy. – Alfinetou Layla, irônica.

— Era você que estava chorando nos meus braços até agora.

O tom de superioridade voltou a aparecer na voz dele. Inferno. Agora, ele falaria sobre a vez que ela desmontou na frente dele para sempre.

— Você tem razão. Sinto muito. É que eu não posso conversar sobre isso com ninguém. Minha família está lidando bem com essa história e não quero piorar as coisas para eles falando sobre as minhas bobagens.

— Não parece ser uma bobagem. E seja lá como você está lidando com isso, - Draco precisar focar no propósito de sua visita – não parece estar fazendo bem para você. Nunca pensei em você como o tipo de pessoa que deixa um imprevisto determinar o rumo da sua vida.

— É fácil falar.

— A Layla que eu conhecia não iria deixar nada controlar o que ela deveria fazer. Ninguém mandava nela. Ela se manteria tão centrada e autoconfiante que o resto iria se tornar ruído de fundo. Desistir é uma escolha fácil, só não parece ser algo que você faria.

Layla gostava da maneira como ele pensava nela. Normalmente, sua determinação e confiança a fazia ser descrita como mimada, inconsequente ou arrogante. Draco fazia ela parecer poderosa, capaz de fazer qualquer coisa. Percebeu o quanto sentia falta de se sentir daquela maneira. Naquele momento, sua antipatia por Draco também diminuiu.

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— Para um completo idiota, você até que dá bons conselhos, Malfoy.

Draco ficou aliviado após a afirmação dela. Acreditava que tinha conseguido influenciar a garota, mesmo que de forma mínima. Sua crença foi confirmada quando Layla abriu um grande sorriso para ele. Um sorriso genuíno, sem sarcasmo ou malícia, do tipo capaz de acabar com guerras e derrubar navios. Muito perigoso.

— Obrigado. Agora, eu preciso ir embora, Layla. – Ele não poderia ficar ali nem por mais um instante, sob risco de cometer uma grande bobagem – Mas saiba que eu me importo com você. E estou disponível, se precisar de alguém para conversar.

Em um último ato insensato, beijou a bochecha da garota antes de lhe virar as costas e ir embora. Draco praticamente correu até onde Brendon estava para que pudesse aparatar de volta para Hogwarts, enquanto Layla permaneceu no mesmo lugar.

A primeira pessoa que foi atrás de Layla foi Elsie. Brendon estava ocupado com o deslocamento de Draco e a garota estava curiosa para descobrir se a intervenção tinha surtido efeito. Estava sentido muita falta de sua melhor amiga. Entretanto, Layla estava calada e não ofereceu muitas respostas. Por sua vez, a preocupação de Elsie não passou despercebida pela amiga, que notava a determinação dela e de seu irmão para que não se perdesse completamente. Não queria ser objeto de angústia para ninguém e sabia que Brendon, que cresceu assombrado pelos males da família, merecia ficar despreocupado. A maneira como estava se comportando era egoísta e não fazia jus a sua personalidade, como Draco tinha acabado de lembrar. Não sabia se poderia consertar os erros que tinha cometido, só que, antes de qualquer coisa, ela precisava de uma boa noite de sono.

— Elsie, você pode achar o Brendon para mim? Quero ir para casa.

Quando Layla acordou no dia seguinte teve a sensação de ter saído de uma longa hibernação. Foi direto para o quarto de Brendon. Mesmo tendo o costume de acordar cedo no sábado, seu irmão, inesperadamente, ainda dormia. Silenciosa, ela entrou no quarto e pressionou um travesseiro no rosto dele até que Brendon acordasse. O garoto acordou alarmado e vermelho.

— Layla!

— Bom dia. Parecia que você precisava de ajudar para acordar.

Brendon abriu a boca, pronto para discutir com a irmã, quando parou para analisá-la melhor. Não sabia se a atuação de Draco tinha surtido efeito.

— É. Obrigado por tentar me sufocar até a morte.

Layla revirou os olhos e desviou o olhar para a roupa de cama do irmão, brincando com o detalhe bordado no lençol.

— Olha, eu sei que eu passei dos limites nos últimos tempos. Também entendo que você só me inferniza porque se importa comigo e quer que eu fique bem. Esse ano está sendo difícil para mim e eu não sei como lidar com as coisas que aconteceram. Mas, eu prometo – Ela voltou a encarar os olhos azuis do irmão – que eu vou melhorar.

— Nós passamos por situações complicadas. Não precisa ter vergonha por estar com dificuldades. Eu só quero que você fique bem. Você precisa de ajuda, Layla?

— Você já me ajudou, Brendon. Além disso, eu sinto que preciso passar por isso sozinha. Fique tranquilo que eu vou começar a tomar decisões melhores.

A visão da irmã de cabeça baixa e a sua fala sincera comoveu Brendon. Ainda teria que esperar para ter certeza, porém uma onda de alívio tomou conta dele. Layla ficaria bem. Eles se formariam na metade do ano e tudo daria certo.

Naquela manhã, Peter preparava o café da manhã e pensava sobre seus filhos. Brendon, com a sutileza de sempre, tinha sugerido que Layla estava em maus lençóis. Os irmãos tinham aumentado o grau de provocação, há algum tempo. Peter se dedicava profundamente ao seu trabalho e, por isso, muitas vezes não notava o que acontecia com seus filhos. Ele tinha passado sua vida inteira com dificuldade de determinar o seu valor. Não era bruxo o suficiente, tinha sido um marido ausente e nunca conheceu os seus pais. O seu emprego na BLP Investimentos era seu maior abrigo. Peter atuava como corretor da bolsa de valores para empresas de todos os portes. Ter conhecimento do mundo bruxo e trouxa lhe dava uma vantagem, pois conseguia trabalhar com os dois tipos de cliente e até, quando necessário, intermediar os dois universos. Ele sabia que o seu trabalho foi importante para a inclusão da família na cidade e, mesmo tendo nascido com dinheiro, compreendia que seu esforço compensava com as oportunidades que foram oferecidas aos filhos. Entendia que esse estilo de vida e seu apoio incondicional, e silencioso, era o máximo que poderia oferecer. Seus filhos eram crianças maravilhosas e sempre se saíram bem sem ele. Eles mesmos deixaram implícito que a maior interferência de Peter – deixar que eles descobrissem as memórias da infância no final da adolescência – foi a pior coisa que aconteceu com eles. Por isso, seria melhor para as crianças que não se intrometesse nos seus assuntos ou impusesse limites. Entretanto, ainda eram crianças, então, ele se preocupava. Não sabia em que encrenca Layla tinha se metido, mas ele queria ajudar ela a resolver aquela situação. Isso tranquilizaria Brendon e permitiria que ele se comportasse como um adolescente da sua idade. Peter tinha tomado uma decisão.

Então, Layla e Brendon desceram as escadas correndo.

Eu não acredito que o Julian falou isso para a Professora Truce. – Layla ria e falava em tom de voz alto - Ela deve ter ficado irada.

— Você precisava ver, parecia que ela ia estuporar ele na sala de aula mesmo. Foi tão engraçado.

Os dois se sentaram nas banquetas da ilha da cozinha, entretidos na própria conversa. Usaram magia para pegar os copos e o suco de abóbora.

— Queria que eu estivesse lá para ver. Inclusive, não quero nem pensar nas provas finais dela, ou pior, nos N.I.E.M.s. Eu não entendo metade do que ela fala.

— Te garanto que a matéria não é tão difícil. Posso te ajudar a estudar e você sempre teve facilidade com feitiços.

— Não prometo que vou parar de te encher, mas ia ser ótimo se você pudesse me ajudar até o final do semestre. Eu sei que o curso de relações públicas de Leeds não é tão difícil quanto o seu programa de Finanças e Negócios em Londres, ainda assim eu preciso de algumas notas decentes.

— Você sabe que a St. August não vai deixar que você se forme sem um dúzia de aprovações. Eles tem um nome para zelar. Também acho legal que você retomou o seu plano com relações públicas, achei que você tivesse desistido disso no ano passado.

Peter começou a distribuir as torradas, os ovos, os cogumelos e o bacon nos três pratos. Como se tivessem acabado de notar o pai, os rostos dos adolescentes se iluminaram. Pareciam felizes de mostrar que tinham feito as pazes.

— Eu achei que ia descobrir outra coisa que se encaixaria melhor comigo, só que não aconteceu. Nem todo mundo sabe o que eles nasceram para fazer, como você e o papai.

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Ao mencionar Peter, ela abriu um sorriso gigante e aceitou o prato cheio que o pai ofereceu, segurando sua mão por alguns instantes. Layla sempre foi a garotinha do papai ao ponto que Brendon quase não se importava mais. Peter venerava cada movimento da filha que, por sua vez, desejava intensamente ser a sua filha impecável, ainda que só na superfície. Ela não agia daquele jeito, com a intenção de agradar e olhar de filhotinho, desde o seu fatídico aniversário. O conjunto da cena – a amizade recuperada entre os irmãos, os planos sobre o futuro e aquele gesto de pura ternura - fez Peter dispersar todos os seus pensamentos anteriores. Os seus filhos não precisavam dele. Melhor assim.

Draco Malfoy se revirava na cama. Na noite anterior, Brendon não tinha feito nenhuma pergunta, contudo era gritante a súplica para que Draco confirmasse se ele tinha sido capaz de ajudar a sua irmã. Não foi por maldade que Draco continuou calado. Ele simplesmente não tinha entendido, até agora, o que aconteceu. Foi apenas quando Brendon já tinha o deixado na frente da casa dos gritos, e estava prestes a voltar para casa, que o sonserino conseguiu formular uma frase. Mesmo sabendo que as preocupações de Brendon eram outras, mais importantes e legítimas, o que saiu dos seus lábios finos foi uma grande perda de tempo.

— Você acha que Fred Wesley é uma fase?

Os olhos claros de Brendon se arregalaram, tinha sido pego de surpresa.

— Me desculpe, o quê? Não entendi.

— Você sabe... da maneira que algumas garotas que costumam gostar de caras cafajestes quando são novas.

— Eu não descreveria Fred como cafajeste. E você é mais novo que ela.

— Não foi isso que eu quis dizer. – Draco corrigiu, mentalmente, que tinha esperança de que a fase de Layla fosse ruivos que nunca seriam a altura dela – Esquece. Tchau! Fique esperto que, qualquer dia, eu vou cobrar um favor seu.

Brendon não se convenceu e lançou um olhar de dó, criado sob medida para os pretendentes da irmã, que só fez Draco se sentir ainda mais ridículo.

O sol já tinha nascido e ele não tinha dormido nada. Tinha cumprido o seu objetivo e sentia que Layla iria melhorar. Com base em tudo o que tinha descoberto, ela merecia ficar bem e estar em paz. Ela parecia tão perdida sobre a morte de sua mãe. Ao mesmo tempo, ele nunca deveria ter saído de Hogwarts. O preço por clarear a cabeça da garota tinha sido a sua própria confusão mental. Maldita Layla. Estava morrendo de sono e, toda vez que seus olhos se fechavam, ela insistia em aparecer. Reprisava as frases insolentes ditas com uma malícia quase doce.

Eu quase acreditaria em você, Malfoyzinho. As garotas preferem os traidores de sangue, Draco.

O seu dormitório parecia abafado demais. Seu coração batia rápido demais. Ele lutava com uma vontade irresistível de voltar para Berwick- Upon-Tweed, só para ter certeza de que ela estava bem. Estava perdido.

Layla foi se afastando lentamente do grupo de trouxas. Ela não queria mais sair com eles, no entanto, morava em uma cidade pequena demais para se criar inimizades. Os amigos de Adeline eram importantes e ela não queria se indispor com ninguém. Brendon honrou com a sua promessa e ela voltou a acompanhar as aulas de St. August. Nos poucos horários livres que tinha, Clementine também apoiava a amiga. Os padrões acadêmicos da escola eram rígidos exatamente para que os alunos regulares, como era o caso de Layla, ainda ficassem acima da média nacional, exigindo, no mínimo, excelência. A garota se esforçou para ficar mais saudável. Estava limpa e mantinha o álcool no mínimo. Tinha reduzido o cigarro, um hábito antigo, porém não conseguiu eliminar. O melhor de tudo era que não tinha visto mais a sua mãe, seja em sonho ou visão. Após um dia difícil que passou agarrada aos livros, Layla estava largada em sua cama, pintando suas unhas do pé enquanto um creme facial agia em seu rosto, quando ouviu uma batida na porta.

— Está aberta.

Com receio, Katie surgiu na porta.

— Oi, Layla. Seu pai pediu para eu dar uma olhada em você. Trouxe algumas coisas do mercado. – Diante do silêncio, Katie completou - Vou ficar lá embaixo.

Layla não tinha sido justa com a madrinha. O erro maior foi do seu pai e era desproporcional o tratamento que estava dando a ela. Durante a sua vida, Katie tinha oferecido amor e suporte aos Harrison, sem pedir nada em troca. Era a sua segunda mãe. Ela já tinha perdido uma, então por que estava tão empenhada em afastar a outra?

- Espere, Katie. – Chamou – Fique. Posso pintar as suas unhas e tenho várias fofocas para compartilhar.

Com tempo e esforço, as cicatrizes se fechavam.

Ronald Weasley revirava o baú no seu dormitório a procura de seu livro de Herbologia. Com a Armada, fazia algum tempo que não estudava a matéria. Precisava do material para fazer um trabalho que já estava atrasado, e Hermione não o deixara copiar. Assim que achou o livro surrado, notou um relevo na capa. Dentro, três cartas endereçadas a Fred Weasley em Hogwarts. Ron tinha ficado de entregar ao irmão mais velho já que a coruja simplesmente jogou as cartas na mesa da Grifinória após os gêmeos já terem sido expulsos. Amaldiçoou-se por ser tão esquecido e imediatamente endereçou as cartas para a recém inaugurada loja das Geminialidades Weasley. Com sorte, não seria nada tão importante.